« O reino das casuarinas », de José Luís Mendonça

O poeta e escritor angolano José Luís Mendonça, nascido em 1955 na província do Cuanza Norte, foi  conselheiro de imprensa na representação permanente de Angola junto da Unesco e também exerceu o cargo de assesor de imprensa na embaixada de Angola, em Paris, até 2012.

Em setembro de 2014, esteve novamente em Paris para o lançamento do seu romance “O reino das casuarinas” (Textos Editores, Luanda, 2014). Atualmente é diretor do Jornal Cultura, quinzenário angolano de Artes & Letras.

Licenciado em Direito pela Universidade Agostinho Neto, de Luanda, publicou numerosos livros de contos e de poesia. Foi no Musseque do Cazenga, onde viveu a infância e a juventude, que José Luís Mendonça se inspirou para fazer os seus primeiros poemas.  A estreia no mundo das letras aconteceu com o livro “Chuva Novembrina”, obra à qual foi atribuída, em 1981, o prémio de poesia Sagrada Esperança. É membro da União de Escritores Angolanos e integra a denominada “novíssima geração”, conjunto de jovens que começaram a despertar para a literatura no início dos anos 80.

“O reino das casuarinas”, que também poderia ter como título “As tribulações do camarada Primitivo” é uma vasta e magnífica metáfora da história recente de Angola, um livro ingenuamente político, onde a ficção cruza-se com a história real do país, desde o início da luta anticolonial até aos dias de hoje.

Numa ilha de Luanda, onde antigamente ouvia música e escrevia poesia, o autor imaginou uma comunidade igualitária erguida por loucos, com eleições diretas, por exemplo. Um deles, Primitivo, existiu realmente, era amigo do autor. Eram gente marcada pela guerra. Viviam numa casa abandonada e as suas mentes “eram cascas vazias de cigarras coladas nos troncos das árvores coníferas. Por vezes, um fiozinho de vento da memória penetrava essas cascas e a reminiscência de um canto ecoava no seu bojo. Cada um morava no seu próprio exílio interior”.

Uma das principais propostas de José Luís Mendonça, neste romance, é mostrar as vicissitudes do povo angolano e denunciar o sofrimento humano.