Notre Dame: Padre Carlos Caetano diz que Paris é “uma das Dioceses no mundo com mais portugueses”

O Padre Carlos Caetano considerou as imagens do incêndio da Catedral de Notre Dame de Paris, como “tocantes e impressionantes”. Diretor do Serviço de Migrações na Conferência Episcopal Francesa – a estrutura que junta todos os Bispos franceses – Carlos Caetano é também o Capelão da Comunidade Portuguesa e lembrou que a Diocese de Paris é “uma das Dioceses no mundo com mais portugueses”.

Ver a Catedral de Paris em chamas na Semana Santa foi “impressionante”. “Temos uma Diocese que vive a Semana Santa de uma maneira muito particular e difícil. Mas espero que seja uma ocasião de união dos fiéis” diz ao LusoJornal.

“Com tantos problemas nas nossas sociedades, com uma sociedade dividida, com uma sociedade que tem dificuldades para encontrar rumos comuns, com o que se passou ontem, diante destas imagens, provámos ter sentimentos semelhantes de surpresa, de tristeza, de dor” diz Carlos Caetano.

A Catedral de Notre Dame de Paris é uma peça fundamental do património da humanidade “e para a França é o símbolo de uma cultura partilhada. É um símbolo nacional e até europeu, que faz falta neste momento. Neste contexto, temos alguma sede destes símbolos que nos recordem as nossas raízes nacionais e europeias”.

O importante para Carlos Caetano é que a Catedral não tivesse ruído. “Isso é uma boa notícia, mas a verdade é que vai ficar desfigurada por muitos anos”.

O Capelão da Comunidade Portuguesa acredita que a reconstrução vai demorar muitos anos, e talvez nunca mais volte a entrar na Catedral. Diz que conhece exemplos de Catedrais que ficaram totalmente ou parcialmente destruídas e que demoraram 30, 40 e 50 anos a serem reabertas. Mas também sabe que “a Notre Dame não é uma Catedral qualquer. Pode ser que, neste caso, as obras de restauro se façam com mais rapidez”.

Quando viu as imagens na televisão, ontem à noite, Carlos Caetano lembrou-se do incêndio do Chiado, que abalou a baixa lisboeta. “Foi o primeiro grande incêndio que recordo da minha infância, acompanhámos durante muitas horas, pela televisão, este incêndio no coração de Lisboa e sabemos também quanto tempo demorou para que aquela zona da capital virasse a página e estivesse completamente restaurada”.

Mas Carlos Caetano acredita que a Igreja católica vai aproveitar este drama para se reforçar. “A Diocese de Paris está a viver uma Semana Santa difícil, num contexto em que a Igreja católica vive uma Quaresma complicada, uma verdadeira Quaresma em que somos convidados à penitência. Oxalá esta tragédia nos ajude a nos concentrarmos no que realmente é essencial, que nos possamos unir à volta do Bispo e com ele traçar rumos novos. Teremos de refletir sobre o restauro da Catedral, é verdade, mas também há tantas outras dimensões da vida da Igreja, que têm de ser restauradas” confessou ao LusoJornal. “São tantos os novos capítulos que somos convidados a abrir e a recomeçar, que este é apenas mais um”.

A Catedral de Notre Dame de Paris devia acolher esta quarta-feira um momento particularmente importante para a Diocese: trata-se da Missa Crismal, que junta todos os sacerdotes à volta do seu Bispo. “É o momento onde são benzidos os óleos que depois cada sacerdote leva para a sua paróquia” explica Carlos Caetano.

Em geral esta missa tem lugar na quinta-feira santa, mas em Paris, e em Dioceses mais importantes, realiza-se à quarta-feira. Desta vez a cerimónia não vai ter lugar na Catedral de Notre Dame e vai realizar-se na Igreja de Saint Sulpice.

Interrogado pelo LusoJornal sobre a origem do incêndio, Carlos Caetano diz que “tendo em consideração o local onde começa o incêndio e as obras de restauração, a explicação mais simples é a de um acidente, mas é necessário que se faça uma investigação”. Depois acrescenta que “não podemos esquecer que regularmente, os templos da igreja católica em França têm sido alvos frequentes de profanações”.

 

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