Saúde: Enxaqueca nas crianças

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A ideia de que a enxaqueca só acomete adultos, não é verdadeira, pois a enxaqueca existe também em idade pediátrica, podendo mesmo surgir em fases muito precoces da vida sob a forma de equivalentes migrainosos de manifestação na infância. Isto significa que existem algumas manifestações clínicas que podem surgir cedo na vida e que vão dando algumas pistas para o eventual desenvolvimento de uma cefaleia, mais tarde, de características muito sugestivas de uma enxaqueca.

A classificação internacional de cefaleias compreende, neste grupo, o torcicolo paroxístico, a vertigem paroxística benigna e o distúrbio gastrointestinal recorrente, onde se incluem os vómitos cíclicos e a enxaqueca abdominal.

Independentemente da ocorrência ou não destas manifestações, a enxaqueca é uma cefaleia primária frequente em crianças e adolescentes – de uma forma genérica, assume-se que represente cerca de 10% dos casos de cefaleia em idade pediátrica (com a ressalva de que não existem muitos estudos robustos sobre este assunto, na literatura médica).

Exercício físico

A prática regular de exercício físico é altamente recomendável, por todos os efeitos preventivos e promotores do bem-estar que lhe estão manifestamente associados. No caso concreto da enxaqueca, existem alguns estudos interventivos que recomendam a prática de exercício aeróbico, de moderada intensidade (mínimo de 40 minutos por sessão, 3 vezes por semana) com o objetivo de reduzir a frequência, duração e gravidade das próprias crises.

Poder-se-á naturalmente especular sobre os mecanismos biológicos deste benefício, mas há também que ter em consideração que a intolerância ao exercício é algo que pode ser manifestação da própria crise de enxaqueca e existem pessoas para quem o exercício vigoroso pode funcionar como desencadeante de crises.

Como tal, a ponderação e o bom-senso são cruciais para a apreciação da afirmação de que o exercício previne a enxaqueca. De facto, se praticado com moderação, pode ser um agente promotor da qualidade de vida e do bem-estar da pessoa com diagnóstico de enxaqueca, contribuindo para uma melhoria global do estado de saúde; no entanto, se considerado como potencialmente desencadeante de crises por qualquer pessoa com o diagnóstico de enxaqueca ou se praticado com demasiada intensidade, poderá ter um efeito inverso.

Dr. Filipe Palavra

Neurologista

Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra – Hospital Pediátrico

Docente da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra

Vice-Presidente e Secretário Geral da Sociedade Portuguesa de Neurologia

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