Observatório da Emigração realiza seminário sobre “Trajetórias da emigração portuguesa” em Ourém

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Inspirado no tema “Nós, Migrantes”, a Câmara Municipal de Ourém organiza o “Festival de Setembro”, nos dias 8, 9 e 10 de setembro, com o intuito de “abordar a relação entre o Património Cultural, a História do Lugar e a Interculturalidade”, com iniciativas e diálogos em torno da diversidade cultural, inspirados “nas trajetórias da emigração oureense para França, Reino Unido, Brasil, Angola, Moçambique, a par de todos os outros destinos do mundo”.

Neste contexto, no dia 8 de setembro, o Observatório da Emigração, realiza um seminário intitulado “Trajetórias da emigração portuguesa”, entre as 10h00 e as 15h30, em formato híbrido.

Na sessão de abertura estão anunciadas intervenções de Cláudia Pereira do Observatório da Emigração, mas também do Presidente da Câmara Municipal de Ourém, do Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, do Alto Comissariado para as Migrações e do Centro em Rede de Emigração em Antropologia (CRIA).

“O seminário propõe-se abordar o panorama atual da emigração portuguesa, bem como interpelar e refletir sobre as trocas culturais e representações identitárias construídas a partir das trajetórias migratórias” diz uma nota do Observatório da Emigração enviada ao LusoJornal.

O primeiro painel é sobre “Emigração atual e histórica”. Carlota Moura Veiga e Inês Vidigal, do Observatório da Emigração, CIES-Iscte, Instituto Universitário de Lisboa, vão fazer uma caracterização da emigração portuguesa no século XXI. “A emigração portuguesa cresceu nas vésperas do 25 de Abril, regrediu para níveis mínimos depois daquela data, voltou a crescer a partir de meados dos anos 80, acentuou-se no início do novo século, reduziu-se na crise financeira de 2008, atingiu de novo máximos históricos em 2013 e voltou a diminuir, lentamente, desde então. Em termos comparados, Portugal é hoje um país de repulsão migratória, característica que partilha com a maioria dos estados do Leste europeu. Nesta comunicação, apresentamos a história recente da emigração portuguesa, identificamos os mecanismos e episódios que a explicam e discutimos os problemas metodológicos envolvidos no seu estudo” diz a nota de apresenção do Seminário.

Por seu lado, o historiador Victor Pereira (IHC NOVA-FCSH) vai fazer uma intervenção sobre “A ditadura de Salazar e a emigração. O Estado português e os seus emigrantes em França (1957-1974)”.

O segundo painel vai abordar os “Efeitos nos locais de origem: as casas dos emigrantes” com intervenções de Ana Saraiva (CRIA NOVA-FCSH) sobre “Casas (pós-)rurais entre 1900 e 2015: expressões arquitetónicas e trajetórias identitárias” e António Afonso de Deus (Universidade Lusófona) sobre “Do lugar da Casa, à Casa como Lugar. A casa do emigrante luso-brasileiro na valorização da Arquitetura e do espaço urbano”.

“As casas que os emigrantes luso-brasileiros edificam, nos lugares de onde partem, revelam-se exemplares únicos, com um reconhecido valor arquitetónico e urbano. Nos locais onde a emigração para o Brasil adquire um muito expressivo número, como se verifica em Oliveira de Azeméis, terra natal de Ferreira de Castro, as casas que os emigrantes de ‘torna-viagem’ edificam, apresentam uma carga simbólica, que transporta renovados significados, vivificados na arquitetura da casa e do lugar onde se inserem. A Casa como Lugar reflete sobre esse fenómeno, sobre a importância de valorizar essas arquiteturas, pela sua carga histórica, pelo seu interesse cultural, multidisciplinar”.

No terceiro painel vão ser abordados os “Efeitos do regresso dos emigrantes aos locais de origem” com intervenções de Fátima Velez de Castro (Universidade de Coimbra, Departamento de Geografia e Turismo da FLUC, CEIS20 / RISCOS) sobre “A representação das/os migrantes no cinema. Conceção de mapas mentais e de anatopias a partir da análise fílmica” e de João Baía (ICS-ULisboa) sobre “Lugar de partida, de regresso ou de passagem? Impacto das migrações numa aldeia raiana em Trás-os-Montes”.

“Nesta comunicação serão apresentados alguns dos resultados de uma investigação que procurou, através do estudo das trajetórias migratórias, perceber diferenças e semelhanças, no que respeita à ligação com a aldeia de partida, entre migrantes internos e internacionais ao longo do tempo. A aldeia de Montesinho foi o lugar escolhido para estudar diferentes tipos de migrações e direções e seus efeitos nesse mesmo lugar. As práticas migratórias estudadas desenvolveram-se mais entre lugares do que entre países, constituindo densas correntes migratórias translocais. Irá propor-se uma tipologia para analisar diferentes possibilidades de retorno identificadas e questionar-se o futuro desta localidade, situada em Trás-os-Montes, a norte de Bragança e na fronteira, que apresenta várias características semelhantes a várias localidades de vasto território nacional rural, de norte a sul do país, um espaço cada vez menos estudado, mais exposto a lógicas extractivistas (indústria mineira, produção florestal, agricultura intensiva, turismo), sem uma real auscultação das populações afetadas, funcionando como um espaço de reserva para futuros usos”.

Pode assistir ao Seminário AQUI.

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