Parlamento português aprovou voto de congratulação pela participação de portugueses na reconstrução da Notre Dame


A Comissão dos Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas da Assembleia da República aprovou por unanimidade um Voto de Congratulação sobre a participação de empresas, operários e artesãos portugueses na reconstrução da Catedral de Notre Dame, em Paris.

“A reconstrução da Catedral de Notre Dame de Paris, uma obra de extraordinária complexidade técnica e exigência de rigor, envolveu mais de dois mil trabalhadores e cerca de 250 empresas, com uma importante participação portuguesa, que merece ser assinalada e reconhecida” diz o texto cujo primeiro subscritor foi o Deputado Paulo Pisco, eleito pelo círculo eleitoral da emigração na Europa.

A catedral foi atingida por um incêndio de enormes proporções em 15 de abril de 2019, o que provocou o colapso da torre, perfurando a abóbada, e de uma parte da estrutura em madeira com séculos, que ficou carbonizada e fez derreter a estrutura de chumbo, ameaçando assim seriamente a estabilidade do icónico monumento.

O Vaticano considerou que a reconstrução da catedral, que reabriu no passado 8 de dezembro, “foi uma aventura humana e tecnológica que envolveu muitas centenas de operários especializados e artesãos que replicaram as técnicas e materiais de construção original, cuja inauguração remonta ao ano de 1345. Por isso, é de assinalar a participação portuguesa de empresas, técnicos, artesãos e operários, que foi de enorme relevância”.

“Merece destaque o facto de na catedral reconstruída ninguém poder entrar sem pisar o chão que foi colocado pela empresa Centralpose, de que é Presidente o franco-português Arthur Machado, natural de Leiria, que levou para os trabalhos algumas dezenas de operários, artesãos e técnicos portugueses, entre os quais 17 calceteiros. A sua empresa é uma das principais em França no assentamento de pavimentos e já realizou obras de grandes dimensões em lugares tão emblemáticas como a Place de la République ou nos Invalides. Foi da sua responsabilidade todo o pavimento do adro que dá acesso à catedral, onde foram colocadas cerca de dez toneladas de lajes em 5 mil metros quadrados. Cada peça foi desenhada uma a uma, num projeto concebido ao longo de seis meses por uma equipa da empresa liderada por um engenheiro português do Fundão, Carlos dos Santos, e colocadas por calceteiros também eles portugueses, dirigidos por Firmino de Jesus, de Leiria, naturalmente partilhando todos o enorme orgulho por terem participado na recuperação de uma obra tão emblemática” lê-se no texto hoje aprovado.

O Voto fez referência também à empresa Beetsteel, com sede em Braga, especializada na serralharia de produtos em inox, que foi a escolhida para a colocação dos passadiços corta-fogo, cujo destaque já foi dado pelo LusoJornal.

Paulo Pisco acrescentou que a excelência do trabalho e dos técnicos, artesãos e operários que participaram na reconstrução da Catedral foi reconhecida pelo Presidente francês Emmanuel Macron, e pelas autoridades eclesiásticas francesas e pelo Vaticano. “Todas essas mãos precisas e habilidosas merecem respeito e admiração. O que eles fazem é sempre extraordinário. Trabalhar com tanta precisão, com tantas técnicas diferentes para encontrar o espírito do lugar”, disse o Arcebispo de Paris, Laurent Ulrich, citado no texto aprovado no Parlamento.

“Por isso, também a Assembleia da República deve ter uma palavra de reconhecimento pela participação de empresas, artesãos, técnicos e operários portugueses na reconstrução de um dos mais emblemáticos monumentos do mundo, prestando-lhes assim a devida homenagem, tanto mais que a França é um país onde a presença portuguesa e de lusodescendentes é muito relevante e influente em todos os domínios da sociedade, como mais uma vez se comprova”.

Para além de Paulo Pisco, assinaram também este texto os Deputados João Paulo Rebelo, Edite Estrela, Eurico Brilhante Dias, José Luís Carneiro, Gilberto Anjos, André Rijo e Pedro Sousa. Os Deputados portugueses congratulam-se pela participação portuguesa de empresas, artesãos, técnicos e operários na reconstrução da Catedral de Notre Dame de Paris, “reconhecendo a sua importância para a valorização da Comunidade portuguesa em França e para a projeção de Portugal”.