LusoJornal / António Borga

Grande concerto gratuito celebrou 20 anos do Tratado de Amizade entre Paris e Lisboa

Os 20 anos do Pacto de Amizade e Cooperação entre Lisboa e Paris foram celebrados no passado dia 18 de julho através de um grande concerto gratuito no átrio da Mairie de Paris. O concerto estava inserido na programação da 28ª edição do Festival Paris l’Été que começou dia 16 de julho e decorre ainda até dia 4 de agosto.

Passaram pelo palco as cantoras portuguesas Mariza e Sara Tavares e ainda a rapper Capicua. A parte francesa deveria ser representada pelo grupo Combo Paris e a cantora Hoshi, mas, esta última, por razões de saúde não pode estar presente.

Em entrevista ao LusoJornal, Sara Tavares defendeu haver um paralelismo muito grande entre Paris e Lisboa pois “têm ambas uma história importante com África e têm uma diversidade populacional incrível, têm muita gente do mundo todo a fazer cultura” e ainda que “Lisboa teve muito a aprender com o exemplo de Paris e já aprendeu bastante e já é muito efetivo o orgulho de Lisboa na sua cultura que mudou nestes últimos anos, já não é só lusa mas também com um lado muito multicultural e plural”.

A cantora salientou ainda o espírito empreendedor dos Franceses que compreenderam que a cultura também é dinheiro e cria valor.

Capicua, para quem é a primeira vez que se apresenta a solo em França, depois de uma colaboração num concerto de Sérgio Godinho em Paris, disse ao LusoJornal estar muito satisfeita por cantar para a cidade que tem mais Portugueses que o próprio Porto de onde ela é originária.

Sendo uma rapper, a palavra é muito importante, e ser compreendida é essencial: “eu trabalho com a palavra, transmitir uma mensagem é a minha missão, por isso é importante ter um público que me entenda”.

Em relação às similitudes entre Paris e Lisboa, a artista destaca o mesmo estilo de vida, uma identidade cultural partilhada, “são cidades lindíssimas, ambas com uma história forte e ao mesmo tempo são cidades do futuro, do século XXI”.

Capicua já veio várias vezes a Paris, por lazer, e diz que “basta andar na rua e já se fica inspirada”.

No átrio pudemos aperceber a presença dos Presidentes de Câmara das duas cidades, Anne Hidalgo e Fernando Medina e ainda do Embaixador de Portugal em França Jorge Torres Pereira e do vereador da Mairie de Paris Hermano Sanches Ruivo.

Em declarações à imprensa, Fernando Medina salientou o elo de amizade entre as duas capitais e a relação especial de amizade de Anne Hidalgo com Lisboa que é “uma grande amiga de Portugal, de Lisboa e dos Portugueses, designadamente da Comunidade portuguesa em França, que muito tem contribuído para o desenvolvimento deste país e de Paris”.

Fernando Medina referiu ainda que a capital portuguesa está a ter uma Comunidade francesa cada vez maior e que tem um papel importante no desenvolvimento da cidade pois “é uma Comunidade muito ativa, que gosta muito de Lisboa e tem uma grande importância para a vida na nossa capital”.

Hermano Sanches Ruivo, em declarações ao LusoJornal, explicou que este tipo de iniciativas não acontece por acaso, que é todo um trabalho intenso e persistente de anos para chegar a este resultado, “existe concorrência entre as várias Comunidades estrangeiras em Paris, vários Tratados de Amizade foram assinados e Lisboa encontra-se no topo do que foi realizado como eventos de celebração, e isso é muito positivo”.

Segundo o Vereador de Paris, responsável pela pasta dos assuntos europeus e dos antigos combatentes, seria importante para os eleitos portugueses e lusodescendentes, que ainda não o fazem, de utilizar o exemplo do sucesso destas comemorações da amizade entre Paris e Lisboa e de também programar nas cidades respetivas eventos onde possam introduzir a Portugalidade e a Lusofonia, pois “tendo em conta que entramos em fase pré-eleitoral para as eleições municipais essa tarefa pode ser facilitada”.

Hermano Sanches Ruivo realçou ainda que o trabalho de aproximação entre as duas capitais passa não somente por eventos festivos, mas também por várias outras iniciativas menos visíveis em relação à língua ou por exemplo a organização de visitas a Lisboa de pessoas de bairros desfavorecidos de Paris.

Para o sucesso desta amizade, Hermano Sanches Ruivo realça a amizade pessoal existente entre Hidalgo e Medina, que também já era patente com António Costa e que facilita todo este processo.

Para além dos concertos, vários filmes foram também projetados num grande ecrã e vários foodtrucks com especialidades portuguesas e francesas permitiram ao público de provar um pouco da gastronomia de ambos os países.