Dança: Maxime Gonçalves é professor de street-jazz

Maxime Gonçalves é professor de dança na Art is Live Studio, em Choisy-le-roi, e ensina street jazz, uma dança que trouxe dos Estados Unidos.

Nasceu em França, filho de um casal de Portugueses. A mãe é de Lisboa e o pai é de Arcos de Valdevez. “Os meus pais emigraram para França e eu já nasci aqui. Mas guardo uma ligação muito grande com Portugal. Até porque tenho toda a minha família em Portugal e se os quero ver, tenho de lá ir” diz o jovem lusodescendente ao LusoJornal. “Mesmo se os meus avôs vêm a França de vez em quando, eu vou a Portugal todos os anos, pelo menos duas semanas por ano, no verão, e por vezes vou mais vezes. Até porque quero manter a língua portuguesa e se quero manter a língua é melhor ir a Portugal porque aqui estamos sempre a falar francês”.

Maxime Gonçalves fala um português corrente e garante que “fala-se português lá em casa”.

Depois de terminar o ensino secundário, Maxime Gonçalves inscreveu-se num curso superior de biologia. “Eu sempre gostei de dançar, desde pequenino, e os professores sugeriam-me de me inscrever numa escola de dança, mas eu sabia que é uma profissão instável, com futuro incerto e é complicado encontrar trabalho” explica ao LusoJornal. “Por isso, entrar numa Faculdade de Biologia era optar pela via mais segura”.

No entanto, ficou pouco tempo nos bancos da universidade. “Fiquei lá quatro meses e depois disse aos meus pais que queria mesmo fazer dança. Acabou a escola. Os meus pais aceitaram, parei a faculdade e fui inscrever-me numa escola de dança. Passei os castings e aceitaram-me” conta Maxime Gonçalves. “Se não funcionasse, teria voltado aos estudos, sem problema”.

Durante os dois anos em que frequentou a escola de música, viajou bastante e esteve algum tempo nos Estados Unidos. Quando regressou, não optou pelos palcos, nem pelas comédias musicais. “Apercebi-me que o que eu gosto mesmo de fazer é dar aulas, transmitir o que sei, interagir com os alunos”.

A Art is Live Studio, em Choisy-le-roi, é uma escola de dança, nas instalações de uma antiga estação de caminhos de ferro, onde se aprende vários estilos musicais, desde a dança contemporânea ao hip-hop, passando pelas danças latinas. “Aqui ensina-se de tudo, é uma variedade mesmo grande. Temos muitos alunos que gostam de ir de uma aula para outra e não querem ficar apenas num estilo. Eu acho que é assim que se aprende” conta Maxime Gonçalves.

As ideias do jovem lusodescendente eram bem claras. “Quando regressei dos Estados Unidos queria dançar aqui o que aprendi lá. Aqui não tinha o sentimento de dançar. Quero mesmo dançar este estilo particular que trouxe dos Estados Unidos. E que quero partilhar com os alunos, porque nem todos os professores conhecem, apesar de muitos terem viajado”.

Maxime Gonçalves dá aulas em Choisy-le-roi três dias por semana, à terça, quarta e quinta-feira. Tem vários grupos, com idades diferentes e com níveis diferentes. “Com as crianças, fico 2 ou 3 semanas a trabalhar a mesma coreografia. Com os adultos até pode durar mais tempo. Não saímos de uma coreografia sem ela estar bem trabalhada”.

Interrogado pelo LusoJornal sobre a hipótese de criar um grupo de dança, Maxime Gonçalves afastou essa hipótese. “Por vezes, aqui, fazemos alguns projetos e gosto de fazer. Mas fazer isso a tempo completo, não. Gosto de dar aulas, sem pressão, e não quero por pressão nos alunos” explica.

Dançar em Portugal não está, por enquanto, nos objetivos de Maxime Gonçalves, “mas quem sabe?” diz a sorrir. Minha relação com a dança passa pela França. Em Portugal danço apenas nas festas de verão, mas é para brincadeira”.

Por enquanto não se preocupa com o futuro. “Por enquanto o meu percurso é este, sou jovem, gosto de dar aulas aqui e nos outros sítios, por enquanto estou feliz assim” conta ao LusoJornal. “Gostava que continuasse sempre assim, porque nunca se sabe quanto tempo dura” diz com lucidez.

No próximo ano letivo, já a partir de setembro, vai passar a dar mais aulas e espera viver definitivamente da dança. “Por enquanto ainda não tenho um horário completo, mas como ainda vivo em casa dos meus pais, chaga-me. Tenho mostrado o meu trabalho e os alunos estão a gostar. Por isso é uma experiência boa antes de passar para um tempo completo que espero obter a partir de setembro”.

 

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LusoJornal