LusoJornal / Mário Cantarinha

Opinião: Um pequeno texto para uma grande vitória

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A noite eleitoral de 30 de janeiro de 2022 nem sequer podia ter sido sonhada de tão inesperadamente feliz que foi.

Quem se entregou a esta campanha, e muito particular os militantes socialistas, de forma demasiada virtual porque os estirpes andavam ainda muito à vontade, máscara no nariz na mesma, sempre acreditaram que o PS venceria estas eleições. De forma tão límpida e tão impecável é que não: Maioria Absoluta!

A meados da campanha, quando tudo indicava uma vitória socialista embora tédia, as sondagens acabaram por plantar um grande ponto de interrogação e despertar dúvidas sérias até nas atitudes dos mais humildes no que diz respeito à vontade popular de designar o PS para garantir estabilidade, até se fosse afastar-se do sonho de mais felicidade para todos.

Certeza? Nenhuma, nunca e foi pena não se ter prestado mais atenção aos indecisos nas numerosas sondagens mais ou menos «videntes». Aliás, os tais indecisos responderam direta, imparável e palatinamente nas urnas. O povo é quem mais ordena, sempre: o PS de António Costa guarda as chaves da casa do país, do seu destino e da sua esperança, bem como as chaves das casas «de fora», espalhadas pelo mundo inteiro, aquelas edificadas pelas mãos de um povo que sabe estar em qualquer lugar porque é sabido: «ser português, é ser tudo». (1)

Une fois n’est pas coutume, Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente da República, indigitou o vencedor viriatesco das eleições legislativas antecipadas como Primeiro Ministro, todavia à distância porque o Covid-19 esmorecido mas ainda teimoso e mais à espreita do que os antivax, não deixou que o ritual republicano se concretizasse. Maldito seja o Ómicron que adiou outra vez uma alegria histórica cujas imagens faltam ainda por gravar nas nossas memórias do Salto e dos seus filho.as.

Paciência menina!, diz-se em Portugal. Afinal de contas, vale a pena esperar mais uns dias suplementares, sinal de respeito e consideração, afinal de contas e antes de contar os votos, da vontade política dos Portugueses que residem no estrangeiro. Se o Artigo 14 da Constituição de Portugal garante a sua plena e plenipotenciária existência desde 1976, a sociedade portuguesa continua infeliz e injustamente ignorante de um pedaço dela própria (nós cá fora).

Pois. Os resultados dos círculos eleitorais no estrangeiro só serão apurados no final do dia 9 de fevereiro. Antes, sem conhecer a vontade de quem vive fora de Portugal, não deve haver Governo nomeado, nem tomada de posse. Muito bem. Não, não é costume mas deverá sê-lo doravante. Um Governo é Governo quando contempla a vontade inteira do seu povo ou seja após cada voto ter sido apurado.

Será que a nossa participação, a participação dos Portugueses no estrangeiro foi muito melhor, apesar de problemas antigos se terem mantido como a chegada épica dos boletins de voto às casas em certos países pelo menos? Porém, como não saudar o trabalho exemplar do MAI quanta como qualitativamente incomparável com outras experiências (raras) de outros país do planeta? Nesta altura pouca encorajadora à participação cívica e política, o seu empenho é de saudar.

Além de uma participação histórica por confirmar ainda, será que o PS foi votado tanto como em Portugal para reforçar a maioria de António Costa? Será que os eleitores de esquerda se afastaram do PC e do Bloco de Esquerda para dar mais assentos ao PS? Até porque dois assentos não são em demasia para lutar por mais direitos do lado socialista. Será que o Chega roeu seriamente uma anca do PSD no círculo da Europa, aliás um PSD que não fez campanha nenhuma? Será que a Iniciativa Liberal roeu a outra anca do PSD em ambos os círculos do estrangeiro?

Será desta vez, que na História de uma país global, uma filha do Salto terá assento na Assembleia da República, já que jamais, por vontade política nenhum.a protagonista do Salto, o foi? Agora e no futuro, eleito.a nem por uma, nem por duas mas por três gerações forte e continuamente ligadas a Portugal como se lá vivessem todos os seus dias apesar de viver cá? Será mesmo?

Não se sabe. Só se sabe que dia 9 de fevereiro será um dia cheio de sol, aqui em França. Só se sabe que tudo o que foi vivido fiel e incansavelmente há década e meia são anos de militância incontestáveis e que deram frutos bons em termos de leis progressistas. Uma prova da importância crescente desta causa de força maior, uma causa portuguesa ou seja uma causa muito universal para nós. Na verdade, é que as rosas estão menos tristes nos jardins do mundo, isso graças às rosas de Portugal. Bem hajam!

Ficamos atentos, mobilizados, comprometidos, apaixonados na defesa dos direitos de cada concidadão da Europa e do Mundo. Contem comigo, eleita Deputada ou não. Porquê? «Porque é preciso tocar o sino que cada homem tem no coração» (2). Só assim é aceite honrar uma história única no mundo cujas raízes e cujos primeiros capítulos vos pertencem e que continuaremos a escrever juntos se Deus quiser… Aqui têm este pequeno texto para saudar uma grande vitória, uma vitória nossa também! Também Somos Portugueses. Também aquele azul do céu português mora em nós e tornou-se ainda num azul mais à nossa maneira!

 

Notas:

1 Fernando Pessoa.

2 Verso de Manuel Alegre.

 

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