Opinião: Vamos a votos… outra vez ou OVNIS à Portuguesa

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Após a incrível, inexplicável, inaceitável, indescritível e absolutamente indecente atitude dos representantes do PSD relativamente à contagem dos votos da emigração pelo círculo da Europa, na qual os excelentíssimos senhores decidiram que fossem anulados 80% dos citados devido não só à falta da cópia do documento de identificação, mas também porque, ainda segundo os mesmos, tinham sido “misturados” votos acompanhados de identificação com outros não identificados, o que teria invalidado o processo.

Pois é exatamente disso que se trata, OVNIS, sigla que neste caso não significa “Objetos Voadores Não Identificados” mas sim “Outros Votos Não Identificados”, segundo o PSD, que por isso não poderiam ser contabilizados no círculo da Europa mas que, muito estranhamente, foram válidos e contados a 100% no círculo fora da Europa.

Assim fica a pergunta, quem é que está fora da realidade ou até do planeta Terra, que devido à falta de uma identificação que já consta no código de barras e que nas eleições de 2019 tinha sido considerada apenas pró-forma tem o desplante e o desrespeito máximo pelos Portugueses na Europa e decide, do alto da sua arrogância, que os seus votos não contam, o que é o mesmo que dizer que os Portugueses no estrangeiro não contam, a não ser para enviar milhões e milhões de euros anualmente para Portugal e contribuir para a economia portuguesa quando vão de férias ao país que ainda consideram como sua Pátria.

Portugueses no estrangeiro excluídos da política portuguesa foi e continua a ser uma triste realidade, assim como é triste constatar que sucessivos Governos em Portugal persistem num comportamento indiferente, sem verdadeiramente melhorar a participação cívica e política dos dos cidadãos portugueses nas Comunidades, inclusivamente no respeitante às eleições para a Presidência da República, que continuam a ser presenciais, embora seja facto amplamente conhecido que muitos residem a centenas de quilómetros dos Consulados, vendo-se obrigados, caso desejem votar, a dispender muito do seu tempo e do seu dinheiro.

Por iniciativa do Bloco de Esquerda, o voto postal passou a ser gratuito, quando anteriormente era pago, mas se formos ao âmago da questão os Portugueses no estrangeiro pagam para votar, assim como pagam para as poucas aulas de Português, obrigatoriamente lecionado como língua estrangeira, que os seus filhos ainda têm.

A decisão de repetir as eleições para o círculo da Europa foi justa, mas, mesmo assim, se o objetivo era reduzir o número de votos, foi já atingido, não só por o prazo ser curto para o envio dos boletins de voto, mas também porque muitos votantes haverá que, desiludidos e até ofendidos por terem visto os seus votos serem deitados ao lixo, possivelmente tratarão do mesmo modo os novos boletins que receberem.

Resta deixar aqui o apelo para que não façam isso. Sim, trataram-nos mal, foi uma perfeita vergonha o que sucedeu, a juntar-se a muitas outras poucas-vergonhas sucedidas no passado.

Mas o facto é que, se não repetirmos o voto, reduziremos as possibilidades de ser ouvidos. E também as possibilidades de modificar o que urge ser modificado.

Ignoremos aqueles extraterrestres políticos, vindos de outro planeta e desconhecendo as regras da democracia e dos direitos básicos dos cidadãos, que ansiavam por anular os nossos votos!

Ignoremos a estupidez e má-fé de quem nos ignorou , mostrando que estamos cá, sim, estamos cá, somos Portugueses, queremos votar e vamos votar para nunca mais sermos ignorados nem desprezados.

 

Maria Teresa Duarte Soares

Cabeça de lista do Bloco de Esquerda pelo círculo da Europa

 

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