LusoJornal / Mário Cantarinha

O 25 de Abril da economista Cristina Semblano

O dia 25 de Abril foi um dia diferente de todos os dias, foi o dia inicial, inteiro e limpo de que fala a Sophia Breyner, aquele por que todos esperávamos sem saber quando seria. Tinha 18 anos e estava em Paris. Mas, mais do que o 25 de Abril, foram os meses que logo a seguir vivi em Portugal que me ficariam para sempre gravados na memória. Tinha emigrado dois anos antes com o peso de um país de medo e triste, de gente silenciosa e cabisbaixa e vim encontrar um país eufórico com gente a escrever a História, nas ruas, nas casas, nas escolas, nos cafés, nos bairros. Era a política em estado vivo. Era a descoberta, a procura, a imaginação, eram as perguntas e as dúvidas, as certezas e as incertezas, era a desobediência e a insubmissão onde dantes tudo era sujeição. Era a democracia a nascer! O tempo passou e os donos de Portugal voltaram. Há de novo um povo sofredor e triste. Mas a memória da Revolução diz-me que é também um povo que se há de levantar!

 

Cristina Semblano

Economista, Luso-eleita, Dirigente do BE

 

Testemunho recolhido para o LusoJornal, no quadro da Exposição sobre os 40 anos do 25 de Abril, do fotógrafo Mário Cantarinha, publicado na edição em papel do LusoJornal de abril de 2015.

 

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