LusoJornal / Mário Cantarinha

Media portugueses no estrangeiro reuniram em Paris e pedem apoio a Portugal

Vários media portugueses da emigração pediram, ontem, em Paris, ao Secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro, para ajudar a comunicação social da diáspora e denunciaram que têm existido “zero” apoios nos últimos anos.

No encontro de cerca de vinte jornalistas portugueses com José Luís Carneiro, no Consulado Geral de Portugal em Paris, o Secretário de Estado sugeriu algumas medidas para apoiar a comunicação social da diáspora e ouviu detalhadamente as queixas.

“Andámos a ver nos últimos anos que tipo de apoios é que Portugal deu a estes órgãos de comunicação social portugueses no estrangeiro e isto resume-se a zero, isto é, Portugal não apoiou nenhum órgão de comunicação social português no estrangeiro nos últimos anos”, explicou à Lusa Carlos Pereira, Presidente da Plataforma – Associação dos Órgãos de Comunicação Social Portugueses no Estrangeiro.

Em resposta, o Secretário de Estado das Comunidades convidou a associação Plataforma a candidatar-se aos apoios financeiros da Direção Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas “enquanto entidade associativa sem fins lucrativos”.

José Luís Carneiro comprometeu-se também a “procurar sensibilizar a tutela dos órgãos de comunicação social em Portugal” para verificar que eventuais “instrumentos de apoio que existam no país possam ser usados e disponibilizados aos órgãos da diáspora”.

Os media da diáspora queixam-se que não são reconhecidos na tutela da Comunicação Social e que não podem participar em candidaturas de apoio a órgãos de comunicação social. “Embora as nossas estruturas estejam no estrangeiro, nós estamos a alimentar uma relação com Portugal e pensamos que era importante reconhecer este trabalho. Nós hoje nem sequer podemos fazer candidaturas a programas de apoio à comunicação social”, insistiu o Presidente da Plataforma.

O Secretário de Estado das Comunidades sublinhou que “o Governo valoriza muito o trabalho destas entidades” que são essenciais para “conhecer a vida das Comunidades portugueses no estrangeiro” e “para dar a conhecer o trabalho que é desenvolvido em Portugal”.

José Luís Carneiro disse, ainda, que a Direção dos Assuntos Consulares vai apoiar o trabalho de mapeamento da comunicação social portuguesa da diáspora, algo que foi pedido pela Plataforma.

A associação já começou a fazer esse inventário para “facilitar estas pontes entre os órgãos de comunicação social” e para “ajudar os media portugueses a ter informação sobre os Portugueses da diáspora”, de acordo com o Presidente da Plataforma.

Quando o inventário estiver concluído, as instituições do Estado e do Governo vão ser informadas da existência dessa lista para poderem contactar os media da diáspora para publicidade institucional, comprometeu-se ainda o governante.

O Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas vai também “sensibilizar a RTP para a necessidade de avaliar as condições de pagamento aos colaboradores na produção de conteúdos da RTP no estrangeiro”, em termos de remuneração e pagamento de deslocações.

José Luís Carneiro convidou igualmente a associação a endereçar uma comunicação ao Ministério dos Negócios Estrangeiros para se disponibilizar junto do Instituto Camões para a promoção da língua portuguesa nas suas páginas ou programas.

Questionado pela Lusa se concorda com a queixa da Plataforma sobre “um apagão na comunicação social portuguesa” sobre os temas relacionados com os Portugueses do estrangeiro, José Luís Carneiro disse que “o termo é forte”.

“Vários órgãos de comunicação social têm vindo a estabelecer parcerias com os órgãos da diáspora. Essas parcerias são o resultado de um reconhecimento público de que aquilo que se passa nas Comunidades portuguesas é muito importante para a vida do país como um todo”, afirmou.

Pelo contrário, o Presidente da associação insistiu no “apagão” e reiterou à Lusa que “a imprensa portuguesa não fala dos Portugueses residentes no estrangeiro” e quer que a Plataforma de órgãos da diáspora possa “fazer esta ponte”.

No próximo ano, a Plataforma quer fazer encontros na América do Norte, na América do Sul e em África e deverá haver uma reunião em Lisboa, em 2020, para juntar os órgãos de comunicação social portugueses espalhados pelo mundo.

Alguns dos órgãos de comunicação que já fazem parte desta associação, oficializada em 2015, são o LusoJornal (França/Bélgica), a Tribuna de Macau (Macau), a Gazeta Lusófona (Suíça), Portugal Post (Alemanha), Rádio WJFD (Estados Unidos), Mundo Lusíada (Brasil), TV Portuguesa Montreal (Canadá), O Século (África do Sul), Bom dia (Luxemburgo), As Notícias (Reino Unido), Decisão (Luxemburgo), Luso Americano (Estados Unidos), entre outros.