LusoJornal / Mário Cantarinha

Anafre e Cívica, um apoio cívico à portuguesa

Pedro Cegonho é atualmente Presidente da Junta de Freguesia de Campo de Ourique, mas também é o Presidente da ANAFRE, a Associação Nacional de Freguesias.

Por ocasião do Congresso da Associação Cívica em Paris, no mítico lugar dos Invalides, o Presidente da Associação Nacional de Freguesias esteve presente. Uma associação que reúne as diferentes Freguesias de Portugal, algo similar ao que faz a Cívica que reúne os autarcas portugueses ou de origem portuguesa em França.

Em entrevista ao LusoJornal, Pedro Cegonho abordou o trabalho da ANAFRE, as similitudes com a Cívica, sem esquecer os GAE (Gabinetes de Apoio aos Emigrantes).

 

Há uma ligação evidente entre a ANAFRE em Portugal e a Cívica em França?

Para nós é normal estar presente no Congresso da Cívica como é normal recebermos a Cívica cada vez que vai a Portugal. Eu participei agora pela primeira vez, até agora foram outros colegas da ANAFRE que estiveram presentes. Para nós é o reconhecimento que as Freguesias são o lugar, o órgão da administração pública portuguesa, ao qual os emigrantes se dirigem com a maior frequência quando estão em território nacional. Em segundo lugar o facto de estarmos com a Cívica, uma associação formada por eleitos locais em França, mas cuja origem é portuguesa, quer sejam nascidos em Portugal, quer sejam da segunda ou terceira geração, conservam a nacionalidade, as origens, para nós é sempre um motivo de orgulho poder estar entre eles. São colegas, colegas eleitos num outro Estado membro da União Europeia, em França, mas fazemos todos parte do poder local e do poder regional. São parte da Democracia europeia e da construção da União Europeia. A ANAFRE tem 30 anos, a Cívica vai fazer 20 anos para o ano, e desde a fundação que estamos próximos. Foi uma honra estar aqui.

 

As problemáticas da ANAFRE são as mesmas do que aquelas da Cívica?

Eu tenho o privilégio de ser Presidente da Junta de Freguesia de Campo de Ourique, e costumam dizer que é o bairro francês de Lisboa. A Comunidade de nacionais franceses que passou a residir em Campo de Ourique sempre foi expressiva e nos últimos anos tem aumentado. Acredito que as mesmas problemáticas podem ser encontradas. No entanto acho que a nossa Comunidade portuguesa em França está mais enraizada, está mais envolvida nas relações de trabalho, nas relações de vizinhança. Os cidadãos franceses que estão em Lisboa ou em Portugal, criando o seu negócio ou o seu próprio emprego, ou que sejam reformados, ainda não estão com o mesmo nível de integração e de envolvimento com a comunidade local. Mas há passos nesse sentido. A nível de atividades culturais e sociais começa a haver a participação de cidadãos de outras comunidades. Os Franceses procuram integrar-se, conhecer a história dos locais para onde vão viver, procuram conhecer o comércio tradicional, procuram conhecer as escolas, procuram conhecer as atividades culturais e desportivas, e vão-se integrando, mas estão numa fase diferente da Comunidade portuguesa em França. E também quero referir que há problemáticas diferentes como o problema da língua portuguesa. Em Portugal, o ensino do francês está presente no ensino corrente e há cada vez mais escolas privadas de ensino internacional, em que o francês até é ensinado quase desde a pré-escola, desde o jardim infantil. É com naturalidade que nas ruas de Lisboa, mesmo em bairros residenciais como Campo de Ourique, se houve falar francês como se ouve falar português. Isto só nos enriquece haver diferentes culturas. Não é todos os dias que se passeia pelas ruas e encontramos o Cantona [ndr: antigo futebolista francês]. Isto faz-nos sentir que somos todos cidadãos europeus e devíamos ter um carinho maior para essa cidadania europeia, e acrescento que devíamos todos tentar preservar essa realidade.

 

Que importância têm os Gabinetes de Apoio aos Emigrantes?

Havia necessidades. Eles existem em Freguesias e em Câmaras municipais, e são necessários porque as pessoas vão a Portugal para um curto período de tempo de férias e quando têm assuntos para tratar com o Estado, podem não ter o tempo suficiente para se deslocar a vários sítios. Os Gabinetes servem para ser o ponto local e de contacto para o Emigrante quando vai a Portugal e tem de tratar de assuntos com a administração pública. Além de que os Gabinetes estão ligados à plataforma de modernização administrativa do Estado e há muitos serviços que estão desmaterializados e ‘online’, sendo que o próprio Gabinete ajuda o cidadão a tratar do assunto que quer.

 

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