Villeurbanne: Natureza e cultura de inspiração brasileira com Daniel Steegmann Mangrané

A primeira exposição individual em França do artista Daniel Steegmann Mangrané, intitulada “Ne voulais prendre ni forme, ni chair, ni matière” continua patente no Institut d’Art Contemporaine (IAC) de Villeurbanne/Rhône Alpes, até ao dia 28 de abril.

O artista, de origem catalã, nascido em Barcelona em 1977, vive e trabalha no Rio de Janeiro, e já apresentou o seu trabalho em numerosas exposições individuais e coletivas em todo o mundo, e recentemente na 14ª Bienal de Lyon, Mondes flottants. Daniel Steegmann Mangrané concebe um trabalho polimórfico (desenho, escultura, filme, instalação, etc.). A escolha da sua residência no Brasil em 2004 é impulsionada pelo seu fascínio pela Amazônia, pois quando era criança queria ser biólogo, entomologista e botânico, e ainda pela sua descoberta dos artistas brasileiros Lygia Clark e Hélio Oiticica.

Também alimentado pela antropologia ou pelos poemas de Stela do Patrocínio que o inspiram para o título da sua exposição, Daniel Steegmann Mangrané mistura no seu trabalho formas naturais e culturais. Segundo a organização, ele “explora o entrelaçamento do vivo com o seu ambiente, experimentando o espaço como uma zona de sensibilidade e de relação”.

Imbuído pelo perspetivismo ameríndio do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, que subverte a distinção entre humanos e não-humanos, e pelo pensamento de Philippe Descola, que pretende ir além do dualismo natureza-cultura, Daniel Steegmann Mangrané transforma profundamente e na sua totalidade o espaço do IAC. Assim, o percurso proposto gera novas linhas de evasão, perspetivas móveis abertas para o exterior e reflete o fascínio do artista pela noção de dissolução, dissolução do sujeito suscetível de alcançar uma tomada de consciência do seu meio ambiente.

Daniel Steegmann Mangrané convida-nos a experimentar a nossa própria presença e explica: “Procuro sempre o momento em que o visitante não olha mais para as obras, mas para a sua própria experiência; o momento em que olha para si mesmo”. Uma experiência singular, propícia à metamorfose.

Para o projeto de Daniel Steegmann Mangrané, o IAC adaptou-se ao projeto do artista modificando as modalidades de exibição. Assim, o horário de funcionamento da exposição muda todos os dias. À medida que a duração do dia aumenta, a duração da abertura da exposição também aumentará simbolicamente, de acordo com o ritmo natural. Esta experiência original e única marca uma simbiose entre o projeto do artista e o local que o hospeda. Ao adquirir uma entrada o visitante pode voltar quantas vezes quiser.

O IAC coloca a criação e a pesquisa no centro de suas atividades. Após a celebração do aniversário dos seus 40 anos em 2018, projeta um novo projeto artístico e cultural (2019-2022). O objetivo deste novo projeto é o de permitir que os artistas experimentem e testem em liberdade novas formas de criação.

 

Institut d’Art Contemporain

11 rue Docteur Dolard

69100 Villeurbanne

http://i-ac.eu/fr

Infos: 04.78.03.47.00

 

LusoJornal