Nicolas Delerive, pintor da família real portuguesa, ignorado em França

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Há um ditado português que diz que «santos da casa não fazem milagres». Expressão que poderemos aplicar ao pintor Nicolas Louis Albert Delerive, que encontrou ajuda e a notoriedade no estrangeiro, mais propriamente em Portugal e não no seu país de nascença, a França.

Nicolas Delerive foi pintor da família real portuguesa nos princípios do século XIX.

Quem visitar o Palácio Real da Ajuda, o «Versailles português», em Lisboa, poderá admirar numerosos retratos da família real executados por Nicolas Louis Albert Delerive, conhecido também por Nicolau Luis Alberto Delariva, por ter aportuguesado o seu nome.

Nicolas Delerive nasceu em 1755 em Lille e faleceu em 1818 em Lisboa.

Aos dezoito anos, ingressou na Escola de Belas Artes de Lille, na Academia de Artes de Lille, onde aprendeu a pintar retratos e a desenhar medalhas. Tinha apenas 21 anos quando ganhou o seu primeiro prémio no Salão dos Artistas de Lille, em 1776.

Ainda em França, Nicolas Delerive colaborou e trabalhou com o pintor Louis Joseph Watteau.

Em 1778, partiu para Paris onde aprendeu a pintar cenas de batalha com Francesco Casanova.

De volta a Lille, em 1785, casou com Françoise Canceler e estabeleceu-se como pintor de paisagens, de pastores, pastoras, cenas de caça e batalha, todos temas muito em voga na altura.

Em 1787 realiza um quadro histórico «La clémence d’Henri IV» que o tornou célebre. O Conde de Neuville acolhe-o sob a sua proteção, altura em que Nicolas Delerive vai executar numerosos retratos de nobres locais.

Dá-se entretanto início à Revolução Francesa, clientes de Nicolas partem para o exílio ou são mesmo condenados à morte, as encomendas diminuem para o pintor.

Nicolas Delerive, de religião católica, em desacordo com as ideias revolucionárias, decidiu em 1790 emigrar, primeiro para Espanha. Entre 1790 e 1800 desloca-se e vive entre Espanha e Portugal, fixando-se definitivamente em Lisboa a partir de 1800.

O seu talento é reconhecido em Portugal pela própria Corte real, tornando-se o seu pintor oficial, participando também na decoração do Palácio de Belém. Paralelamente trabalha para a alta sociedade portuguesa como pintor, mas também como vendedor de arte.

Durante os anos das Invasões francesas, Nicolas Delerive tentará não fazer muito falar dele, dar nas visitas, ele que era contra as ideias napoleônicas. Prova das ideias contrárias ao Imperador, é o fato de ter realizado em 1814 o retrato do Duque de Wellington, libertador de Portugal e futuro vencedor da Batalha de Waterloo.

Executou igualmente caricaturas, algumas antes da entrada em Portugal, das tropas napoleônicas, que não deviam ser muito do agrado do invasor.

Nicolas Delerive não voltará jamais a França, morrendo em Lisboa em 1818.

Esquecido pela França, as suas obras estão expostas em museus portugueses, brasileiros e britânicos.

Desde 1990, 65 obras de Nicolas Delerive foram colocadas à venda em leilão público, essencialmente no Reino Unido, principalmente na categoria Pintura. O leilão mais antigo registrado é de um oficial hussardo montado num cavalo pintado em 1806, vendido em 1990 na Christie’s e o mais recente é também um retrato de um hussardo a cavalo, datado também de 1806 e vendido em 2022.

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