Opinião: Falta apenas um mês para conhecermos o futuro da Santa Casa da Misericórdia de Paris


Meus amigos, não tenho dúvidas: se a Santa Casa da Misericórdia de Paris solicitasse ajuda àqueles que um dia receberam o seu apoio e cujas vidas melhoraram graças a ela, estou certo de que estariam agora prontos a retribuir com generosidade para “salvá-la” da sua extinção, prevista já para o final deste mês de março. Não é verdade? Afinal, gratidão é um valor inquestionável… ou pelo menos deveria ser.

A palavra “solidariedade” aparece em muitos discursos. Fica bem. Dá boa impressão. Mas quando se trata da Santa Casa, o conceito parece ser meramente decorativo. É tão bonito falar sobre solidariedade! Tão inspirador ouvir promessas e frases de efeito sobre o dever de ajudar os mais vulneráveis! Mas, quando chega o momento de agir – e agir significa apoiar financeiramente ou politicamente uma instituição que tem sido um pilar para tantos -, o entusiasmo desaparece.

Depois, como neste caso urgente, em que é preciso um apoio real e imediato para garantir a continuidade da missão da Santa Casa, a palavra “solidariedade” evapora-se, perde-se nos corredores – talvez por culpa de uma corrente de ar, que a dispersa antes que se possa concretizar em algo útil.

A verdade é que a Santa Casa da Misericórdia de Paris não deveria estar a mendigar para sobreviver. A sua função é ajudar os outros, não lutar para se manter de pé.

E se a diáspora portuguesa – essa mesma que tanto se orgulha das suas raízes e da sua cultura – prefere olhar para o lado em vez de agir, então que fique claro: a crise da Santa Casa não é apenas financeira, é também moral.

Vergonhoso? Sem dúvida. Mas, quem sabe, talvez ainda reste uma mínima esperança até ao dia 31 de março. Talvez, até lá, aqueles que podem ajudar percebam que esta nobre instituição merece mais do que palavras vazias.

Obrigado

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Irmão Luís Gonçalves