Miguel Magalhães apresentou um vasto programa comemorativo dos 60 anos da Gulbenkian em França

Para comemorar os 60 anos da presença da Fundação Calouste Gulbenkian em França, o Diretor interino da Delegação de Paris daquela instituição, apresentou esta semana um vasto programa de ações que se prolonga durante todo o ano de 2025.

A Fundação Calouste Gulbenkian foi criada em Lisboa em 1956 e em 1965 foi criada a Delegação de Paris, chamada inicialmente Centro Cultural Português, inaugurada na presença do então Ministro André Malraux. Foi há 60 anos!

Miguel Magalhães apresentou o programa das comemorações, durante uma conferência de imprensa que teve lugar no Théâtre de la Ville, na praça do Chatelet – cujo Diretor é, aliás, o lusodescendente Emmanuel Demarcy Mota – na presença de alguns dos parceiros da Fundação.

Na verdade, trata-se de uma série de parcerias que a Fundação Calouste Gulbenkian estabeleceu para divulgar e promover artistas portugueses em França.

Nos dias 7 e 8 de junho, em Deauville, no Parc des Enclos Calouste Gulbenkian, vai ter lugar uma “exposição live” de artes visuais, performance, dança… intitulada “Jardins de l’avenir”, com curadoria de Lou Forster, em colaboração com Teresa Castro para o programa de filmes e de Sylvain Martinel para os ateliers de jardinagem.

Este foi um jardim mandado construir por Calouste Gulbenkian nos anos 30, ao arquiteto paisagista Achille Duchêne. Entretanto, a Fundação doou o jardim à Mairie de Deauville.

Entre os dias 5 e 26 de julho, a Fundação é parceira do Festival d’Avignon – dirigido pelo português Tiago Rodrigues – nomeadamente para o espetáculo de abertura, na Cour d’honneur du Palais des Papes, da artista Marlène Monteiro Freitas, mas também vai acompanhar a edição com diferentes outros projetos.

A Fundação também é parceira do Théâtre de la Ville num projeto que celebra a “riqueza das artes contemporâneas e lusófonas”, tanto por ocasião do Festival des Places, na Place du Chatelêt, como da edição deste ano dos Chantiers d’Europe, mas também com um ciclo de encontros e com leituras e encontros, durante o mês de maio, sobre a nova tradução de “Nouvelles Lettres Portugaises” de Maria Teresa Horta, Maria Velho da Costa e Maria Isabel Barreno.

Esta nova edição, financiada pela Fundação e editada pela Ypsilon Editeur, vai ser lançada no dia 18 de abril, com tradução de Ilda Mendes dos Santos e Agès Levécot, ambas da Université Sorbonne Nouvelle.

Entre setembro e dezembro, a Fundação é parceira do Festival d’Automne, com a participação de Marlène Monteiro Freitas e Isabel Galvain, no projeto RI TE, mas também para marcar o centenário de Pierre Boulez, com uma performance da coreógrafa Tânia Carvalho.

Este espetáculo vai depois ser programado na Biennale de Lyon / Maison de la Danse – dirigida pelo português Tiago Guedes – sempre em parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian.

Inicialmente previsto para março e agora “possivelmente” em novembro, vai ter lugar na Gaîté Lyrique um festival intitulado “Lisboa Nu Bai Paris” com dança, música, performances, exposições,… com curadoria de Dino D’Santiago e com a participação de artistas como Branko, Chaka Lion, Vanifox, Nidia, Marfox, Euclides, Maro ou Soluna. Vai ser um grande evento festivo sobre as culturas das diásporas, essencialmente da música urbana e eletrónica.

A Fundação tem também uma parceria com o Magazine BeauxArts para uma série de 8 podcasts de 20 a 30 minutos, a partir de junho de 2025, retraçando a presença de artistas portugueses num percurso emblemático entre Paris e Lisboa nos séculos XX e XXI, tais como Paula Rego, Helena Almeida, Francisco Tropa, Manuela Marques ou Marlène Monteiro Freitas.

Para os seus 60 anos de presença em França, a Fundação Calouste Gulbenkian encomendou uma obra à cineasta Claire Denis sobre a “Ode Marítima” de Fernando Pessoa e vai ser realizada em colaboração com Agnès Godard e Stuart Staples.

Em colaboração com o Centquatre – o centro cultural que é dirigido pelo português José Manuel Gonçalves – a Fundação Calouste Gulbenkian criou um Prémio Art Ensemble, um programa que tem como objetivo apoiar, recompensar e valorizar os artistas que investem no domínio da conceção e realização de projetos de arte colaborativa, arte participativa, de trabalho coletivo e práticas artísticas para a inclusão social.

Mas o programa de aniversário da Gulbenkian em França é bem mais extenso se associarmos os eventos da Biblioteca Gulbenkian, como apresentação de livros e de autores, assim como conferências e debates.

A Delegação de França da Gulbenkian lança mais três novos programas de Residências artísticas, em França, destinadas a artistas portugueses e lusófonos.

Pela primeira vez, a Fundação associa-se à Orquestra de Paris para dois programas: um de Acessibilidade com 35.000 entradas a famílias, alunos e cidadãos “afastados”, e outro de Música & Saúde de apoio a “parênteses musicais” nos hospitais, para crianças em hospitalização longa. “Estes programas não têm particularmente a ver com Portugal, mas correspondem aos valores filantrópicos da Fundação” explica Miguel Magalhães.

Finalmente, a Fundação mantém, como todos os anos, um concurso de apelo a projetos para financiar instituições que programem artistas portugueses. Esta já é a sexta edição deste concurso que está a decorrer entre janeiro e 15 de março.