Opinião: A guerra na Ucrânia continua tragicamente ativa



Intervenção da Deputada Nathalie de Oliveira na LXX Conferência da COSAC, em Madrid, sobre a Guerra na Ucrânia.

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Vivemos num mundo turbulento e que está cada vez mais conturbado. Infelizmente, a realidade assim o comprova.

O ataque terrorista, no dia 7 de outubro, no sul de Israel, assumido pelo Hamas, veio trazer novo foco de tensão a um dos territórios mais sensíveis do mundo.

Perante a chacina do terrorismo, bem como o que se passou, e ainda hoje está a passar, em Gaza, com a resposta israelita, que ultrapassou, há muito, a fronteira da legítima defesa, o mundo centrou as atenções no Médio Oriente.

Obviamente, não podemos perder de vista o que se passa em Israel e na Palestina. Sobretudo pela defesa da libertação dos reféns e pela garantia do respeito do Direito Internacional.

No entanto, importa não esquecer que há uma outra guerra, quase com dois anos, na Europa.

A guerra na Ucrânia continua. E continua tragicamente ativa.

Com quase dois anos, os resultados são evidentes: milhares de mortes de inocentes, localidades destruídas, milhões de refugiados e uma solução sem fim à vista.

O futuro de milhões de ucranianos está entregue ao desespero e totalmente adiado.

Como já se disse inúmeras vezes, o conflito da Ucrânia diz respeito, em primeiro lugar, à liberdade dos ucranianos. Mas também diz, e muito, respeito, à liberdade da Europa. À nossa liberdade.

É por isso que nunca, mas nunca, nós, europeus, podemos deixar a Ucrânia só.

Como assumiu, e muito bem, a presidência espanhola da União Europeia, que decorre neste semestre, a Ucrânia está no centro das suas prioridades.

Aliás, o Presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, deixou isso bem claro no primeiro dia da presidência espanhola, quando fez questão de começar os trabalhos desta presidência na capital ucraniana.

Porém, ao mesmo tempo que a ajuda e apoio à Ucrânia são uma prioridade do presente, importa olhar para o amanhã.

É, por isso, que a próxima reunião do Conselho Europeu, dentro de poucos dias, é extremamente importante para o futuro da União Europeia, bem como da Ucrânia, pois as questões de negociações formais da adesão da Ucrânia estarão em cima da mesa.

Todos nós devemos encarar esta questão de uma forma responsável.

E, permitam-me concluir salientando a posição sensata e objetiva do Governo português acerca desta matéria: a Ucrânia merece todo o apoio, mas em matéria de alargamento importa considerar duas dimensões: por um lado, se a Ucrânia cumpre os critérios de adesão; e, por outro, se a União Europeia cumpre os critérios para acolher com condições os vários países candidatos.

Não são tempos nada fáceis, mas compete à União Europeia, e a todos nós, cidadãos europeus, não perdermos de vista os princípios e os valores fundadores do projeto europeu: da Liberdade, da Democracia e da Solidariedade.
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Nathalie de OLiveira
Deputada eleita pelo circulo eleitoral da Europa