Parlamento quer que o Estado também compre campanhas de publicidade aos media portugueses no estrangeiro

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O Parlamento português debateu ontem à tarde um Projeto de Lei apresentado pelo Partido Socialista, do qual o primeiro subscritor é o Deputado Paulo Pisco, eleito pelo círculo eleitoral da Europa, que “Assegura o acesso às campanhas de publicidade institucional do Estado aos órgãos de comunicação social direcionados às Comunidades portuguesas no estrangeiro”.

“A comunicação social é reconhecidamente um dos pilares da democracia, pela sua missão de informar e formar de maneira livre e independente. As sociedades são mais fortes quando os indivíduos que delas fazem parte estão devidamente informados e agem de forma consciente na defesa dos seus interesses” disse, na sua intervenção, o Deputado Paulo Pisco.

O Estado compra todos os anos publicidade institucional à imprensa nacional e regional portuguesa. A ideia é que, a partir de agora, seja obrigado a comprar pelo menos 10% dessa publicidade institucional do Estado aos órgãos de comunicação social portugueses no estrangeiro.

Todos os Partidos com assento parlamentar concordaram com a proposta, alguns trazendo contributos para enriquecer a proposta inicial, outros levantando apenas questões de aplicabilidade. Paulo Pisco agradeceu e lamentou que “apenas o PSD, que tem história nas Comunidades, ficou fora deste debate”.

O Projeto de Lei vai agora “descer” à Comissão, antes de regressar para aprovação final ao Plenário da Assembleia da República.

Para além de Paulo Pisco, a Proposta foi também assinada pelos Deputados Carla Sousa, Rosário Gamboa, Francisco César, Nathalie Oliveira, Pedro Delgado Alves, Berta Nunes, Edite Estrela, Romualda Fernandes, Anabela Real e Susana Santos.

 

Intervenção do Deputado Paulo Pisco

 

“A comunicação social é reconhecidamente um dos pilares da democracia, pela sua missão de informar e formar de maneira livre e independente. As sociedades são mais fortes quando os indivíduos que delas fazem parte estão devidamente informados e agem de forma consciente na defesa dos seus interesses.

Com a evolução tecnológica dos últimos anos, houve uma clara necessidade de adaptação dos órgãos de comunicação social para responder aos hábitos de consumo e de imediatismo no acesso à informação. Com a crescente eficiência e abrangência da internet, a pluralidade e diversidade das fontes de informação aumentou enormemente, afetando a sobrevivência de muitos órgãos de comunicação social.

Neste contexto, tem-se assistido na imprensa escrita, na rádio, na televisão e demais meios de comunicação, a uma transformação nas suas estruturas de funcionamento e na forma de apresentação de conteúdos. Se os órgãos de comunicação social nacionais passaram e passam por grandes dificuldades de adaptação, levando até ao desaparecimento de muitos, o mesmo acontece nas comunidades portuguesas.

Nos países onde existem Comunidades portuguesas verifica-se de uma maneira geral uma certa tendência para que os nossos compatriotas se dispersem pelo território. E são precisamente os órgãos de comunicação social que podem dar à Comunidade maior coesão, unindo-a, ao permitir saber quem são, o que fazem e onde estão, divulgando os direitos, deveres e oportunidades no país que escolheram para viver, o que, naturalmente, constitui um importante contributo para reforçar o sentido de pertença.

Informar sobre temas de interesse da Comunidade, preservar e divulgar a língua portuguesa, chegar aos lusodescendentes, promover a cultura e as tradições, dar a conhecer as iniciativas do movimento associativo, incentivar a participação cívica e política nos países de acolhimento e para as eleições em Portugal em que podem participar, revelar as personalidades que se destacam na Comunidade nas suas áreas de intervenção, seja na vida económica, política, cultural, científica ou desportiva, dar voz às mulheres e aos jovens, são dimensões e funções sociais relevantes que fazem parte das preocupações da comunicação social na diáspora, de capital importância para as nossas Comunidades e para o país.

Assim, os órgãos de comunicação social na diáspora são, inegavelmente, um fator de coesão, consciencialização e dinamização, dando força e voz às Comunidades portuguesas, permitindo uma melhor capacidade de afirmação perante as autoridades locais e uma ligação privilegiada ao país de origem, às suas regiões, concelhos e freguesias.

Estamos a falar de jornais, revistas, rádios, televisões ou publicações on-line, na sua esmagadora maioria acessíveis gratuitamente, que constituem efetivamente um elo de ligação primordial entre os membros da Comunidade e um veículo privilegiado na informação do seu interesse, seja no que concerne ao país de acolhimento como em relação a Portugal.

Paralelamente, os órgãos de comunicação social das Comunidades podem e devem ser considerados de grande relevância para as instituições nacionais em ações como o lançamento de campanhas de informação institucional sobre programas, iniciativas ou atos eleitorais em que o principal público-alvo sejam os Portugueses residentes no estrangeiro.

A história e a experiência mostram que, não obstante os órgãos de comunicação social na diáspora desempenharem um papel da maior importância para a Comunidade, nem sempre têm o reconhecimento nem a robustez necessária para desempenharem a sua missão sem sobressaltos, desde logo devido à dificuldade de angariar suficiente publicidade para manter a sua atividade, o que, obviamente, piora em tempos de crise. Daí que, frequentemente, os órgãos de comunicação social das Comunidades vivam com esforço e dificuldades, muitas vezes sobrevivendo através da paixão e dedicação à Comunidade dos seus mentores.

Tal como acontece com os órgãos de imprensa a nível nacional, também nas Comunidades no estrangeiro os meios de comunicação social vivem quase exclusivamente das receitas de publicidade, que são importantes em períodos de normalidade e ainda mais relevantes quando são atingidos por dificuldades conjunturais decorrentes de crises. As receitas em causa são, portanto, essenciais para a manutenção da sua atividade.

Neste sentido, por uma questão de equidade, de reforço dos laços que ligam o país às suas Comunidades e para garantir uma maior coesão dos Portugueses independentemente de onde estejam, é fundamental alterar a lei e dar aos órgãos de comunicação social das Comunidades as mesmas oportunidades e visibilidade que têm os nacionais, locais e regionais.

Esta será também uma forma relevante de reconhecer a sua importância e papel junto das comunidades espalhadas pelo mundo e um contributo sólido para a afirmação de Portugal.

 

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