“O Soldado Sabino” de Nuno Gomes Garcia e “Os herdeiros da Batalha de La Lys” de Carlos Pereira na Casa de Portugal

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O livro “O Soldado Sabino” de Nuno Gmes Garcia vai ser apresentado este sábado, dia 27 de maio, às 17h00, na Casa de Portugal André de Gouveia, na Cidade Universitária Internacional de Paris, seguida da projeção do documentário “Les Héritiers de la Bataille de La Lys” do jornalista e realizador Carlos Pereira. Na apresentação do livro também estará presente Dominique Stoenesco que traduziu o livro para francês.

Trágico e cómico, “O soldado Sabino”, foi o primeiro romance de Nuno Gomes Garcia, publicado em 2012, mas há muito esgotado. Foi agora reeditado pela editora Visgarolho. O livro revela-nos com crueza a violência da guerra das trincheiras e o absurdo da condição humana. Uma viagem de uma década, entre 1908 e 1918, durante a qual um jovem nascido em Alfama, padecendo de uma enfermidade, viaja através de um mundo em decomposição.

Ele experimenta a violência extrema da sociedade portuguesa do início do século XX (o que desmente o mito do “povo de brandos costumes”), as esquecidas batalhas entre os impérios coloniais alemão e português em África, a guerra das trincheiras e o preâmbulo daquela que viria a ser a guerra civil russa.

O retrato de um tempo já passado, mas, num momento histórico em que a guerra de alta intensidade regressou à Europa, pleno de atualidade.

Nuno Gomes Garcia nasceu em Matosinhos em 1978. Estudou História e Arqueologia nas Faculdades de Letras do Porto e de Lisboa, centrando-se na História Medieval, do Renascimento e da Expansão Europeia. Foi arqueólogo durante doze anos.

Vive na região parisiense, dedica-se atualmente à escrita de ficção – tem quatro romances e vários contos publicados -, à consulta editorial e à divulgação da literatura lusófona na rádio Alfa e no LusoJornal. Nuno Gomes Garcia foi finalista do Prémio Leya em 2014, e, em 2022, foi laureado, em França, onde tem romances traduzidos, com a bolsa de criação literária Jean Monnet atribuída no âmbito do LEC – Littératures Européennes Cognac.

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Projeção do documentário “Les Héritiers de la Bataille de La Lys”

Depois da apresentação do livro vai ser projetado o documentário do jornalista e realizador Carlos Pereira “Les Héritiers de la Bataille de La Lys” sobre a participação portuguesa na I Guerra mundial.

O filme, que foi apresentado pela primeira vez a 5 de novembro de 2018, durante uma projeção na Universidade Popular de História de Pessac (Unipop Histoire), perto de Bordeaux, é o resultado de 12 anos de reportagens em França, onde os Portugueses combateram há mais de um século, e em Murça, onde o Soldado Milhões é considerado como herói. “O objetivo é mostrar em França que os Portugueses participaram na Primeira Guerra Mundial. Esta relação entre França e Portugal não é conhecida; é algo que foi esquecido e não compreendo bem porquê”, explica Carlos Pereira. “Os próprios portugueses de França necessitam de ter esta informação para partilharem com os amigos franceses”.

No documentário, Raymonde da Silva, já falecida, conta, por exemplo, que foi autarca de uma aldeia francesa “por ser filha do Português” que combateu na Grande Guerra, e conta ainda como foi a Portugal buscar terra natal para o túmulo do pai. “Ela foi à procura da aldeia natal do pai, perto de Lamego. Foi lá buscar um saco de terra, trouxe de volta e cobriu assim o túmulo do pai. Isso é algo que mexeu comigo quando fiz esta entrevista. Aliás, diz mesmo que quando chegou a Portugal quis beijar o chão como o Papa”, descreve o jornalista, que é também é Diretor do LusoJornal.

O filme também dá voz a Claude Correia, também já falecido, que combateu pela França na Segunda Guerra Mundial, depois do pai ter estado nas trincheiras da Primeira.

Leonilde Milhões, filha do soldado Milhões, também já falecida, diz que “o pai recusou a metralhadora que queriam dar-lhe quando regressou a Portugal, porque já tinha aguentado aquela ‘menina’ durante demasiado tempo”. E recorda que ele recebia uma pensão de guerra de 15 escudos (0,08€) por mês, apesar do seu estatuto de “herói”. “Ela conta que o pai foi pedir para que o filho não fosse à tropa e perguntaram-lhe se não tinha vergonha, ele que esteve na guerra… Ele respondeu que precisava do filho para trabalhar no campo, porque só ganhava 15 escudos por mês”, explica Carlos Pereira.

O realizador salienta que o Soldado Milhões, tal como a maioria dos Portugueses que participaram na Primeira Guerra Mundial, eram “analfabetos, que foram arrancados dos campos, das terras onde viviam, sem sequer saberem onde era a França”, um facto assinalado no filme pelo historiador Nuno Gomes Garcia.

Outra filha de um soldado português que aparece no filme, Felícia de Assunção Pailleux, recentemente falecida, levou a bandeira da Liga dos Combatentes nas últimas quatro décadas durante as cerimónias anuais no Cemitério militar português de Richebourg e no Memorial ao Soldado Português de La Couture, ambos no Norte da França.

O filme acaba com o tema musical “Carte Postale de La Lys” do autor, compositor e intérprete lusodescendente Dan Inger dos Santos.

Nascido em Vila Real em 1965, Carlos Pereira é licenciado em Física pela Universidade de ciências de Paris 7/Jussieu, durante uma dezena de anos foi animador sociocultural e Diretor executivo da Coordenação das Coletividades Portuguesas de França (CCPF) e Diretor de Marketing e Vendas da Marconi France (Grupo Portugal Telecom).

É jornalista desde 2004, Diretor do LusoJornal, e também é produtor de conteúdos para televisão, trabalhando atualmente para o programa Hora dos Portugueses da RTP (mas já trabalhou para outros canais, nomeadamente a SIC internacional).

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