Tabucchi e Portugal na Gulbenkian em Paris

A relação com Portugal do escritor Antonio Tabucchi será relembrada na Delegação em França da Fundação Calouste Gulbenkian, na quarta-feira, dia 27 de março, das 17h00 às 19h00.

O encontro conta com as intervenções de Adrien Bosc, Anna Dolfi, Maria José de Lancastre e José Sasportes. A realizadora e atriz Maria de Medeiros vai ler textos do autor.

Antonio Tabucchi nasceu em Pisa em 1943 e faleceu em Lisboa em 2012 aos 68 anos. Foi um dos maiores escritores europeus das últimas décadas, tendo sido também professor e tradutor. Deixou um importante trabalho literário (mais de vinte obras como o célebre Afirma Pereira (1994) cujo enredo se passa na Lisboa salazarista e que foi levado ao ecrã em 1996 por Roberto Faenza, e ainda Notturno Indiano (1984), Tristano muore. Una vita (2004) ou Mulher de Porto Pim (2009), entre outros).

Foi através de um encontro inesperado com a obra de Fernando Pessoa, nomeadamente o poema “Tabacaria” num alfarrabista em Paris nos anos 60 que descobriu Portugal, um país até então esquecido nas fronteiras da Europa. Nessa altura Tabucchi inscreveu-se como ouvinte livre nas aulas de Filosofia da Sorbonne e ia sobretudo ao aos cineclubes em Saint Germain. “Paris era uma janela sobre o mundo inteiro” dizia o autor em entrevista a Anabela Mota Ribeiro para o Diário de Notícias em 2002. E explica que comprou “por mero acaso um livrinho que era a primeira tradução francesa, e acho que em todas as línguas, do Pessoa. Mesmo que naquela altura não tivesse uma grandíssima intuição ou cultura, suspeitei que aquilo era um grande, grande poema. Como acontece naquela idade, a uma descoberta como esta seguiu-se o entusiasmo. Pensei que seria interessante aprender um bocadinho a língua na qual o senhor escreveu o seu poema”.

Paris foi, portanto, uma janela para Portugal, país que se tornou na “pátria que escolhi”, diz Tabucchi onde chegou “num Fiat 500 comprado em segunda mão”, e pátria esta com a qual estabeleceu uma forte relação humana e sentimental.

Em 1969 fez uma tese sobre “O surrealismo em Portugal”, casou com uma portuguesa, Maria José de Lancastre de Melo Sampaio e mais tarde foi nomeado professor de Língua e Literatura Portuguesa na Universidade de Bolonha. O autor era considerado como um dos maiores especialistas de Pessoa, tendo sido o seu tradutor para o italiano. Os livros de Tabucchi estão traduzidos em cerca de dezoito países, tendo obtido vários recompensas como o prestigioso prémio francês “Médicis étranger” pelo seu romance Notturno Indiano de 1984 que conta a história da busca de um amigo que desapareceu em Portugal, ou ainda o prémio France Culture 2002 pelo seu romance epistolar de 2001 Si sta facendo sempre più tarde.

Segundo a organização “este encontro, na presença de amigos, especialistas e admiradores profundos da sua obra, será uma oportunidade para debater a sua relação com Portugal”.

O evento é realizado com o apoio do Instituto cultural italiano de Paris.

 

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Sala de Conferências

Fundação Calouste Gulbenkian – Delegação em França

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