Há três estreias portuguesas na Quinzena de Cineastas em Cannes


Três filmes portugueses vão ser exibidos em maio na Quinzena de Cineastas, um programa paralelo ao Festival de Cinema de Cannes: “O jardim em movimento” de Inês Lima, “A Savana e a Montanha” de Paulo Carneiro e “Quando a terra foge” de Frederico Lobo.

Duas obras retratam o território transmontano: a longa-metragem “A Savana e a Montanha” de Paulo Carneiro e a curta-metragem “Quando a terra foge” de Frederico Lobo.

“A Savana e a Montanha” foi rodado em Covas do Barroso, no município de Boticas, e acompanha a luta dos habitantes contra a possibilidade de exploração das minas de lítio.

O projeto, atribuído à empresa britânica Savannah Resources, é para uma região reconhecida pela Organização das Nações Unidas “como o único Sistema do Património Agrícola de Importância Mundial em Portugal (e um dos poucos na Europa)” e a população local não está disposta a ser compensada financeiramente pelos impactos negativos da exploração de lítio, refere a agência Portugal Film, que vai distribuir o filme internacionalmente.

Em entrevista à Lusa em janeiro passado, Paulo Carneiro descreveu este filme, que tem coprodução com o Uruguai, como um “western social”, rodado na mesma região onde já tinha feito antes o filme de pendor biográfico “Bostofrio, où le ciel rejoint la terre” (2018).

“Quando a terra foge”, de Frederico Lobo, foi filmado integralmente na raia transmontana e tem coprodução entre a Terratreme Filmes e a Rua Escura.

“Entre o nevoeiro, num pleno labirinto do tempo, onde máquinas sondam as profundezas geológicas da montanha, um pastor vai em busca de uma vaca tresmalhada e a infância encontra o seu regresso. A serra transforma-se, o ciclo continua”, refere a sinopse.

Com a Terratreme, Frederico Lobo coassinou os filmes “Bab Sebta” (2008), com Pedro Pinho, e “Revolução Industrial” (2014), com Tiago Hespanha.

“O jardim em movimento” é uma curta-metragem da realizadora e artista visual Inês Lima.

A realizadora fez este filme com duas guias botânicas que conduzem um grupo de caminhantes pelo Parque Natural da Arrábida, na península de Setúbal. “Neste passeio entre várias espécies da fauna e flora, entendemos que este lugar particular está a sofrer uma mutação, não por causas naturais, mas pela mão humana”, lê-se na sinopse divulgada pela Agência da Curta-Metragem.

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Outros filmes programados

Numa coprodução com Portugal apresentar-se-á também o filme “Algo viejo, algo nuevo, algo prestado”, do realizador argentino Hermán Rosselli. O filme conta com a participação da Oublaum Filmes, de Ico Costa, presente pela primeira vez no Festival de Cannes.

Na seleção anunciada está também a produção brasileira “A queda do céu”, de Eryk Rocha e Gabriela Carneiro da Cunha, sobre povos indígenas e a relação com a natureza, inspirada num livro de Davi Kopenawa Yanomami, xamã, e do antropólogo Bruce Albert.

A Quinzena de Cineastas decorrerá de 15 a 25 de maio, atribuindo, na abertura, um prémio de carreira à realizadora britânica Andrea Arnold.

No Festival de Cinema de Cannes, que decorrerá naquela mesma semana de maio – entre os dias 14 e 25 – está o filme “Grand Tour”, de Miguel Gomes, numa estreia deste realizador na competição oficial. Na mesma competição está igualmente “Motel Destino”, do realizador brasileiro Karim Ainouz.