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104 anos depois do fim da I Guerra mundial: a placa do soldado Vitorino Gomes Adegas

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A história, as histórias escrevem-se, em parte, a partir de datas. Na história de Vitorino Gomes Adegas há muito mais datas, contudo selecionamos quatro: 20 de janeiro de 1917, 19 de maio de 1919, 19 de março de 2016 e 31 de agosto de 2022… falta uma data.

A história conta-se assim: Vitorino Gomes Adegas foi um dos primeiros soldados do Corpo Expedicionário Português (CEP) a partir de Portugal, mais precisamente de Lisboa, a 20 de janeiro de 1917. Finda a guerra, seguiram-se alguns meses de espera, a chegada a Lisboa deu-se a 19 de maio de 1919.

Um apaixonado pela participação portuguesa na I Guerra mundial, Lionel Delalleau, recolheu uma placa de identificação a 19 de março de 2016. Este tipo de placas servia para identificar o soldado em todas as circunstâncias, nomeadamente em caso de morte em combate.

A 31 de agosto de 2022, Lionel Delalleau entregou a placa, foto e ficha militar, num quadro, a Juliana Scansetti da Rocha, sobrinha de Carlos Eugénio Adegas, neto do soldado do CEP, Vitorino Gomes Adegas.

A quinta data, a que ainda falta para que a nossa história fique completa, será para outubro próximo, altura em que todo este achado vai passar para o outro lado do Atlântico, para ser entregue ao neto do soldado, que mora no Brasil.

Entre estas datas muitas outra histórias haveria para contar.

 

Um achado de valor incalculável

Durante o serviço prestado em França, Vitorino Gomes Adegas, que fazia parte do Regimento de Artilharia n°2, bateria 4, pelos serviços prestados, foi promovido a Cabo miliciano, a 17 de setembro de 1917.

Sabemos que entre o dia 2 de maio de 1917 e 6 de janeiro de 1918 esteve na linha no setor de Ferme-du-Bois, tendo depois mudado para o setor de Neuve-Chapelle onde permaneceu até ao 9 de abril de 1918, início da Batalha de La Lys e tendo por conseguinte participado ativamente nesta.

Ter-se encontrado um tal achado – a placa do soldado que este terá perdido – podemos dizer que é como quem encontrou uma agulha num fardo de feno. Achado pequeno, mas simbólico, de valor inestimável. O valor, a recompensa? Um simples gesto: o de se transmitir de uma mão para outra, 104 anos após o fim da I Guerra mundial este achado após 6 anos de pesquisas, entre 2016 e 2022, por um conjunto de apaixonados para se encontrar família do soldado Adegas.

O transmitir a placa foi um símbolo, um pouco de pena para quem transmite, mas ao mesmo tempo, um momento de emoção ao passar o testemunho para a história, para a história de uma família. Foi um culminar, é a razão de ser de quem se apaixona por um tema como este da participação portuguesa na que foi chamada a Grande Guerra.

 

Vitorino Gomes Adegas

Vitorino Gomes Adegas nasceu a 9 de agosto de 1895 em Fermedo, Arouca, seus pais eram João Gomes Adegas e Maria Josefa Soares. Regressado a Portugal, casou a 10 de fevereiro de 1925, com 29 anos, com Carolina Gomes, de 27 anos.

Data de 1926 o primeiro requerimento de passaporte de Vitorino Gomes Adegas para seguir viagem para o Brasil. Depois de algumas viagens entre Portugal e o Brasil, desembarcou definitivamente no Rio de Janeiro a 6 de fevereiro de 1936 com esposa e três filhos (Rosalina, Manuel e Eugénio), já no Brasil nascera a quarta filha, Odete.

Desde a data da sua chegada ao Brasil exerceu como comerciante à data em que faleceu.

A esposa de Vitorino Gomes Adegas, Carolina Gomes, morreu a 17 de junho de 1977 com 80 anos, o marido faleceu com 94 anos a 18 de fevereiro de 1990.

Os quatro filhos faleceram todos no Rio de Janeiro. Eugénio era o pai de Carlos Eugénio Adegas, a quem a placa vai ser transmitida em outubro por Juliana Scansetti da Rocha.

Aqui fica mais uma história, uma história de família de um soldado que participou, integrado no Corpo Expedicionário Português, na I Guerra mundial.

 

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