LusoJornal / Luís Gonçalves

Miguel Almeida Mendes, Diretor comercial da fábrica de azulejos Viúva Lamego, em Roubaix

Durante a inauguração, dia 20 de outubro, no Museu La Piscine, em Roubaix, da exposição dedicada a Hervé Di Rosa, cujas obras expostas são essencialmente em azulejo produzido na fábrica Viúva Lamego, em Portugal, falámos com Miguel Almeida Mendes, Diretor comercial da fábrica.

 

Quais são as características da fábrica Viúva Lamego?

A nossa principal riqueza é a de estarmos a produzir azulejos com métodos tradicionais, sendo a nossa grande força a pintura manual. Temos atualmente 15 artistas que trabalham de acordo com os métodos tradicionais. Temos também artistas residentes, Hervé Di Rosa sendo um deles a quem alugamos um atelier e a quem ajudamos com as nossas técnicas.

 

Todos os trabalhos realizados na Viúva Lamego são para museus ou os particulares também podem fazer encomendas?

Os particulares também podem fazer encomendas, contudo trabalhamos essencialmente com artistas, para museus, arte pública, para estações de comboio, de metro, murais para embelezar os centros das cidades. Trabalhamos muito igualmente com arquitetos com os quais embelezamos muitas fachadas.

 

Há quanto tempo conhecem e trabalham com Hervé Di Rosa?

O Hervé Di Rosa é um artista extraordinário, que para além de ser alguém com enorme capacidade cultural e artística é uma pessoa com quem é fácil de trabalhar, tendo-se tornado amigo da casa desde 2014. O Hervé tem uma capacidade de trabalho espantosa, levando-o a aprender muito rapidamente a técnica do azulejo, fazendo as obras fabulosas que se podem ver aqui hoje.

 

Como se sente hoje aqui no meio desta exposição de obras feitas na vossa fábrica, obras que vão ficar aqui expostas durante 3 meses?

É um grande orgulho ser representante da fábrica Viúva Lamego, que trabalha desde 1849 com os artistas mais modernos de cada geração. A oportunidade de estar nesta linda cidade de Roubaix, neste bonito museu que é uma das coisas mais bem recuperadas que eu vi nestes últimos anos, é para mim um privilégio trazer aqui um pouco da azulejaria portuguesa e do nosso saber.

 

Este tipo de exposição tem alguma repercussão mediática em Portugal?

Nos meios de informação culturais em Portugal há muita informação do que os artistas fazem na nossa fábrica e isso tem bastante impacto. Também tem muito impacto o facto da fábrica Viúva Lamego exportar esta arte que faz parte da nossa cultura, da cultura Lusitana. Ainda há cerca de quinze dias inaugurámos em Lille-Fives um mural encomendado pela Maire Martine Aubry.

 

Os jovens que gostariam de trabalhar o azulejo podem formar-se na escola da vossa fábrica?

Neste momento estamos numa fase muito boa, temos bastantes encomendas. Para darmos resposta, recorremos a escolas de arte especializadas na cerâmica que nos dão excelentes alunos, que se tornam aprendizes e um dia quem sabe, grandes artistas. E da escola artística António Arroio, de onde vêm os melhores alunos.

 

A arte do azulejo que tem em Portugal alguns séculos, não vai com certeza desaparecer. Viúva Lamego, entre outras fábricas, estando para durar e perpetuar esta arte que é para Portugal um dos seus símbolos a nível mundial.

Tem toda a razão. Estamos bem e recomendamo-nos.

 

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