Luiz Lopes de Almeida, o primeiro soldado do CEP a ser sepultado em Richebourg


O primeiro soldado do Corpo Expedicionário Português (CEP) a ser sepultado no Cemitério Militar Português de Richebourg, foi Luíz Lopes de Almeida, soldado que fazia parte da 1ª Brigada de Infantaria, Regimento 34, com o número 10.478.

Luiz Lopes de Almeida nasceu a 17 de junho de 1893 no lugar denominado Villa, Silva de Cima, Sátão, distrito de Viseu. Filho de José Lopes de Almeida, alfaiate e de Maria José, foi batizado a 23 do mesmo mês.

Luiz Lopes de Almeida foi um dos primeiros soldados a embarcar de Lisboa com destino a Brest. O barco que o transportou partiu do porto de Lisboa a 19 de janeiro de 1917.

Ferido em combate a 12 de junho de 1917, foi evacuado para hospital.

Os arquivos do CEP relatam que na noite de 12 para 13 de junho (Noite de Santo António) o Batalhão 7, de Leiria, foi bombardeado seguido de um raid inimigo. Sofreu intenso bombardeamento alemão entre as 20h45 e a meia-noite, que atingiu o setor português de Neuve-Chapelle, onde se concentrava o BI 7, também foi bombardeado parte do setor Ferme du Bois.

Após terminar o bombardeamento, teve início um ataque inimigo sobre o setor direito de Neuve Chapelle, que foi repelido. Ao comando da força portuguesa estava o Capitão Jaime Tomaz da Fonseca que foi louvado pela Ordem de Serviço pelas medidas acertadas que tomou para repelir o ataque inimigo.

Luiz Lopes de Almeida acabaria por falecer a 13 de junho de 1917, na sequência dos ferimentos da véspera.

Através do processo 1.000, elaborado pela Comissão Portuguesa de Sepulturas de Guerra (CPSG), intitulado de “termo de exumação e reinumação” podemos ler que, no 18 de outubro de 1922 em presença de João de Moraes, 2° Sargento da 4° Companhia do Regimento de Infanteria n°1 e de João Gaspar (futuro primeiro guarda do cemitério Militar Português de Richebourg a partir de 1927 – ler AQUI), soldado n°428 do Regimento de Infanteria n°22, que serve de testemunha foi exumado do Cemitério de Merville, Talhão 1, Fila B, Cova 88, o cadáver de Luiz Lopes de Almeida.

Está indicado no documento que o cadáver deste militar depois de transportado, reinumado no Cemitério Militar Português de Richebourg, Talhão 1, Fila 1, Cova 1.

O documento tem as assinaturas do Presidente da Comissão Portuguesa de Sepulturas de Guerra e das duas testemunhas.

Luiz Lopes de Almeida fica na história, como tendo sido o primeiro soldado a ser sepultado no Cemitério de Richebourg.

Adaptações foram necessárias com a chegada dos 1.831 soldados que ali estão sepultados, de tal forma que os restos mortais de Luiz Lopes Almeida, não tendo mudado de local, aparecem, no relatório final do Cemitério, no talhão A, Fila 8, Cova 15.

Pequeno exercício intelectual: Na relação de militares dos Portugueses sepultados nos Cemitérios de Richebourg-l’Avoué, Boulogne-sur-Mer et Antuérpia, aparece como soldado no talhão A, Fila 1, Cova 1, Carlos Pais Camaruço, que foi trasladado do Cemitério de Laventie, em data compreendida entre o 17 de novembro e 8 de janeiro de 1923.

Durante numerosos anos, uma árvore no talhão A foi crescendo envolvendo uma das campas e colocando-a de lado. Tratava-se da campa de Joaquim José Baptista, Talhão A, Fila 6, Cova 26. Por decisão superior, a dita pedra foi destruída e uma nova foi colocada em meados de 2022 na parte esquerda do cemitério quando se entra, passando a ocupar o Talhão A, Fila 1, Cova (teórica) 1, desconhecemos exatamente onde estão os restos mortais do dito soldado, provavelmente ainda junto à árvore: restos mortais, num lado, pedra da campa, noutro!

Este último dado torna caducos todos os livros que falam da localização no Cemitério, das campas. Notemos que o que aconteceu com a pedra da campa de Joaquim José Baptista, aconteceu também no Talhão B. Uma árvore envolveu a campa de Alfredo Brigas. Nova pedra foi colocada na primeira fila do lado direito quando se entra no cemitério. Alfredo Brigas mudou-se, por conseguinte do Talhão B, Fila 6, Cova 26, para Talhão B, Fila 1, Cova (teórica) 1.