21ª edição do Festival de Cinema Brasileiro de Paris

Pelo vigésimo primeiro ano consecutivo, o Festival de Cinema Brasileiro de Paris volta, dos dias 9 a 16 de abril, ao cinema L’Arlequin. O festival é organizado pela associação Jangada, criada por franceses e brasileiros “preocupados em conservar uma identidade cultural num contexto cada vez mais global”, segundo a Direção.

O objetivo da associação é o de promover a cultura brasileira em França e no mundo através de várias iniciativas culturais e artísticas. Esse objetivo é alcançado, não somente graças aos festivais de cinema, mas também aos concertos, exposições e debates.

Para além do festival em Paris, a associação Jangada também organiza festivais em Toronto, Montreal ou Doha, afirmando-se assim como “uma mediadora de cooperações audiovisuais entre profissionais da indústria do cinema brasileiro e estrangeira”.

O Festival de Cinema Brasileiro de Paris é o maior evento de exibição da cinematografia proveniente do Brasil e permitiu também ao longo dos anos a venda de vários filmes para outras salas de cinema e canais de televisão sendo, portanto, um vetor de desenvolvimento da distribuição dos filmes brasileiros.

Nesta vigésima primeira edição serão exibidos mais de vinte filmes, dentro dos quais se encontram algumas das melhores obras destas últimas décadas e outras que são inéditas em França.

O Festival apresenta não somente longa-metragens de ficção, mas também documentários e filmes de animação. Em entrevista ao Bom Dia Brésil, Katia Adler, fundadora do evento explica que “este ano, o festival vai apresentar filmes fortes, que falam do Brasil atual”, e prossegue dizendo que “são filmes que falam de política, de sociedade, dos negros no Brasil, da comunidade LGBT, entre outros. Vários temas fortes de que se deve falar”.

Katia Adler felicita-se do grande número de realizadoras que fazem parte da programação e explica que “esta é a primeira vez que metade dos filmes projetados foram realizados por mulheres. Tínhamos esta vontade de paridade no momento da seleção dos filmes. (…) as mulheres devem ter mais espaço neste meio, o que vai acontecendo a pouco e pouco. Muitas estarão presentes durante o festival para debater com o público”.

O festival começa com a exibição do filme “O beijo no asfalto” de Murilo Benício às 20h30 do dia 9 de abril na presença da equipa. O filme conta com as atuações de atores de primeiro plano como Fernanda Montenegro, Lázaro Ramos ou Débora Falabella. O filme é tirado da obra de Nelson Rodrigues e a sua filha, Sónia Rodrigues, estará presente na cerimónia de abertura.

No dia 16 de abril, para a cerimónia de encerramento, às 20h30, será exibido o já muito falado “Marighella”, selecionado para o prestigioso Festival de Berlim, e que conta com a participação do ator-cantor Seu Jorge. O filme é realizado por Wagner Moura, mais conhecido pelo seu papel de Pablo Escobar na série Narcos, e conta a história do teorizador da “guerrilha urbana”, ex-Deputado, poeta e militante comunista, Carlos Marighella que foi considerado como inimigo público número um e foi depois assassinado pela ditadura militar em 1969. Em várias entrevistas, Wagner Moura critica vivamente o atual Presidente Jair Bolsonaro e faz um paralelo entre Marighella e Marielle Franco.

O cinema L’Arlequin existe desde 1934, primeiro com o nome de Lux Rennes. Após a sua aquisição por Jacques Tati em 1962, o realizador renomeia-o de L’Arlequin. Mais tarde, entre 1973 e 1993 o cinema passa a chamar-se Le Cosmos, tendo-se tornado um local de referência para o cinema soviético fazendo descobrir ao público parisiense realizadores como Andreï Tarkovski ou Andreï Kontchalovski. Entretanto, voltou a possuir o nome de L’Arlequin, nome que guardou até hoje, e especializou-se na programação de festivais internacionais, antestreias de prestígio, e é ainda um local de conferências e seminários.

 

Cinéma L’Arlequin

76 rue de Rennes

75006 Paris

M° Saint-Sulpice

Programação completa:

www.jangada.org/festival-events-fr/festival-de-cinema-bresilien-de-paris-21