Opinião: Legislativas do 10 de março. Porque nós Portugueses no estrangeiro devemos votar?


Após a dissolução do Parlamento pelo Presidente da República, os Portugueses são chamados a votar no dia 10 de março para formar um novo Governo. Os Portugueses residentes no estrangeiro e inscritos nos Consulados, por volta de 1 milhão e quinhentos mil, também eles vão poder votar por correspondência em larga escala embora haja a possibilidade de votar presencialmente nos Consulados na condição de se terem inscrito antecipadamente.

Nas últimas eleições, em 2022, o voto foi repetido para os Portugueses do estrangeiro porque os partidos, após terem acordado aceitar os boletins sem fotocópia de identidade, desentenderam-se quando um partido se apercebeu que finalmente os votos não lhe eram favoráveis!

Nós, Portugueses do estrangeiro, esperávamos que à luz do que aconteceu, as modalidades de voto viessem a ser alteradas, mas como o mandato não foi até ao fim, ainda não foi desta. Só nos resta rezar para que o próximo Governo o venha a fazer porque todos eles quando estão na oposição são a favor e quando lá chegam há sempre problemas, técnicos, constitucionais, etc. No nosso parecer o que há é falta de vontade política para mudar as coisas!

Portanto como nada mudou, os Portugueses vão receber um envelope registado com um boletim e dois envelopes. Devem escolher o partido e pôr o envelope dentro do boletim de voto para esse efeito sem mais nada e a fotocópia do bilhete de identidade ou do cartão de cidadão no segundo envelope para que o que aconteceu em 2022 não se venha a repetir. É importantíssimo respeitar estas condições porque desta vez, os boletins que não respeitarem escrupulosamente o método de voto, serão anulados. Milhares de votos serão anulados e isso é muita pena!

Mas porque será que muitos não enviam a fotocópia do cartão do cidadão ou bilhete de identidade?

A razão mais óbvia é porque receiam enviar dados pessoais e em parte compreende-se, mas devia ser explicado ao eleitor que essas fotocópias são logo destruídas uma vez o voto contabilizado. Portanto, se quiser que o seu voto conte, respeite o procedimento porque senão o seu voto vai diretamente para o lixo!

Saber isto é capital para os que vão votar, mas acontece que muitos não vão enviar o boletim de voto e por que razão?

A razão evocada muitas vezes é porque não serve para nada ou porque não vivem no país, para não falar daqueles que dizem que são todos iguais e sem falar em outros argumentos mais escabrosos.

Votar além de ser um dever, é uma forma de exercer o seu poder!

Por que se deve votar? A maior parte dos Portugueses têm bens ou dinheiro nos bancos em Portugal, as reformas fiscais, o IMI, dizem-lhe respeito, os impostos, dizem-lhe respeito, as reformas para os que estão a regressar, os centros de saúde, tudo isto dizem-lhes respeito.

Os que vivem no estrangeiro, o atendimento nos Consulados, o ensino do português nas escolas, os apoios ao mundo associativo, tudo isto diz-nos respeito e é por estas e muitas outras razões que se deve votar.

Para que o milhão e quinhentos mil inscritos exerçam o seu poder, a única maneira de o fazer, é votar!

Votar em quem quiser, mas votar… em partidos que respeitem a Constituição, a Democracia, a Liberdade!

Àqueles que estão tentados em votar no Chega porque dizem que em Portugal há muitos estrangeiros que não trabalham e só vêm para aproveitar das prestações sociais, ainda bem que em Lisboa há Paquistaneses na cozinha dos restaurantes, Brasileiros para servir e turistas nas mesas, senão os restaurantes estariam vazios!

Onde estão os jovens portugueses para trabalhar? Estão no estrangeiro. Milhares deles ‘enxutados’ pelo Governo de Passos Coelho que os incitou a partir para encontrar emprego. O Governo de António Costa talvez não tenha feito tudo bem, mas nunca os incitou a partir, bem pelo contrário, criou o programa Regressar.

Antes de votar, pensem só nos 5 milhões de Portugueses que vivem no estrangeiro, pensem quando vieram a salto para fugir a um regime ditatorial, pensem quando eram vítimas de racismo e quando lhe diziam que vinham para roubar o trabalho dos Franceses e aos mais jovens que nasceram em França e que não sabem o que é viver sob uma ditadura, perguntem aos vossos avós, aos vossos pais e talvez mudem de opinião!

No ano em que se vai comemorar os 50 anos do fim da ditadura, em 1974, é bom não perder a memória para o que aconteceu nunca venha a acontecer!

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António Oliveira

Secretário-Coordenador da Secção do PS de Paris – Île de France