Os trocadilhos de Marine Le Pen com o ensino da língua portuguesa

A líder do Rassemblement National, Marine Le Pen, deu uma entrevista aos jornalistas Pedro Coelho, da SIC, e Daniel Ribeiro, do Expresso, onde foi interrogada se estava contra o ensino da língua portuguesa no ensino primário.

“Nós temos em França um sistema que se chama Ensino da língua e da cultura de origem e eu digo que isso não é o papel da Educação nacional” respondeu Marine Le Pen. “O papel da Educação nacional é de ‘fazer’ os filhos dos Franceses, que falam francês e foi o que nós fizemos com as gerações de Portugueses que imigraram para a França”.

No entanto, há mais de dois anos que o português não é ensinado em França no quadro do Ensino de língua e cultura de origem (ELCO). Aliás, este ano, já nenhuma língua é ensinada em França, nas escolas primárias francesas, no quadro deste ensino. Marine Le Pen parece desconhecê-lo.

A língua portuguesa é ensinada em França, o quadro do programa EILE, Ensino internacional das línguas estrangeiras. Isto é, não se trata de um ensino de língua e cultura de origem, reservado apenas aos descendentes de Portugueses, mas sim a todos os alunos, inclusivamente franceses, que queiram começar a aprender a falar português, porque o Português é uma das línguas mais faladas no mundo.

Referindo-se aos alunos, Marine Le Pen diz que “a ideia de os ‘enviar’ para as suas origens e para a sua cultura, não faz sentido”. Mostra pois desconhecer o dispositivo EILE e mostra também desconhecer de que forma é ensinado o ensino da língua portuguesa em França, que aliás é financiado pelo Governo português, sem custos para a Educação nacional francesa.

Ficamos sem saber o que pensa Marine Le Pen do facto de ser o Governo português a pagar o ensino de uma língua estrangeira aos filhos dos Franceses.

Na mesma entrevista, a líder do Rassemblement national acrescentou porém: “mas que nas famílias haja esse respeito pela cultura, essa aprendizagem da história, manter a língua, claro, evidentemente que isso não choca ninguém, nenhum francês se choca com isso”. Esta é uma liberdade que Marine Le Pen ainda não põe em causa. Não se percebeu, na entrevista, se se aplica a todas as línguas e a todas as Comunidades.

 

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