Um livro por semana: «História, cultura e tradições das Alcanadas», de José Baptista de Matos

José Baptista de Matos, figura bem conhecida da imigração portuguesa em França, emigrou em 1963, vindo de Alcanadas, concelho da Batalha. Viveu no bidonville de Champigny e também em Fontenay-sous-Bois, onde ergueu o monumento ao 25 de Abril. Trabalhou na construção do Metro e do RER de Paris, foi dirigente associativo e Conselheiro das comunidades portuguesas. Faleceu em julho de 2018, com 84 anos de idade.

Na introdução ao presente volume, “História, cultura e tradições das Alcanadas” (edição da Câmara Municipal da Batalha, 2005), José Baptista de Matos escreve: “As minas de carvão das Barrogeiras e a vida dura da década de 40 deram-me a formação mental. O meu mundo foi feito assim. Não tenho formação académica, mas escrever, ler e refletir, e todos os outros, faziam parte da minha vida. Nasceu aí o desejo de escrever algo sobre as Alcanadas”.

Através deste conjunto de escritos que o autor foi reunindo, percorremos um riquíssimo leque de informações relativas às vivências, usos, costumes e tradições da população das Alcanadas, aldeia situada ao pé da Serra d’Aire.

Assim, os principais aspetos evocados neste livro são: a emigração dos alcanadenses para a França, a aldeia das Piedosas (“um lugar antiquíssimo”), a capela de São Mateus (fundada em 1567), o Casal da Torre (um dos quatro castros que deu origem às Alcanadas), a Moita da Palha (túmulos megalíticos), a ponte do Coito, os moinhos de vento de Pião e de Cabeço do Moinho, os fornos de cal, a Fonte Alcanada, as lendas e estórias, os costumes das mulheres, o jogo do pau, o ciclo do milho, o ciclo da lã, o albardeiro (que construía albardas, antes de 1950) e um extenso capítulo sobre as minas de carvão das Barrogeiras, com os novos trabalhadores, os novos tipos de relações sociais e as greves. “Estas minas, afirma José Baptista de Matos, empregavam mais de metade dos habitantes de Alcanadas. O seu fim fez com que uma grave crise económica obrigasse, num primeiro tempo, a uma migração temporária para as ceifas ou a construção de estradas, e depois seguiu-se um período de intensa emigração para a França”.

[pro_ad_display_adzone id=”24612″]