Fundação Nova Era doou 175 Cabazes de Natal para famílias carenciadas à Misericórdia de Paris

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No sábado passado, já caía a noite quando seis carrinhas da empresa Pina Jean chegaram às instalações da Associação Franco-Portuguesa de Puteaux para descarregar 175 Cabazes de Natal para famílias carenciadas. Foi o resultado de uma recolha da Fundação Nova Era, presidida por João Pina, para serem distribuídos pela Santa Casa da Misericórdia de Paris.

“Inicialmente propus a oferta de 35 Cabazes de Natal à Senhora Provedora da Santa Casa da Misericórdia de Paris. Era um gesto simbólico” explica João Pina ao LusoJornal. “Entretanto a solidariedade foi imensa, vinda até de outras partes do mundo, da Bélgica e Luxemburgo aos Estados Unidos, da Suíça à Alemanha e à Espanha e mesmo de Portugal. Ficámos agradavelmente surpreendidos”.

Como a Provedora disse que tinham 175 famílias carenciadas identificadas, João Pina deitou mãos à obra e entregou 175 Cabazes.

São Cabazes com 17 produtos portugueses, do bacalhau ao Bolo Rei, passando pelo azeite, vinho, compotas, conservas, enlatados, salsichas, arroz, feijão, massa, farinha…

No total, a Fundação Nova Era entrou nesta quadra 800 Cabazes de Natal este ano: no distrito da Guarda – onde habitualmente João Pina organiza um jantar de Natal para famílias carenciadas e crianças institucionalizadas, mas que este ano não teve lugar – no concelho de Mangualde e em Santo Tirso, em apoio à associação Asas.

“A Comunidade portuguesa em França também necessita” diz João Pina que este ano recebeu pedidos de Lyon e de Bordeaux e “em 24 horas tínhamos lá apoios” diz ao LusoJornal.

“Nesta época de Natal não havia de haver pessoas que tivessem fome, não havia de haver crianças que tivessem vontade de comer um Bolo Rei, com todas as outras crianças, uma compota, um sumo,… neste mês eu queria mostrar que é possível viverem um tempo diferente” explica João Pina, empresário, natural da Guarda e há muitos anos radicado na região parisiense.

João Pina veio com uma parte dos seus colaboradores e descarregou, também ele, as carrinhas. Estava com os “padrinhos” da Fundação, os cantores Sandra Helena e Hugo Manuel. E agradeceu o apoio da Delta Cafés, da Seguradora Império, da Pastelaria Belém, do Pannier du Portugal, porque “foram todos incansáveis”, mas também muitas outras empresas e muitos outros particulares. “Para mim, é tão grande aquele que deu um saco de arroz, como aquele que deu uma palete, sabendo que quem deu um saco de arroz é porque não podia dar mais, mas também quis ajudar e dizer que é solidário”.

 

Uma ajuda importante para a Misericórdia

Ilda Nunes, a Provedora da Santa Casa da Misericórdia de Paris confirmou ao LusoJornal que os Cabazes de Natal vão ser doados a 175 famílias que já estão identificadas pela instituição e que são ajudadas regularmente. “Agora, na época do Natal, vão dar um bocadinho mais de reconforto e alegria a essas famílias” disse ao LusoJornal. “Na época de Natal, que as pessoas tenham fé ou não, que sejam religiosas ou não, é uma época muito especial, é sempre um momento em que há uma prenda e tenta-se fazer uma refeição um pouco melhor. É por isso que nós precisamos de apoio para doar o máximo possível de alimentos. Nós não temos instalações para acolher brinquedos, mesmo assim recolhemos alguns para dar a famílias que tenham crianças. Fazemos o melhor que podemos” diz Ilda Nunes.

A Misericórdia de Paris contactou as famílias para as convidar a irem a Puteaux buscar o Cabaz de Natal. “Porque nós somos poucos voluntários e temos necessidade de ajuda. Aliás deixo aqui o apelo porque necessitamos de mais voluntários” diz Ilda Nunes. “As pessoas que não podem vir, somos nós que vamos levar o Cabaz a casa”.

A Misericórdia de Paris integra a rede das Santas Casas da Misericórdia em Portugal, mas em França é uma associação sem fins lucrativos, regida pela Lei de 1901, que ajuda as pessoas carenciadas em França. “Não só Portugueses, porque a miséria não tem nem nacionalidade, nem cor, nem religião, mas a grande maioria são Portugueses”.

Todos os anos, no fim de novembro e princípios de dezembro, a Misericórdia faz uma recolha de alimentos que depois são distribuídos pelas famílias carenciadas que fazem apelo à Misericórdia.

“No ano passado, na altura da campanha do Natal de 2019, recolhemos mais de 4 toneladas de alimentos, mas só duraram praticamente até ao mês de abril. Quando começou o primeiro confinamento, em março, a procura diminuiu um pouco porque as pessoas não podiam deslocar-se, mas quando acabou o confinamento, as pessoas deslocaram-se e levaram quase tudo o que nós tínhamos do resto da campanha de 2019” comentou Abílio Lopes, um dos dirigentes da associação.

“Ainda bem que o Coletivo Todos Juntos fez uma campanha no mês de junho e recolheu cerca de 15 toneladas de produtos alimentares, que foram distribuídos praticamente até ao final de outubro”.

“Este ano há muito mais pessoas que enfrentam grandes dificuldades” confirma Ilda Nunes. “No mês do outubro nós já não tínhamos alimentos e tivemos de começar a comprar”.

Mas a Provedora acrescenta também que “este ano, as pessoas estão a dar”. “Eu estou satisfeita, enquanto Provedora, porque as pessoas estão a mobilizar-se bastante. A situação sanitária sensibiliza qualquer pessoa em relação às carências dos outros”.

 

Ajuda também aos Portugueses detidos

Nesta época de Natal, a Santa Casa da Misericórdia de Paris tem uma outra ação em curso, em direção dos detidos de origem portuguesa nas cadeias francesas. “Os cinco Consulados de Portugal fazem uma pesquisa junto das instituições penitenciárias para saberem quantos Portugueses estão detidos. Os que aceitam identificar-se recebem um vale de 50 euros que a Santa Casa oferece e que servem para comprar produtos de higiene, selos, cartas”.

Ilda Santos diz que durante o ano, a instituição acompanha vários detidos “que pedem calçado, compras, que nos mandam cartas, alguns sentem-se isolados. Alguns não querem que as famílias saibam que estão detidos, outros pedem-nos para que contactamos a família”.

O stock de alimentos da Santa Casa da Misericórdia de Paris está na sede da Associação Franco-Portuguesa de Puteaux. Durante todo o ano, a Instituição é chamada para apoiar famílias carenciadas. “Não apenas na época de Natal” afirma Abílio Lopes. “São pessoas que chegaram cá há pouco tempo, e que por momentos ainda não encontraram uma situação estável, mas também há pessoas que por razões diversas a sorte não lhes bateu à porta, ou porque não tiveram saúde, ou porque, por vezes o trabalho não lhe sorriu como esperavam,…”

“Há famílias monoparentais, sobretudo mulheres que sofrem violência doméstica ou que por múltiplas razões se encontram sós com os filhos e pedem ajuda” confirma a Provedora Ilda Nunes. “Há famílias onde quem trabalhava era o pai e ficou sem emprego, ou porque tinha um trabalho precário, a termo, ou porque trabalhava na restauração e os cafés e restaurantes estão fechados… há múltiplas razões”.

A verdade é que neste Natal, apesar das dificuldades, a mobilização foi crescente, mas os dirigentes daquela instituição de solidariedade já disseram que os alimentos recuperados não vão durar todo o ano.

 

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