Saúde: Artrite reumatoide. A doença que afeta três vezes mais mulheres do que homens

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Dores fortes e inchaço das articulações são alguns dos principais sintomas da artrite reumatoide, uma doença que se estima afete entre 50 a 70 mil pessoas em Portugal

A artrite reumatoide pode ainda ser uma doença desconhecida para a maioria da população, mas a verdade é que se estima que afete entre 50 a 70 mil portugueses, muitos deles por diagnosticar e alguns por tratar. Apesar de ser uma doença crónica, o tratamento pode levar à remissão da patologia e fazer com que o paciente tenha uma vida sem limitações ou incapacidades.

A artrite reumatoide é uma doença inflamatória crónica de causas ainda desconhecidas e que afeta de forma generalizado os órgãos, tendo maior expressão nas articulações.

Esta doença, cujos primeiros sintomas surgem habitualmente entre os 30 e os 50 anos, afeta, duas a três vezes mais mulheres do que homens, embora a frequência seja igual quando o aparecimento é tardio e a doença diagnosticada em idades mais avançadas.

Dores, inicialmente por crises agudas com incapacidade e duração variáveis, inchaço das articulações com calor local, e agravamento noturno ou pela madrugada, seguido de uma rigidez matinal superior a uma hora, são alguns dos sintomas mais frequentes que, devem despertar a atenção do médico para esta doença.

Inicialmente são mais atingidas as mãos e os punhos, os pés e os cotovelos, ombros, joelhos e tornozelos. Mais raramente, a coluna cervical e as articulações mandibulares (abrir e fechar a boca) podem também ser afetadas. Se estes sintomas se manterem por mais de uma semana deve consultar o seu médico e se persistirem mais de quatro semanas, deve consultar um reumatologista.

Um sinal mais frequente e de precoce manifestação da artrite pode também ser a anemia, que pode preceder de meses ou anos o despertar da artrite reumatoide. Sendo esta uma doença sistémica pode afetar outros órgãos ou sistemas como por exemplo a pele – com aparecimento de nódulos duros e móveis – os olhos (sensação de areias ou corpo estranho) ou a boca com secura excessiva. Os pulmões, rins e coração podem mais raramente ser afetados.

O diagnóstico é clínico, ouvindo o doente sobre o modo de início, a localização e as características da dor, observando e palpando as articulações. Em caso de dúvida, a patologia pode ainda confirmar-se com algumas análises mais especificas – mas que, nem sempre estão positivas – e meios de imagem como o RX, a ecografia osteoarticular com técnica adequada e se houver dúvidas quanto à atividade inflamatória e localizações da doença, sobretudo em formas assintomáticas ou de baixa inflamação a ressonância magnética.

Apesar de as causas para o aparecimento da doença serem ainda desconhecidas, já possível identificar alguns fatores de risco nas mulheres, como o tabagismo e algumas infeções bacterianas ou virais suspeitadas. Deste modo, manter um estilo de vida saudável pode ajudar a impedir o aparecimento da patologia.

Quanto à hereditariedade, esta não é uma doença hereditária, mas existe uma tendência para que ocorra em certas famílias e os estudos em gémeos mostram que se um deles tiver artrite reumatoide a probabilidade de o outro vir a ter é quase 20 vezes superior ao risco da população geral. No entanto, a contribuição dos genes é estimada em 60% o que significa que outros fatores existem de causa ambiental.

O tratamento adequado pode levar à remissão da doença e fazer com que a pessoa tenha uma vida sem limitações ou incapacidades. Descuidada ou não tratada é uma causa importante de dias perdidos e sem qualidade, reformas antecipadas, invalidez precoce e diminuição da esperança de vida.

Deste modo, iniciar o mais cedo possível os fármacos modificadores da doença (e não ficar apenas pelos anti-inflamatórios ou analgésicos) e procurar um reumatologista nos primeiros seis meses da doença, é crucial para o prognóstico da doença. Além disso, “conhecer melhor a sua doença e informarem-se em locais fidedignos”, como o site da Sociedade Portuguesa de Reumatologia ou a ANDAR-Associação Nacional de Doentes com Artrite Reumatoide é essencial.

É sabido que nos doente mais informados, a gravidade da artrite reumatóide é menor e o prognóstico melhor.

Dr. António Vilar

Reumatologista

Presidente da Sociedade Portuguesa de Reumatologia

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