Home Cultura Marroquinos e portugueses: entre a proximidade e a incompreensão mútuaNuno Gomes Garcia·30 Janeiro, 2023Cultura [pro_ad_display_adzone id=”37509″] “Marocains et Portugais, regards croisés”, um livro dirigido por Driss Guerraoui. “Marocains et Portugais”, obra coletiva dirigida pelo economista marroquino Driss Guerraoui (Kénitra, 1952) e editado pela L’Harmattan, vem relembrar algo nem sempre presente: Marrocos e Portugal são países vizinhos separados por apenas 200 km de mar entre a foz do Guadiana e o Cabo Espartel, não muito longe de Tânger. Portugal está mais próximo de Marrocos do que da França. E Lisboa está tão longe de Madrid do que de Rabat. A esta proximidade geográfica junta-se uma História comum que uniu os dois territórios desde os tempos do Império Romano e dos califados muçulmanos que terminaram com os Almóadas, último poder muçulmano a ocupar parte do atual território português. A essa separação política (e religiosa) que perdura até hoje, seguiu-se o fervor colonizador lusitano dos séculos XV a XVII (Ceuta, Safim, Mogador e outras praças-fortes portuguesas marcam ainda hoje o património histórico e arquitetónico do litoral marroquino). Marrocos está também, claro, ligado àquela que foi talvez a maior tragédia militar portuguesa: a batalha de Alcácer Quibir, desastre que levou à perda da independência de Portugal e ao nascimento do Sebastianismo, esse mito tão português, razões às quais se deverão a progressiva decadência de Portugal. Sobre essa batalha, que transformou a História dos dois países, Younès Nekrouf escreveu, em 1984, o excelente “La Bataille des trois rois”, publicado pela Albin Michel. Este “Marocains et Portugais, regards croisés” é então um contributo importante para a análise de preconceitos e estereótipos que há mais de quinhentos anos separam estes dois países que, ao longo dos séculos, se tornaram tão diferentes e vivem hoje de costas voltadas. Uma situação que se tornou uma fonte de mal-entendidos, barreiras e obstáculos a construções comuns entre os dois povos. Baseada num estudo de inquérito sobre as representações que os marroquinos fazem dos portugueses e os portugueses dos marroquinos, esta obra fornece testemunhos de personalidades marroquinas e portuguesas do mundo da cultura, artes, conhecimento, economia, política, diplomacia e sociedade civil. Driss Guerraoui é Presidente da Universidade Aberta de Dakhla. É igualmente membro da Academia Francesa de Inteligência Económica e da Academia Portuguesa de Ciências. “Marocains et Portugais, regards croisés” conta com as contribuições de Mohammed Noureddine Affaya, José Alberto Alegria, Othmane Bahnini, Aziza Bennani, Angela Sofia Benoliel Coutinho, Alexandra de Cadaval, Sua Alteza Real D. Duarte Duc de Bragança, Driss Guerraoui, Abdellatif Guerraoui, Abdelmajid Kaddouri, Otmane Mansouri, Paulo Neves, Manuel A. Pechirra, António Rebelo de Sousa, Tawfiq Rkibi. Um livro que, explorando as diferenças e os clichés graças a um cruzamento de olhares, tem a virtude de, através do conhecimento, aproximar dois povos que apesar da proximidade geográfica vivem há demasiado tempo afastados. . [pro_ad_display_adzone id=”46664″]