Unesco | Christelle Alix

Obra de Vhils na sede da Unesco foi ontem inaugurada em Paris na presença de António Costa

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O Primeiro-Ministro António Costa esteve ontem em Paris para a inauguração de uma obra do artista português Vhils na sede da Unesco, doada por Portugal.

A obra chama-se “Substratum – Projeto Scratching the Surface” e é um mural de 31 metros de comprimento, criado especialmente para a Unesco, em homenagem ao trabalho da organização na proteção do património mundial da humanidade.

“O projeto de doação, pelo Estado português, de uma obra de arte para a coleção de arte da Unesco remonta a uma visita efetuada, em 2019, pelo Primeiro-Ministro à sede da organização internacional, por ocasião da proclamação do Dia Mundial da Língua Portuguesa e do justo reconhecimento, por parte da Unesco, da relevância da língua portuguesa à escala global” explica uma nota do Gabinete de António Costa enviada às redações. A presente doação, sob a forma de uma intervenção artística de Vhils numa das paredes exteriores do edifício-sede da Unesco, em Paris, “visa valorizar a criação contemporânea nacional e contribuir para a promoção da cultura portuguesa no plano mundial”.

A Diretora-Geral da Unesco, Audrey Azoulay, fez o discurso de abertura da cerimónia de inauguração, seguindo-se a intervenção do artista e depois a do Primeiro-Ministro português. Também lá estava a Embaixadora Rosa Batoreu, a Delegada permanente de Portugal junto da Unesco, em Paris.

“Esta excelente criação de Vhils inscreve-se na vontade da Unesco celebrar os artistas contemporâneos e de lhes propor uma plataforma onde a criatividade se possa exprimir plenamente” disse Audrey Azoulay.

A sede da Unesco abriga mais de mil obras de arte de todo o mundo de alguns dos nomes mais emblemáticos, de Pablo Picasso a Alexander Calder, de Sonia Delaunay a Dani Karavan, de Isamu Noguchi a Roberto Matta… Esta coleção foi agora enriquecida “graças à generosidade” de Portugal.

Pacientemente esculpida com cinzéis e uma broca de martelo em miniatura desde o início de maio, esta obra de arte presta homenagem a uma das figuras mais reverenciadas da Unesco: Ellen Wilkinson, feminista e Ministra da Educação do Reino Unido no fim da II Guerra mundial, presidiu à Conferência que viria a dar origem à Unesco em 1945. Acabou por morrer em 1947, não assistindo ao impacto desta organização no Mundo.

“Para mim é importante enaltecer e trazer histórias que ficam nas entrelinhas da História. Um exemplo disso é Ellen Wilkinson, que foi alguém que teve um papel muito importante naquilo que poderia vir a ser a Unesco, que infelizmente nunca viveu para ver o que nos deixou. E queria trazê-la à superfície, num edifício que a representa também, porque muitos dos valores que aqui estão vêm dela”, disse Vhils em declarações à Lusa.

O mural também mostra a notável diversidade do património mundial que a Unesco protege, por meio da representação de onze locais em vários continentes, desde a Pirâmide de Gizé, no Egito, à cidade de Ayutthaya, na Tailândia, passando pela Catedral de Brasília, o único momento lusófono representado.

“Esta é uma obra única que Portugal dá à Unesco. Vhils é um artista que utiliza a cidade como a sua tela e que esculpiu muros em todo o mundo, sempre com uma atenção particular à realidade local. Podemos virar a rua em Xangai, Kiev, Rio de Janeiro, Sidney, Dubai ou Cabo Verde e encontrar um rosto expressivo e monumental na fachada de um prédio que nos olha e que parece ganhar vida”, afirmou António Costa no discurso de inauguração.

Alexandre Farto, também conhecido como Vhils, desenvolveu uma linguagem visual única baseada na remoção de camadas superficiais de paredes usando ferramentas e técnicas não convencionais. Começou a interagir com o ambiente urbano por meio do graffiti no início dos anos 2000.

Destruindo para criar, Vhils esculpe declarações visuais poderosas e poéticas nos materiais que a cidade descartou, humanizando áreas dilapidadas criando retratos pungentes em grande escala. Ele aborda temas como o impacto da urbanização e do desenvolvimento em massa sobre paisagens e identidades. Desde 2005, o trabalho do artista português tem sido apresentado em todo o mundo em grandes exposições e eventos.

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