Projeto Literando promove língua portuguesa em França através de arte lusófona


Um projeto em França está a promover a língua portuguesa a públicos de todas as idades através da arte lusófona, focado na literatura infantojuvenil e com a presença de artistas lusófonos.

O projeto chama-se Literanto, foi criado em 2022 por Sara Novais Nogueira, e tem vindo a aumentar a curiosidade e conhecimentos sobre a língua portuguesa através de atividades multigeracionais.

“O Literanto surgiu com as atividades de trazer os artistas lusófonos a Paris para dar a conhecer a estas novas gerações e poder juntar as famílias com isso”, afirmou Sara Novais Nogueira, em entrevista à Lusa.

“O objetivo principal é fomentar a língua portuguesa através das artes, sobretudo através da língua, da leitura e da literatura infantojuvenil, porque eu acho que é fundamental e é a base de toda a literatura”, acrescentou a educadora de infância.

O projeto começou com atividades informais voltadas para as famílias e dirigido para um público infantojuvenil e, atualmente, é “dos zero aos 100”, com a presença de autores na Biblioteca Calouste Gulbenkian em Paris, em escolas da rede de Coordenação do Ensino Português no Estrangeiro e em cursos universitários de letras para futuros professores da língua portuguesa em França.

“Esta geração que está a aprender a língua portuguesa, é fundamental que continue a manter esta ligação com a língua e que possa tomar conhecimento destes artistas que são lusófonos, não só de Portugal, mas também do Brasil e da África lusófona”, disse a responsável, acrescentando que o domínio do português pode ser uma ferramenta a nível pessoal e profissional.

No início de fevereiro, o escritor Carlos Nuno Granja esteve em Paris para realizar oficinas de escrita criativa em escolas para alunos de diferentes níveis de aprendizagem de português e realizou também uma atividade na Biblioteca Calouste Gulbenkian.

O escritor “contou algumas das suas histórias e realizou uma pequena oficina de escrita e ilustração, devido à camada que era mais jovem”, indicou a autora do projeto.

Este ano ainda estão agendadas três atividades.

Para 29 de março está marcada uma mesa-redonda ‘online’ aberta a toda a comunidade, na plataforma Zoom, com a escritora brasileira Cláudia Nina para apresentar o seu livro “Palavras ao Mar”, que explica como nasceu a língua portuguesa.

Em 04 de maio, haverá uma mesa de debate na Calouste Gulbenkian de Paris com a escritora e poeta brasileira Susanna Busato sobre contos tradicionais e contos modernos para jovens adultos. No final realiza-se uma atividade para as crianças com a leitura de histórias infantojuvenis e um atelier ligado à primavera.

Entre setembro e outubro, está prevista uma “exposição de uma artista que tem tudo a ver com o 25 de abril, com os rostos da liberdade”, mas dependerá das verbas de instituições e de empresários que o projeto tiver para poder realizar mais atividades relacionadas com o tema, quando se celebram os 50 anos do 25 de abril, de acordo com a responsável.

A intenção é convidar este ano algumas pessoas ligadas à rádio, escrita e artes plásticas que vivenciaram a Revolução de Abril, para “mostrar às camadas jovens que não sabem, nem viveram essa época o que é que foi e o que é que simbolizou”, informou a autora.

Sara Novais Nogueira mudou-se para Paris em 2012, onde tirou o mestrado em Línguas, Literaturas e Civilizações Estrangeiras, com especialidade em português lusófono.

Durante o mestrado, ao participar no projeto literário Printemps Littéraire Brésilien que trazia autores do Brasil, a educadora de infância percebeu que poderia organizar atividades mais ligadas a Portugal, algo que não era muito comum na França, apesar de ter a maior comunidade portuguesa de emigrantes.

Em 2022, Sara Novais Nogueira assumiu funções de Diretora do Conselho Cultural da Associação Internacional de Lusodescendentes (AILD) em França e desenvolveu o projeto literário infantojuvenil, com o apoio da AILD e da Fundação Calouste Gulbenkian em Paris.

LusoJornal