Barítono Jorge Chaminé radicado em França vence Prémio Europeu Helena Vaz da Silva de Património Cultural_LusoJornal·Cultura·15 Setembro, 2023 [pro_ad_display_adzone id=”37509″] O barítono Jorge Chaminé, radicado em Paris e Presidente do Centro Europeu da Música, sediado em Bougival, foi distinguido com o Prémio Europeu Helena Vaz da Silva para a Divulgação do Património Cultural/2023, anunciou hoje o Centro Nacional de Cultura (CNC), que promove o galardão. “Este reconhecimento europeu presta homenagem à excecional contribuição de um dos maiores embaixadores artísticos e intelectuais do património cultural europeu, tanto imaterial quanto material”, justifica o CNC em comunicado enviado à Lusa. O Prémio Europeu Helena Vaz da Silva foi instituído em 2013 pelo Centro Nacional de Cultura, em colaboração com a Associação Europa Nostra e o Clube Português de Imprensa, e conta com o apoio do Ministério da Cultura de Portugal, da Fundação Calouste Gulbenkian e do Turismo de Portugal. O Júri do Prémio Europeu Helena Vaz da Silva, presidido pela Presidente do CNC, Maria Calado, foi também composto por “especialistas independentes nos campos da cultura, património e comunicação de vários países europeus”, designadamente, o Presidente do Conselho de administração do Grupo Impresa e ex-Primeiro-ministro, Francisco Pinto Balsemão, o belga Piet Jaspaert, vice-Presidente da Europa Nostra, o português João David Nunes, vice-Presidente do Clube Português de Imprensa, Guilherme d’Oliveira Martins, ex-Presidente do CNC e atual Administrador da Fundação Calouste Gulbenkian, a sérvia Irina Subotić, Presidente da Europa Nostra, e a norueguesa Marianne Ytterdal, do Conselho da Europa Nostra. Sobre a escolha de Jorge Chaminé, de 67 anos, o júri referiu: “Após uma carreira internacional de grande sucesso como barítono, durante a qual apresentou e divulgou o património cultural da Europa em muitos teatros de ópera e salas de concerto, não só na Europa como no resto do mundo, Jorge Chaminé decidiu dedicar os últimos 20 anos da sua vida à promoção do espírito e identidade europeus através da música clássica, trabalhando maioritariamente em regime de voluntariado. É o criador e presidente do Centro Europeu da Música, sediado em Bougival, perto de Paris, ponto de encontro entre artes, humanidades, ciências e gerações, que celebra a música como linguagem universal, no cerne da identidade europeia e dos seus valores humanistas”. No mesmo comunicado, Jorge Chaminé afirma-se surpreendido com a distinção que o “comoveu” e “honrou”. “Sinceramente, acho que esta distinção é dirigida sobretudo ao reconhecimento da importância da Música para o nosso património cultural europeu: pelas suas inúmeras capacidades para construir elos entre os seres humanos, pela universalidade da sua linguagem, pelo seu talento em unir a diversidade, pela sua capacidade de falar a cada um de nós e de nos falar coletivamente, pelo ‘milagre’ de poder reunir a mente, o coração e o corpo, tríptico do ser humano completo. À Música dediquei e dedico a minha vida!” No mesmo documento, o barítono agradece a distinção e realça o trabalho de Helena Vaz da Silva (1939-2002), ex-dirigente do CNC e ex-Deputada ao Parlamento Europeu pelo PPD/PSD, à qual se refere como “uma excecional personalidade da vida cultural e política, nacional e europeia”. Sobre Jorge Chaminé, o CNC afirma que “o artista é forjado neste perpétuo vai-e-vem entre ele próprio e os outros, a meio caminho entre a beleza de que não pode prescindir e a comunidade de que não se pode afastar”, acrescentando que “a citação de Albert Camus raramente se adequa tão bem como a Jorge Chaminé, barítono e músico empenhado, fora dos circuitos habituais, que recusa fronteiras humanas, geográficas ou musicais”. O CNC realça o seu trabalho “incansável”, há vários anos, “à volta da importância do património musical europeu, seguindo o lema da União Europeia, ‘Unidade na diversidade’”. O músico “dedica-se especialmente à salvaguarda da memória e do legado da famosa meio-soprano hispano-francesa Pauline Garcia-Viardot (1821-1910), que pode ser considerada a mais influente ‘mãe-fundadora’ da Europa da Cultura, e à preservação de importantes lugares de memória em Bougival, perto de Paris, nomeadamente a Villa Viardot – que foi restaurada e é inaugurada no próximo sábado, graças à sua liderança inspiradora e a esforços incansáveis, entre os quais o da Europa Nostra – e a Casa Bizet onde o compositor criou a sua obra-prima, ‘Carmen’, que hoje se tornou a ópera mais representada no mundo”. Jorge Chaminé é também o fundador e Presidente do Centro Europeu da Música, com sede em Bougival, “com antenas estabelecidas em vários países europeus e parcerias em mais de 50 países dos cinco continentes”, refere o CNC. O CNC salienta ainda que, “sob o lema ‘Let’s empower Music!’, conta entre os seus projetos, que procuram ter uma visão holística em torno da Música e das suas múltiplas virtudes, com a grande rede Via Musica, à qual pertence a Rede de Casas e Museus de músicos europeus (que abrange 23 países e inclui entre muitas outras a Fundação Amália Rodrigues, em Lisboa), com a Via Scarlatti (que se desenvolve em Espanha, França, Itália e Portugal), e ainda com o ‘hub’ ‘Música-Cérebro’”. .Jorge Chaminé é natural do Porto, onde nasceu a 30 de abril de 1956, e “ocupa um lugar de destaque no mundo do canto lírico internacional”. Discípulo de Lola Rodríguez Aragón, Hans Hotter e Teresa Berganza, Jorge Chaminé “possui um vastíssimo repertório que vai de Bach a Xenakis (que escreveu uma obra para a sua voz), das óperas de Mozart ao repertório operático contemporâneo, do tango às liturgias hebraicas ou tibetanas, da Bossa Nova às canções de Cole Porter ou às canções ciganas”. “Humanista e poliglota – fala francês, alemão, italiano, russo, inglês, espanhol e português -, Jorge Chaminé frequentou o curso de Direito da Universidade de Coimbra e dedicou toda a sua vida à promoção dos ideais europeus servindo-se da música como veículo privilegiado da identidade e consciência cultural da Europa aberta sobre o mundo”. Como solista Jorge Chaminé trabalhou com a Sinfónica de Boston, a de Londres, a Filarmónica Checa e a de Berlim, a Orquestra Gulbenkian e o Ensemble Intercontemporain, sob a direção de maestros como Yehudi Menuhin, Seiji Ozawa, Giuseppe Sinopoli, Michel Corboz e Plácido Domingo, entre outros. Em 1993, recebeu a Medalha dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), em reconhecimento do trabalho desenvolvido com crianças, e foi nomeado Embaixador da Boa Vontade da Music in Me (Music in Middle East), tendo desenvolvido nos países do Médio Oriente vários programas de ensino e prática musicais, nomeadamente nos campos palestinianos. “A sua ação nos processos de paz nesta região tem sido saudada por diversas instituições”, realça o CNC. Em maio de 2005, por ocasião dos 60 anos da criação da UNESCO, efetuou um concerto de homenagem ao diplomata Aristides de Sousa Mendes. Jorge Chaminé foi fundador, Presidente e Diretor artístico do Festival CIMA, na Toscânia, em Itália, e criou em 2000 a Associação Georges Bizet, da qual é vice-Presidente. Criou com a pianista francesa Marie-Françoise Bucquet os ateliês “Sons Croisés”, “reunindo no edifício da Fundação Gulbenkian em Paris, cantores, pianistas, músicos de câmara, um laboratório pedagógico e de interpretação musical que prosseguirá no Colégio de España da Cité Internationale Universitaire de Paris e que reunirá, durante vários anos, mais de 200 músicos de 46 nacionalidades diferentes”. O barítono portuense foi criador do Festival Ibériades, em Paris, de que é ainda Diretor artístico, e é também Diretor do Festival de Bougival. Nesta cidade francesa, “e graças à sua ação”, a Villa, que pertenceu à meio-soprano Pauline Viardot, “voltou a ser o local musical privilegiado que foi no século XIX e Jorge Chaminé dá inúmeras ‘masterclasses’ e organiza vários concertos com os seus alunos cantores, pianistas e músicos de câmara”. Jorge Chaminé foi nomeado em Madrid, em 2011, 1º Músico para a Paz da organização Music for Peace presidida por Federico Mayor, à qual pertencem a estrutura de ensino musical venezuelana El Sistema, a Fundação Yehudi Menuhin, a West Esta Divan Orchestra, de Daniel Barenboim, e a Orquesta Simón Bolívar, de Gustavo Dudamel, entre outras. O barítono português é professor desde 2012 na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, membro do Conselho de Administração da Fundação Internacional Yehudi Menuhin desde 2015, e do Conselho de Europa Nostra desde 2019. Com o apoio da União Europeia e de outras organizações, criou o projeto “Music4Rom”, “em reconhecimento da influência fundamental da música de origem cigana (rom) na música clássica”. Em 2018 Jorge Chaminé foi condecorado com o grau de Oficial da Ordem das Artes e Letras, pelo Governo de Françe e, em 2019, recebeu a Medalha Grand Vermeil da Cidade de Paris. Jorge Chaminé foi também nomeado Embaixador para a Paz e Justiça dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas “Agenda 2030 Now”. O primeiro distinguido com o Prémio Europeu Helena Vaz da Silva, em 2013, foi o escritor italiano Claudio Magris. No ano passado o galardão distinguiu a maestrina ucraniana Oksana Lyniv. A cerimónia de entrega do Prémio Helena Vaz da Silva realiza-se no próximo dia 23 de outubro, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. [pro_ad_display_adzone id=”46664″]