Homenagem ao poeta José Terra na Maison du Portugal da Cité Universitaire de Paris

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Uma homenagem será prestada ao poeta português José Terra, nome destacado dos Estudos Lusófonos em França, durante a inauguração do “Fundo José Terra”. O poeta deixou as suas obras na Maison du Portugal – André de Gouveia da Cité Universitaire de Paris. Durante a cerimónia, serão lidos poemas de José Terra pelos alunos da Secção portuguesa do Liceu internacional de Saint Germain-en-Laye, sob a direção da professora Sandrina Ribeiro. O evento terá lugar no dia 23 de junho, às 18h00 (entrada pelo 7 P boulevard Jourdan, Paris 14).

José Terra é o pseudónimo literário de José Fernandes Silva. Nasceu em Prozelo, no concelho de Arcos de Valdevez, em 1928. Poeta, foi ao longo da vida professor universitário na Universidade Sorbonne – Paris III, filólogo, historiador, ensaísta, crítico e tradutor. Foi o cofundador e codiretor das revistas Árvore (1951-53) e Cassiopeia (1955), que tiveram um papel fundamental na renovação da poesia portuguesa dos anos 50. José Terra faleceu em Paris em janeiro de 2014, aos 85 anos.

Jorge de Sena, poeta e escritor português, descreveu a poesia de José Terra assim: “Poesia de ardente jovialidade, metaforicamente pensativa, mas muito direta na comovida dicção de um sentimento generoso”. A sua obra «Espelho do Invisível», editada em 1959, foi considerada por Ramos Rosa – outra figura importante da poesia portuguesa contemporânea – como “um dos mais notáveis livros de poesia portuguesa”. Ele colocou os 39 sonetos que constituem a obra entre os mais belos da língua portuguesa de qualquer época.

José Terra nunca deixou de ensinar, difundir e promover a língua, a literatura e a cultura portuguesas, particularmente em França. Em reconhecimento disso, José Terra recebeu o prémio da “Divulgação da Língua Portuguesa” do “Talentos 2006” que teve lugar em Lisboa em 2007.

O Fundo José Terra é composto por cerca de 3.000 obras. A inauguração foi organizada em parceria com a Cátedra Lindley Cintra da Université Paris Nanterre e o Departamento de Língua e Cultura Portuguesas da Université Paris 8 de Camões – Instituto da Cooperação e da Língua.

Este evento será marcado por várias homenagens que mostraram várias das suas facetas (poeta, professor, investigador, opositor da ditadura…) e vai ser enriquecido com a presença de personalidades como Monique da Silva da Université Paris 8, José Manuel da Costa Esteves, da Cátedra Lindley Cintra, Université Paris Nanterre, Dominique Stonesco, professor de português e tradutor, Maria Helena Araújo Carreira, professora emérita de português na Université Paris 8, José Carlos Janela Antunes, historiador e Diretor da Secção de português do Liceu internacional Saint Germain-en-Laye e João Heitor, livreiro e editor.

Homenagem realizada em parceria com a Cátedra Lindley Cintra da Universidade de Paris Nanterre e com o Departamento de Língua e Cultura Portuguesas da Universidade de Paris 8 de Camões – Instituto da Cooperação e da Língua.

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Cinjo a palavra ao objecto. Risco

o círculo onde se move e insuflo-lhe

o conteúdo, a alma, o sopro ínfrene

e adstringente, e lanço-a ao meio dos humanos.

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Como ao diamante assim procuro a essência

e firo as mãos contra as arestas vivas.

Raivoso busco esta só linguagem

juguladora dos deuses e seus gestos

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diáfanos na altura.(Oh profissão

difícil, máquina cujo combustível

é nosso sangue, nossa razão e vida.)

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A um raro verso o obscuro cinde-se

e no comércio entre mim e o obscuro

a moeda é o fogo em que me salvo.

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“Espelho do Invisível”, José Terra

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