Lusa/Paulo Novais

Torneio internacional de Judo de Paris: Telma Monteiro, estrela portuguesa do judo

Telma Monteiro, a estrela portuguesa do judo, esteve em Paris para o Grand Slam que decorreu no AccorHotels Arena na capital francesa.

Telma Monteiro até tinha começado da melhor maneira a sua participação com um triunfo no primeiro combate frente a búlgara Ivelina Ilieva, mas acabou por terminar na segunda ronda, sendo eliminada pela Canadiana Jessica Klimkait após uma terceira penalização contra a Portuguesa na fase decisiva do «Golden Score», que é o tempo adicional em que qualquer penalização acaba por ditar o afastamento da prova.

Uma prova na qual a atleta olímpica portuguesa já venceu duas vezes em 2012 e em 2015.

O LusoJornal falou com a estrela lusa que conquistou a Medalha de bronze nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro de 2016. Telma Monteiro falou do Torneio de Paris mas sobretudo dos seus objetivos que passam por estar presente nas próximas olimpíadas de 2020 em Tóquio.

 

Como podemos analisar a sua participação neste Grand Slam de Paris?

Senti-me bem. Obviamente não é o resultado que eu queria, mas senti-me bem. Fiz um bom primeiro combate. Senti que estava confiante. O combate com a canadiana era sempre um combate que podia ser considerado como uma final antecipada. Durante o combate senti-me bem, senti-me confiante, e sei que não é fácil explicar isto, dizer isto, depois de ter perdido o segundo combate. Mas também não era qualquer atleta, é uma das melhores do circuito neste momento. Claramente senti que podia ter ganho, e o mais importante para mim é manter os níveis de confiança, continuar a trabalhar, porque tenho mais um Grand Slam daqui por duas semanas, o Grand Slam da Alemanha, e tenho que continuar confiante porque às vezes o resultado não traduz aquilo que tem sido o nosso trabalho, nem a forma em que estamos. Obviamente que queremos mostrar sempre isso com resultados, e com medalhas, mas às vezes não é possível e temos de manter a confiança.

 

O que podemos dizer desse combate frente à Canadiana?

O combate estava equilibrado. Ia ser um combate tático. Somos duas atletas com bastante ritmo e quem consegue manter o mais tempo possível esse ritmo acaba por ter vantagem porque acaba por penalizar a outra. Foi o que aconteceu. Ela sofreu a primeira penalização, porque eu tive um ritmo mais alto com mais ataques, e depois ela conseguiu elevar o ritmo. Frente a estas atletas é necessário ter sempre um ritmo alto e antecipar sempre os ataques. Durante o combate nunca senti que ela pudesse me projetar, acho que ela só esteve por cima em alguns momentos, no número de ataques, e isso fez com que seja penalizada. Isto tudo não é apenas ganhar ou perder. Senti-me bem e senti que posso ganhar na próxima vez.

 

Em alguns momentos olhou para os árbitros no Golden Score…

Olhei para os árbitros porque pensei que tinha pontuado, mas não era, foi perto disso. Por pouco, se ela caísse mais um pouco de lado era waza-ari. Faz parte do jogo. Foi por pouco, mas a alta competição é sempre por pouco e eu não posso pensar assim. Eu tenho de pensar que tenho de ganhar, independentemente de ser por pouco ou por muito. Eu tenho de sair de lá com o resultado positivo porque se não, não me satisfaz. Não me interessa se foi por pouco ou por muito, o que me interessa é ganhar e sei que posso ganhar. Aquilo que me faltou neste combate, vou fazer tudo para que não me falte no próximo combate frente a ela. Sei que estou ao nível do topo mundial. Só preciso de traduzir isso em resultados e acredito que vou conseguir.

 

O primeiro combate foi cedo.. às 9h30…

É um pouco cedo, mas sabemos que isso pode sempre acontecer. Como a prova começa às 9h00, temos que acordar às 7h00, mas isso é igual para todos. Foi igual para a búlgara. Eu estava motivada para competir, motivada para ganhar, e ainda estou. Sinto-me num bom momento mas ainda não consegui mostrar com resultados. O ano é longo e tenho a certeza que vou conseguir traduzir em resultados a forma como me sinto. Mais importante é que psicologicamente senti-me bem.

 

Paris foi apenas uma etapa em 2019?

Paris é uma competição especial, pelo público, pela mística que tem, mas é um Grand Slam como outros que também vou fazer e portanto tem de ser encarado como uma etapa. Tenho experiência suficiente para ver os combates e tirar as coisas positivas, perceber aquilo que há para melhorar. Mas continuo a dizer que me sinto bem e vou traduzir isso em resultados. E novamente sei que não é fácil explicar isso às pessoas, sobretudo quando se perde ao segundo combate. Por vezes temos que pensar que não importa o que as outras pessoas pensam, mas importa sim o que nós pensamos e sentimos. Eu sinto que estou no bom caminho e sinto-me confiante. Eu vou conseguir alcançar os meus objetivos.

 

Quais são os objetivos neste momento?

A minha meta principal é ganhar medalhas para conseguir o apuramento olímpico. Quero estar no pódio do Campeonato da Europa, no pódio do Campeonato do Mundo, são sempre os objetivos do ano. Mas também vou fazer muitos Grand Slams e quero conseguir tirar resultados e medalhas nessas competições também, porque estamos na fase de apuramento para os Jogos Olímpicos e tenho de alcançar pontos para o ranking. Estou tranquila e confiante que vai acontecer.