Comité ASM / Bernard Lhoumeau

Soldados portugueses da I Guerra mundial foram homenageados em Bordeaux

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Numa iniciativa do Comité Aristides de Sousa Mendes, que também é Delegação da Liga dos Combatentes de Bordeaux, foi prestada homenagem, na sexta-feira da semana passada, a dois soldados portugueses que estão no talhão militar do Cemitério Norte de Bordeaux.

A homenagem teve lugar no dia em que se comemorou 103 anos da Batalha de La Lys (que começou a 9 de abril de 1918, no norte da França), junto à campa do soldado Alves Afonso do Carmo, já que o soldado Manuel Marco Viegas está enterrado numa vala comum.

“Portugal teve um contributo extraordinário na I Guerra mundial com intervenção no solo francês e essa página da história foi muitas vezes ocultada, foi muitas vezes esquecida. Esquecida em Portugal, porque o regime português nunca assumiu essa implicação, e esquecida em França, porque os franceses acabaram por esquecer quem os veio ajudar” disse ao LusoJornal Manuel Dias do Comité Aristides de Sousa Mendes. “Na memória dos franceses está a presença dos ingleses e dos americanos, mas as outras nações que contribuíram para a libertação da França foram muitas vezes ignoradas. Pertence-nos a nós, com determinação e com modéstia, recordar essa página da história”.

Para além de Manuel Vaz Dias, em representação do Coletivo Aristides de Sousa Mendes, participou também Pascale Roux, Conselheira municipal delegada à solidariedade internacional da cidade de Bordeaux e Jorge Silva, em representação do Cônsul Geral de Portugal naquela cidade. Participaram ainda o Presidente da União departamental da Gironde dos Antigos Combatentes e o Presidente nacional dos Porta-Estandartes. O estandarte da Liga dos Combatentes foi, como habitualmente, levado pela portuguesa Maria Luiza Arnaud.

A primeira parte da homenagem teve lugar junto ao Monumento aos mortos da cidade de Bordeaux, na praça do 11 de novembro, seguindo-se uma romagem ao Cemitério Norte de Bordeaux, em Bruges, onde foi deposta uma coroa de flores junto à campa do soldado Alves Afonso do Carmo.

Manuel Dias lembrou que Portugal mobilizou 55.000 militares para o Corpo Expedicionário Português (CEP), “mas esta implicação militar foi completada por trabalhadores portugueses que vieram para trabalhar na economia de guerra. No total foram 81.600 portugueses enviados para França”.

Jorge Silva leu uma mensagem do Cônsul-Geral de Portugal em Bordeaux, Mário Gomes, onde lembrava que quando esteve em posto em Paris, participou por várias vezes nas comemorações da Batalha de La Lys, no norte da França, e destacou a importância destas comemorações.

“É fundamental que estas cerimónias e estas memórias sejam preservadas por várias razões: primeiro porque houve milhares dos nossos compatriotas que, no início do século XX, vieram para França para defender um projeto de liberdade e de sociedade e esse projeto foi, depois, um dos pilares para a construção da Europa que nós conhecemos hoje. Mas devemos não só recordar estes soldados, mas também todos aqueles trabalhadores que durante este período vieram contribuir para o esforço de guerra” disse Jorge Silva ao LusoJornal.

Pascale Roux, a Conselheira municipal delegada à solidariedade internacional da cidade de Bordeaux – que estudou em Portugal onde passou aliás o Bac – considera “primordial” continuar a celebrar a amizade franco-portuguesa. A Comunidade portuguesa é muito importante na nossa cidade” disse Pascale Roux ao LusoJornal. “Eu sei que a Comunidade judaica portuguesa se instalou em Bordeaux no século XV e desde então tivemos outras vagas, temos pessoas de nacionalidade portuguesa ou de nacionalidade francesa, ou às vezes com dupla nacionalidade, e têm uma grande importância na nossa cidade”.

Manuel Dias considera que uma Europa de paz “só é possível se for construída com alicerces na memória”. “Eu acho que é importante, para nós, os portugueses que residimos em França, de nos apropriarmos desta página da história da França, para melhor comunicar e para melhor dialogar com os franceses, porque isto é uma parte da nossa história comum”.

Na entrevista ao LusoJornal, Manuel Dias destacou que “nós não queremos fazer este trabalho unicamente para a Comunidade portuguesa. São os portugueses que tomam esta iniciativa, mas nós queremos compartilhar isto com os franceses, porque estamos em França e é uma página da história de França que tem que ser reescrita por todos em conjunto e não separadamente”.

A reportagem do LusoJornal, transmitida em direto nas redes sociais, só foi possível graças à colaboração da equipa da rádio Os Latinos 33, dirigida por Victor Santos.

 

Ver reportagem junto ao Monumento aos mortos AQUI.

 

Ver reportagem no Cemitério Norte de Bordeaux AQUI.

 

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