Opinião: Eu apoio a candidatura de Daniel Adrião à liderança do Partido Socialista português



No passado dia 18 de novembro esteve reunida a Comissão Nacional do Partido Socialista da qual faço parte. Foi a última reunião desta Comissão Nacional antes do Congresso que se realizará no início do ano.

Na minha intervenção, não só me congratulei com a existência de vários candidatos a Secretário-Geral do Partido Socialista, como acrescentei que deveria haver muitos mais ainda, para enriquecer o debate, no sentido de que soluções possam ser pensadas e encontradas em conjunto para ganhar as próximas legislativas.

Para que isso aconteça, a participação de todos os cidadãos é fundamental, para que se possa construir um país mais justo e inclusivo, um país de todos e para todos.

Há que incentivar o comprometimento dos cidadãos, que cada vez se afastam mais da política, porque se sentem defraudados por aqueles em que depositaram toda a confiança.

Devemos por isso romper com a opacidade das práticas políticas, promover a transparência nas instituições e combater todas as formas de corrupção.

O Partido Socialista deverá ser um exemplo de práticas políticas éticas e responsáveis, que inspirem novamente confiança na população, evitando assim o crescimento assustador dos extremismos de direita e de esquerda.

Por tudo isto, apoio a candidatura do Daniel Adrião, porque é a candidatura da coerência, da responsabilidade, da transparência e da integridade, a candidatura que permitirá refundar a maneira como se faz política, como se escrutina, como se escolhe e que aposta no mérito e na competência, de maneira transparente, exigente e objetiva.

É esse o caminho para uma Democracia Plena!

Como tão bem disse Daniel Adrião, no seu ato de candidatura “esta sua candidatura não existe para conquistar o maior número de votos, mas para congregar o maior número de vontades, não existe para disputar o apoio dos notáveis, existe para merecer o apoio dos anónimos. É uma candidatura que se apresenta para combater o preconceito e o elitismo, o politicamente correto, o determinismo, a ideia de que a política é um Olimpo a que só acedem os predestinados. É uma candidatura feita de gente comum, que visa devolver à nossa base social de apoio a esperança e a confiança e fazer o PS regressar aos seus valores fundacionais, tornando-o mais forte, mais representativo e mais alinhado com os anseios do povo português”.

A candidatura do Daniel Adrião é a candidatura que marca a diferença, é uma candidatura pelo PS, para dar voz a todas as vozes que há muito não são ouvidas, uma candidatura que aposta nos valores humanistas que me são tão caros, única maneira de reconquistar a esperança e a confiança de todos os Portugueses, dos que vivem dentro e fora de Portugal!

Por uma Democracia Plena apoio o Daniel Adrião !

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Isabel Barradas

Secretária Coordenadora da Secção do PS português de Bordeaux

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Discurso de candidatura de Daniel Adrião

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Caras e Caros Camaradas,

Quero em primeiro lugar fazer uma saudação especial aos meus Camaradas António Costa, que liderou o PS ao longo de quase uma década e ao Pedro Nuno Santos e ao José Luís Carneiro, que se apresentam como candidatos à liderança do Partido Socialista neste novo ciclo.

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Caras e Caros Camaradas,

A maioria de vós esteve presente nas reuniões dos órgãos nacionais onde, ao longos dos últimos 7 anos, tive a ousadia, de assumir a representação do sentimento de um conjunto significativo e bem-intencionado de militantes do PS, que com coragem, frontalidade e Ética Republicana, assumiram que o Partido tinha o dever de fazer uma reflexão própria e exigente sobre o seu modelo de funcionamento, assegurando mais democracia e participação interna nas suas orientações e prioridades políticas.

Ao longo dos últimos 7 anos, de forma continuada e sistemática, assumi a defesa de uma Democracia Plena, que envolvesse maior transparência, integridade, escrutínio, responsabilização e meritocracia na escolha dos titulares de cargos políticos e partidários, que assegurasse a centralidade e o primado do Partido no seu compromisso com os interesses estratégicos do país, e que reforçasse os valores fundacionais da História do Partido Socialista, adequando-os às novas realidades e necessidades económicas e sociais, de forma a mobilizar a participação para a ação dos militantes e simpatizantes do PS, e reforçar a credibilidade e confiança da sua mensagem junto dos demais portugueses.

Ao longo dos últimos 7 anos, não nos deixámos condicionar por uma mensagem de fácil, cómodo e conveniente unanimismo em torno do líder do Partido e soubemos trazer novas ideias e moções e estratégia alternativas que valorizaram a discussão interna e a pluralidade do pensamento dentro do Partido.

Sim, fizemo-lo quando o Partido estava em alta. Quando muitos pensavam que não havia necessidade de uma autoavaliação crítica e de mudanças na forma de governação do Partido e do país. Alertámos para os perigos que poderiam advir das más práticas e de escolhas erradas, e apelámos a que se operassem mudanças urgentes. Fomos sempre ignorados. E infelizmente, em vários pontos, o tempo veio dar-nos razão.

Não nos arrogamos em reserva moral do Partido, mas como homens e mulheres livres que acreditam no PS fundado por Mário Soares, no PS do 25 de Abril e do 25 de novembro, no PS que quer construir um Portugal mais moderno, mais justo e mais rico. E por sermos assim, não viramos a cara à luta.

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Caras e Caros Camaradas,

Se não deixámos de ousar quando a conjuntura era tranquila, agora, num momento em que o Partido sofreu um enorme rombo na sua imagem e credibilidade, é nosso dever cívico não deixar de reiterar a defesa do que sempre defendemos. É nossa obrigação dizer que estamos aqui – que sempre estivemos aqui – e que queremos e nos sentimos capazes de ajudar o PS.

Sim, Camaradas,

Sim, em primeiro lugar perante vós, e em nome dos que defendem uma Democracia Plena no PS e no país, afirmo que estou, mais uma vez presente e disponível para liderar e afirmar uma solução alternativa.

Quero anunciar-vos, em resposta ao apelo que me foi lançado por centenas de militantes do Partido Socialista de Norte a Sul de Portugal e das Comunidades portuguesas, que sou candidato à liderança do Partido Socialista.

Faço-o por coerência e por respeito pelo que tenho defendido, e por dever de consciência cívica de militante e cidadão preocupado.

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Camaradas,

Enfrentamos uma encruzilhada crucial: de um lado, a oportunidade de revitalizar e reformar o nosso partido com novas ideias, processos e um compromisso renovado com a militância ativa; do outro, a manutenção das mesmas pessoas, as mesmas abordagens, que já não são suficientes para enfrentar os desafios e as exigências do presente e do futuro.

É fundamental que reconheçamos a necessidade de evolução e mudança. Não podemos continuar a trilhar os mesmos caminhos do passado e esperar resultados diferentes. Precisamos de uma liderança que não só entenda os valores históricos do PS, mas que também e seja audaz e esteja pronta para inovar e adaptar esses valores aos novos tempos. Um novo ciclo político exige novos protagonistas.

É hora de repensar o modo como operamos, de abrir as nossas portas a ideias frescas e a uma nova energia. É hora de dar voz aos militantes de base, que são os provedores dos cidadãos, a voz da sociedade civil no Partido, um selo de garantia democrática. É hora de acolher a participação ativa de todos na construção de um futuro mais democrático e inclusivo.

Assim, diante desta escolha, peço-vos que considerem não apenas o que o Partido Socialista foi, mas o que ele pode e deve ser. Um Partido vibrante, aberto, que valoriza cada um de seus membros e se compromete com a transformação social em prol de um Portugal mais desenvolvido, livre e solidário.

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Caras e Caros Camaradas,

Apresento-vos os 3 pilares fundamentais desta candidatura: Partido, Democracia e Futuro de Portugal.

Para cada pilar, 3 grandes ambições para unir e mobilizar o PS e os Portugueses.

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3 Prioridades para o Partido:

1. Empoderar os militantes, conferindo-lhes o poder de decisão na escolha dos candidatos a titulares cargos políticos, quer a nível autárquico, quer a nível nacional, designadamente para a escolha dos candidatos a Deputados à Assembleia da República.

2. Promover uma separação clara entre quem exerce cargos dirigentes executivos no Partido e quem exerce cargos governamentais, separando o aparelho do Partido do aparelho do Estado e promovendo uma maior capacidade de escrutínio e fiscalização da ação do próprio Partido e dos seus eleitos e representantes. Estimulando o pensamento crítico, a responsabilização, mobilizando o Partido para a construção de soluções para o país que sejam mais participadas e colaborativas e melhor reflitam as reais preocupações dos militantes e da sua base social de apoio.

3. Proceder à regeneração do modelo de funcionamento e organização do Partido, tornando-o mais mobilizador e participado pelos militantes e pela sua base social de apoio, e aumentando a capacidade de comunicação e de interação com a sociedade civil, designadamente através da introdução de mecanismos de democracia participativa, como as eleições primárias e os referendos internos.

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3 prioridades para a Democracia

1. Promover a reforma do sistema eleitoral, trazendo para Portugal as melhores práticas e modelos de representação e funcionamento europeus, eliminado o sistema de listas “fechadas e bloqueadas”, de forma a criar uma relação direta entre eleitos e eleitores, através da introdução do voto preferencial e nominal, crucial para estimular a participação cívica, a prestação de contas e o incremento da meritocracia nas instituições democráticas.

2. Reforçar os mecanismos que assegurem o pleno funcionamento das instituições do Estado, em termos de capacidade, de recursos e de independência técnica, gerando maior transparência, integridade, escrutínio e fundamentação das políticas publicas e das iniciativas políticas.

3. Desenvolver um modelo de funcionamento do Estado eficiente e desburocratizado, que seja centrado na preocupação pela boa gestão dos recursos públicos e dos impostos pagos pelos cidadãos, mas também preocupado pelo combate às desigualdades e com respostas eficazes para as necessidades essenciais dos portugueses.

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3 prioridades para o futuro de Portugal

1. Mobilizar o país para uma visão de futuro, definindo de forma clara, mensurada e objetiva as prioridades estratégicas de longo prazo para Portugal, e os caminhos e opções concretas para as alcançar, maximizando o melhor das competências e dos recursos endógenos nacionais, e o esforço colossal desenvolvido pelo país para formar as novas gerações, em torno de uma Economia exportadora de alto-valor acrescentado, capaz de gerar e distribuir riqueza de forma justa e equitativa, pagar bons salários, modernizar a economia, estimular o investimento, e reter talento em Portugal.

2. Responder à emergência na Habitação. A falta de casas acessíveis para os mais pobres e para a classe média é provavelmente a maior injustiça social do país, que impede gerações inteiras de realizarem os seus projetos de vida em Portugal e de terem segurança financeira, como tiveram as gerações anteriores. Sem casas para habitar a preços acessíveis, não conseguiremos fixar, muito menos atrair, os jovens para viver e trabalhar em Portugal. Não tenhamos dúvidas, sem habitação acessível para TODOS o país acelerará o seu envelhecimento e o seu atraso estrutural. É preciso um pacto de regime para a Habitação, que envolva todas as forças políticas, e que ao longo de uma década, crie condições para a iniciativa privada, cooperativa e pública implementarem de forma concertada um programa de construção “massiva” de nova habitação, que satisfaça as necessidades e projetos de vida dos portugueses, em especial dos mais jovens.

3. A saúde tem de ser a prioridade das prioridades. É o grande pilar, a par da Educação, do nosso Estado Social. E está a falhar, e a falhar sobretudo para os mais vulneráveis. É, assim, essencial uma reforma profunda do nosso Serviço Nacional de Saúde, que nomeadamente garanta uma remuneração atrativa para todos os seus profissionais, porque sem eles, não há SNS.

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Caros Camaradas,

Assumo, desde já, que esta candidatura não existe para conquistar o maior número de votos, mas para congregar o maior número de vontades.

De pouco vale o voto se ele não for a livre expressão de uma vontade genuína e consciente.

Esta candidatura não existe para disputar o apoio dos notáveis, existe para merecer o apoio dos anónimos.

Quem acredita no socialismo democrático, acredita que todos os homens e mulheres nascem livres e iguais em direitos e em deveres.

Esta é uma candidatura que se apresenta para combater o preconceito e o elitismo, o politicamente correto, o determinismo, a ideia de que a política é um Olimpo a que só acedem os predestinados.

Esta uma candidatura feita de gente comum, com uma vontade extraordinária de contribuir para a construção de uma Democracia decente.

Esta candidatura será um baluarte da defesa de um projeto transformacional para o país e para o PS.

É uma candidatura que puxará o país para cima. Que procurará dar visibilidade ao enorme potencial que Portugal e os portugueses possuem e que necessita de ser maximizado.

Chegou a hora do centro das nossas atenções não estar no Terreiro do Paço, mas nos terreiros do povo.

Convido todos os Militantes do Partido Socialista, que partilham destes valores, a juntarem-se a este movimento regenerador, que tem por missão a construção de uma Democracia Plena.

Com a vossa ajuda, podemos devolver à nossa base social de apoio a esperança e a confiança e fazer o PS regressar aos seus valores fundacionais, tornando-o mais forte, mais representativo e mais alinhado com os anseios do povo português.

O PS somos todos nós!

Viva o Partido Socialista!

Viva Portugal!