“Le béton armé dans l’architecture portugaise” de Mariangela Licordari publicado pela L’Harmattan

[pro_ad_display_adzone id=”37509″]

“Le béton armé dans l’architecture portugaise: des bâtiments industriels à l’architecture civile (1925-1965)”, obra da autoria da arquiteta italiana Mariangela Licordari, também professora de História de Arte na Universidade da Sorbonne, é de enorme importância pois este aspeto tem sido pouco estudado no caso da arquitetura portuguesa do século XX, que foi marcada por uma relação complicada, caracterizada no seu início por um conflito ideológico entre tradição e modernidade. E em Portugal, esta “nova era” da arquitetura dependeu do betão armado.

A história do betão armado em Portugal começa em 1897 e foi causada por um desastre: o incêndio na Fábrica de Moagem do Caramujo, na margem sul do Tejo, em Almada. A sua reconstrução foi realizada com recurso ao betão armado. E foi graças ao francês François Hennebique que esta técnica viu a luz do dia, pois esse engenheiro nascido no norte de França registou, em 1892, uma patente intitulada “Combinaison particulière du métal et du ciment en vue de la création de poutraisons très légères et de haute résistance”. E assim nasceu o betão armado, técnica revolucionária que permitiu o nascimento da arquitetura dos nossos dias com os seus arranha-céus capazes de desafiar as leis da física.

Todavia o betão armado chegaria em força a Portugal apenas nos anos 1920, substituindo definitivamente a técnica da “gaiola pombalina” que servira de base à reconstrução de Lisboa após o terramoto de 1755. Um betão armado inicialmente pouco assumido e disfarçado de alvenaria, mas que a partir da instauração do Estado Novo ganhou um enorme pujança servindo de base à arquitetura portuguesa da época e que é profundamente estudada nesta obra de Mariangela Licordari.

É verdade que a chegada do betão armado à cena arquitetónica mundial provocou uma verdadeira revolução na conceção dos espaços arquitetónicos. A modernidade deste material está na base da continuidade de uma imagem que atravessa todo um século, desde as primeiras experiências no domínio infraestrutural e industrial, passando pelas experiências dos pioneiros do Movimento Moderno, até às grandes obras brutalistas do pós-guerra. A maior parte das realizações arquitetónicas significativas do século XX foram marcadas pela centralidade expressiva e técnica do betão armado.

Durante as décadas tratadas nesta obra, verificamos que o peso da ideologia fascista portuguesa, mais conservadora do que a italiana ou a alemã, influenciou o Modernismo português e vitimou também a arquitetura e o enorme potencial criativo do betão armado. Este conflito ideológico, que teve a arte como campo de batalha, afastou a arquitetura portuguesa, mais tradicionalista, da arquitetura moderna internacional, mantendo muitos arquitetos portugueses prisoneiros de um estilo nacionalista e historicista. Esta pressão ideológica, porém, não impediu o surgimento de edifícios, nomeadamente industriais, de forte pendor modernista e conceção geométrica.

Uma obra, publicada pela L’Harmattan, e que prova a forte ligação entre a ideologia fascista portuguesa e a arquitetura desenvolvida ao longo dessas décadas de chumbo.

[pro_ad_display_adzone id=”46664″]