Lusodescendente preside clube que derrotou o Marseille na Taça de França

O clube do Andrézieux, quarto escalão francês, eliminou por 2-0 o Marseille do internacional português Rolando, da primeira divisão, nos 32 avos de final da Taça de França de futebol.

Nos 16 avos de final, o Andrézieux-Bouthéon vai defrontar o Lyon Duchère, do terceiro escalão, num jogo que será um dérbi, a 22 de janeiro, pelas 18h30.

Christophe Pereira é o Presidente do clube, que conta ainda com os lusodescendentes Charly Pereira Lage e Mathieu Gonçalves Dias no plantel.

O Presidente lusodescendente do Andrézieux-Bouthéon falou com o LusoJornal do apuramento histórico, e sobretudo das suas origens.

 

Há quanto tempo é Presidente do clube?

Há quatro anos que sou Presidente do clube. A minha ligação com a cidade é que tenho a minha empresa em Andrézieux, e sempre estive ligado ao futebol. Estava no Conselho de administração e agora sou Presidente.

 

De onde lhe vem essa paixão pelo futebol?

Desde pequeno sou um apaixonado pelo futebol, até pratiquei. Desde que comecei a andar que gosto do futebol. Ainda por cima nasci em Saint Étienne, que é uma terra de futebol. Depois, o destino quis que fosse para Andrézieux com as minhas empresas e apaixonei-me pelo clube. Há um grande projeto com este clube, temos agora um estádio com 5 mil lugares. Faço parte desta aventura e estou muito feliz.

 

Foi jogador de futebol?

Pratiquei futebol a um nível correto. Não fui profissional, eu apenas fiz dois anos de formação no Saint Étienne. Depois continuei os meus estudos. O futebol é uma paixão apenas.

 

Em que ramo trabalha?

Sou proprietário de duas empresas que fabricam cozinhas, nada a ver com futebol. Posso dizer que me lancei nos negócios há cerca de 15 anos.

 

Como é ser dirigente desportivo e empresário?

Hoje em dia um clube, é uma empresa. Eu estou a gerir o clube como uma empresa. Há orçamentos a fazer no início da temporada, há que cumprir, e o Andrézieux tem um orçamento de 1 milhão e 350 mil euros. Um clube que já não é totalmente amador. É um orçamento consequente porque queremos subir de divisão, queremos chegar ao ‘National’, terceiro escalão francês, e temos de nos preparar com antecedência.

 

Quais são os objetivos do clube?

O objetivo é subir à terceira divisão, o ano passado falhamos por pouco, e este ano queremos cumprir o objetivo. A curto prazo é o Campeonato ‘National’, e a médio prazo, porque não a segunda divisão. É muito difícil subir da quarta para a terceira porque há apenas um clube que sobe.

 

A equipa acreditava que podia eliminar o Marseille nos 32 avos da Taça?

Acho que apenas nós é que acreditávamos que podíamos vencer. Fizemos tudo para estarmos nas melhores condições para realizar esta proeza. Preparamos o jogo como se fosse um jogo para o Campeonato e não como se jogássemos um encontro de Taça de França frente ao Marseille. A única coisa que mudou é que, como temos uma equipa com uma média de idade de 23 anos, tentamos pôr na cabeça dos jogadores que era, apenas, mais um jogo a disputar. Tudo correu bem, os jogadores seguiram as indicações do Treinador e realizámos essa proeza.

 

Qual é que foi o sentimento do Presidente depois do triunfo?

Estava com um misto de sentimentos. Havia muita emoção, até chorei, muita felicidade, quando se vê a proeza e o sonho realizado por estes jovens jogadores, e também felicidade por ver os nossos parceiros bem como os antigos jogadores e os adeptos emocionados com este triunfo. Escrevemos a página mais bonita do nosso clube, sobretudo quando se vê a qualidade e o nome do nosso adversário.

 

Agora segue-se o Lyon Duchère?

Alguns no clube queriam defrontar o PSG, outros o Lyon, outros o Saint Étienne, agora vamos é defrontar o Lyon Duchère, um clube vizinho, vai ser um dérbi. Andrézieux é perto de Saint Étienne, Lyon Duchère é perto de Lyon, vai ser um jogo interessante. E vamos tentar vingar-nos da derrota sofrida há dois anos na Taça de França. Vamos tentar vencer em casa. Não vamos jogar no Estádio do Saint Étienne, vamos encher o nosso estádio, vamos ter o estádio completamente vermelho.

 

O que nos pode dizer sobre as suas origens?

Nasci em Saint Étienne, o meu pai é português, e a minha mãe é francesa. Durante a minha infância e a minha juventude, ia muitas vezes a Portugal. O meu pai é do Porto, mais uma cidade de futebol. Passava as minhas férias em Portugal, mas quando os meus avós faleceram, acabei por ir menos vezes. Mas por exemplo no ano passado fui passar um fim de semana à cidade do Porto, para voltar às origens. É um país magnífico e adoro estar lá.

 

Em Portugal, tem um clube no seu coração?

A minha família era mais Portista, mas eu não tenho preferência. Eu gosto de todos os clubes portugueses e apoio os clubes portugueses nas competições europeias, só não apoio quando jogam frente ao meu clube de coração, o Saint Étienne. Sigo atentamente o Campeonato português, e as proezas que conseguem sempre nas competições europeias.

 

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