Artista luso-angolano expôs em Paris no AKAA

A 4ª edição da feira de arte contemporânea africana AKAA (Also Known as Africa) decorreu no Carreau du Temple, em Paris. Entre os artistas presentes estiveram várias personalidades das artes dos países africanos lusófonos como os Angolanos Ricardo Kapuka, Keyezua, os Moçambicanos Mário Macilau, Malangatana, Reinata Sadimba e Ernesto Shikhani, os São-tomenses Rene Tavares e José Chambel, a Guineense Manuela Figueira, o artista português de origem angolana e caboverdiana Francisco Vidal, o Brasileiro No Martins, e o luso-angolano Pedro Pires.

O LusoJornal falou com Pedro Pires – artista plástico angolano e português que desenvolve um trabalho focado na sua afinidade e posição nestes dois países – sobre a importância deste certame internacional parisiense e do mundo da arte na lusofonia.

 

O que representa estar na AKAA?

É a minha segunda vez na AKAA, a primeira com a ‘This Is Not a White Cube’, com quem tenho vindo a desenvolver uma colaboração excelente e produtiva. Tenho a oportunidade de apresentar um solo show na feira o que é um desafio interessante. Além disto é sempre uma ocasião para conhecer outros artistas, galerias e colecionadores.

 

O que trouxe o Pedro Pires para esta exposição?

Trouxe um projeto chamado “Gardens” que tem como elemento central uma instalação com plantas artificias e desenhos de grande escala. No projeto todo apresento esta instalação, desenho e escultura.

 

O que acha que é o mais importante neste tipo de feiras?

É mais um passo de afirmação do meu trabalho, especialmente neste caso com o solo show. As feiras são sempre um íman de vários tipos de público, condensando uma grande mostra num só local o que as torna muito importantes, dando oportunidade do meu trabalho ser mais conhecido.

 

Paris é o centro nevrálgico da arte contemporânea?

Talvez da arte moderna. Mas não deixa de ser um centro importante de arte contemporânea que vale a pena visitar regularmente.

 

Qual é o ponto da situação da arte contemporânea na Lusofonia?

Muita qualidade. Há artistas lusófonos a expor nos quatro cantos do mundo e cada vez a ganhar mais terreno.

 

E na África Lusófona?

Também acho que há muita qualidade nos que existem, com discursos fortes. Há também novos artistas a aparecer, mas por vezes há falta de plataformas locais como é o caso da ‘This Is Not a White Cube’, que tem feito um trabalho único. Gostava que no futuro houvesse um equilíbrio forte entre plataformas artísticas locais da África Lusófona e a presença dos artistas e galerias fora de África.

 

E em Portugal mais especificamente?

Em Lisboa abriram algumas galerias nos últimos 3-4 anos, o que veio dar uma nova dinâmica à cena artística. A feira de arte ‘Arco’ trouxe também muito público internacional a Lisboa. Gostava de ver mais investimento e interesse da parte das galerias portuguesas na relação com África dada a relação histórica que o país tem. Os artistas podem ser importantes para criar discussão e problemáticas ainda existentes hoje nas relações entre Portugal e outros países.

 

Como lhe veio a paixão pela arte?

Sempre gostei de construir e desmanchar coisas durante a minha infância. Iniciei o secundário inscrito em eletrónica, mas rapidamente mudei para artes onde encontrei espaço para integrar este gosto. A abordagem inicial era bastante romântica, mas com tempo e com os estudos na Faculdade de Belas Artes em Lisboa, percebi que queria mesmo ser artista.

 

É luso-angolano, até que ponto essa dupla cultura está presente no seu trabalho?

Está presente constantemente e de uma maneira muito forte. A minha investigação procura compreender e questionar a posição que tenho nestes dois países e serve de ponto de partida para trabalhar sobre vários assuntos da arena social, tal como o sentimento de identidade nacional deslocada, migração, estereótipos ou economias paralelas.

 

Quais são as próximas feiras?

Até ao final de novembro integro a Bienal de Lagos na Nigéria, onde exponho duas esculturas. No final de novembro vou participar numa exposição coletiva em Luanda, organizada pela ‘This Is Not a White Cube’, com artistas angolanos e internacionais. Em janeiro vou marcar presença na ‘Cape Town Art Fair’ com a Gallery Momo, uma galeria sul-africana.

 

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