Prisão perpétua para a franco-portuguesa Sandrine Pissara por deixar a filha morrer à fome_LusoJornal·Comunidade·25 Janeiro, 2025 A franco-portuguesa Sandrine Pissara, de 54 anos, foi ontem condenada pelo Tribunal de Montpellier, a prisão perpétua por torturar e deixar a filha, de 13 anos, morrer à fome em 2020. Após a sentença proferida de prisão perpétua com um período de segurança de 20 anos, o advogado de Sandrine Pissarra, Jean-Marc Darrigade, disse aos jornalistas, à saída do tribunal, que a mãe da adolescente decidiu “não recorrer”. “Ela já aceitou a sentença proferida pelo Tribunal de Hérault para evitar impor aos seus filhos a carga emocional e a dor de um novo julgamento”, afirmou o advogado, referindo-se aos seis dos oito filhos vivos de Sandrine Pissarra (além de Amandine, um bebé faleceu no berço anteriormente). Também o seu companheiro na época e padrasto de Amandine, Jean-Michel Cross, de 49 anos, foi considerado culpado, por ter assistido à violência e à privação de alimentos da adolescente durante quatro anos sem agir, e terá de cumprir 20 anos de prisão, uma pena mais severa do que a pedida pelo Ministério Público. O pai de Amandine também é franco-português, Frédéric Flores. O advogado Luc Abratkiewicz, que defendia o pai da criança, afirmou que “o veredito está à altura da gravidade dos factos”, considerando este um “julgamento extraordinário”. “Não é possível explicar a barbárie e a tortura”, afirmou o advogado, referindo que o seu cliente “não estava ali por vingança”, mas que “foi feita justiça para a sua filha”. Antes da sentença, o procurador-geral Jean-Marie Beney pediu prisão perpétua para Sandrine Pissarra e 18 anos de prisão para o “colaborador cobarde do sistema”, Jean-Michel Cross, que “privou Amandine de cuidados até à sua morte”. . Em 06 de agosto de 2020, no dia em que morreu de paragem cardíaca e septicemia na casa da família durante o confinamento da Covid-19, Amandine, que tinha 1,55 metros de altura, pesava apenas 28 quilos, após ter sido fechada durante semanas numa arrecadação sem janelas e privada de comida e bebida. O julgamento, que teve início na segunda-feira em Montpellier, mostrou “o horror, o impensável, o indescritível”, disse Jean-Marie Beney, referindo-se a uma “ditadura familiar” em que, desde muito jovem, Amandine foi “espancada, esmurrada, pontapeada, agredida com uma vassoura, teve os seus cabelos arrancados, gritos, insultos e empurrada repetidamente”. O Procurador-geral detalhou ainda um desejo de “destruir a sua personalidade”, com “violência, (…) sermões intermináveis”, tortura com isolamento e “nudez forçada a uma rapariga de 13 anos” por parte da mãe da adolescente. Nos últimos anos, Sandrine Pissara negou que a filha tivesse sido vítima de maus tratos, mas durante o julgamento admitiu a violência “entre 2014 e 2020” e “os atos de tortura e de barbárie cometidos entre 17 de março e agosto” daquele ano.