Morreu o fotógrafo José Lopes, cofundador do LusoJornal



José Lopes o fotógrafo que mais imortalizou a Comunidade portuguesa de França, sobretudo a partir dos anos 80, faleceu na noite passada, com 70 anos, vítima de doença prolongada.

Em 2004, juntamente com Clara Teixeira, Nelson Rocha e Carlos Pereira, definiram, num restaurante em Rueil-Malmaison, a linha editorial do LusoJornal, mas José Lopes já trazia uma experiência de uma participação ativa e de longos anos com várias outras publicações, em França e em Portugal, nomeadamente com o Jornal Encontro, editado em Paris.

José Lopes conhecia a Comunidade portuguesa como ninguém e deixa um espólio que devia ser recuperado por um Centro de arquivos porque detém parte da história desta Comunidade portuguesa, sobretudo dos seus anos mais ativos onde, por falta de “redes sociais”, apenas ele detém imagens importantissimas para a memória da Comunidade portuguesa.

Também foi o fotógrafo do Créteil/Lusitanos, mas a sua paixão pelo desporto levou-o a participar no Paris Dakar. E tinha uma relação muito próxima com os Xutos & Pontapés, que acompanhou em França, em várias digressões.

José Lopes teve um papel importante no lançamento do LusoJornal. Foi ele quem trouxe o primeiro empresário que comprou a primeira publicidade de um jornal que ainda nem tinha sido editado. Também a ele se devem múltiplas exclusividades.

Empenhou-se no LusoJornal com a garra que lhe conhecemos, sobretudo num momento difícil do jornal, em que teve de ocupar-se também de uma parte da distribuição do semanário, na região parisiense.

Foi operador de câmara durante muitos anos, quando o LusoJornal desenvolveu a área do audiovisual, tendo trabalhado para a RTP, para a SIC, para a TC Cabo Verde e ainda para a CLPTV.

Em 2010, os caminhos do LusoJornal e de José Lopes separaram-se, quando a empresa criada em 2004 foi obrigada administrativamente a encerrar, aliás depois do encerramento, algum tempo anos, da CLPTV. José Lopes continuou com a agência AFR, que já tinha pelo passado.

O LusoJornal nunca mais conseguiu reintegrar José Lopes, num mundo em que os jornais necessitam cada vez menos de fotógrafos e em que os telemóveis foram ganhando em qualidade. José Lopes sofreu com esta separação de um projeto que também era dele e sofreu ainda mais com o facto de haver cada vez menos trabalho para os fotógrafos.

No entanto, o LusoJornal não teria sido o jornal que acabou por ser, sem a reflexão, a cumplicidade e a implicação empenhada de José Lopes.

José Lopes era do Porto, e trazia a sua Ribeira no coração. Mas quando deixou Paris, foi para a aldeia de Pereiro, terra de Esperança Patrício a companheira com quem vivia, onde acabou por falecer.

A direção do LusoJornal lamenta a morte de José Lopes e apresenta as mais profundas condolências à filha mais velha, Cloé, à companheira, Esperança, e ao filho que os dois tiveram.