Lusa / Manuel de Almeida

Berta Nunes diz que tem dificuldades em recrutar professores de português

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Considerando que este é “um ano atípico”, a Secretária de Estado das Comunidades Portuguesas disse ao LusoJornal que o Instituto Camões tem tido problemas para recrutar professores de português que aceitem fazer substituições.

A pergunta foi-lhe colocada no seguimento de artigos publicados no LusoJornal sobre atrasos no início do ano escolar. Por exemplo, em Sainte Geneviève-des-Bois (91), na região parisiense, apesar de já estarmos em fevereiro, as aulas que deviam ter começado em setembro, ainda não começaram!

A professora está de baixa médica e o Instituto Camões “fez uma consulta à bolsa de recrutamento, ninguém se candidatou, em dezembro foi lançado o primeiro concurso e em janeiro um segundo concurso” explica Berta Nunes numa entrevista-vídeo ao LusoJornal. “Tem havido várias dificuldades para preencher essa vaga, certamente também tem a ver com a situação de pandemia, porque os professores têm receio de ir para o terreno e é compreensível”.

Berta Nunes diz que ainda não tem a garantia que vai conseguir um professor, “mas vou pedir à Coordenação [ndr: Coordenação do ensino português em França] para que faça chegar a informação logo que seja preenchida essa vaga”.

“Este é um ano atípico. Não podemos olhar para este ano como termo de comparação, porque houve muitas dificuldades mesmo em contratar professores, principalmente professores que seriam contratados para fazer substituições porque estamos a falar de professores para substituírem por um período limitado” explicou a Secretária de Estado.

Na entrevista ao LusoJornal, a Secretária de Estado elogiou o trabalho da Coordenação do ensino português em França, com quem diz manter “um contacto muito regular”, e destaca o facto da França ser o país onde há mais professores de português.

Mas Berta Nunes lembra também que “durante o tempo da Troika” o número de professores de português “desdeu de mais de uma centena para 85”, referindo-se aos 20 professores cujos contratos foram suprimidos em pleno ano escolar, pelo então Ministro Paulo Portas. “Isso teve um impacto muito grande na procura não satisfeita dos filhos de Portugueses que estão em França e querem aprender português e podem não estar neste momento a ter essa possibilidade. Nós sabemos disso, podem não estar a ter a melhor resposta”. Mas destacou também que “temos vindo a recuperar” e que neste momento lecionam em França 96 professores.

“O que posso dizer é que eu tenho vindo a acompanhar muito de perto aquilo que se está a fazer” garante a Secretária de Estado. Diz que as falhas estão “identificadas” e que quer mesmo continuar a aumentar a rede de ensino da língua portuguesa em França.

Confrontada com o facto de haver milhares de alunos que querem aprender português e não têm resposta, a Secretária de Estado das Comunidades portuguesas – que tutela o Instituto Camões – garante que “nós sabemos que tal acontece, queremos trabalhar porque queremos resolver tal problema”.

Mas garante também que “nós não estamos a culpar os pais, nem podemos fazer isso. Não podemos dizer que o ensino em França não tem mais alunos por culpa dos pais, isso de facto não é verdade”.

“Nós sabemos que o ensino integrado é o melhor para o ensino da língua portuguesa, no entanto nós também temos consciência que as associações são importantes e já estamos a trabalhar – mas queremos fazê-lo ainda de maneira mais forte – para melhorar ainda mais e responder a essa procura de português”.

Berta Nunes foi confrontada com um problema de comunicação entre a Coordenação de ensino e os pais que querem inscrever alunos nas aulas de português. A Coordenação não deve contactar com os pais porque oficialmente não tem essa lista, nem sabe exatamente quantos alunos formalizaram o pedido de inscrição para ter aulas de português. “É necessário dar mais informação” confirmou a Secretária de Estado. “Temos que olhar para esse argumento com seriedade. É preciso certamente melhorar os canais de comunicação e a forma de comunicar e fazê-lo em colaboração com o Governo francês”.

A Secretária de Estado lembrou que há um grupo de trabalho entre os dois Governos, em matéria de ensino, diz que tem falado muito com o Instituto Camões, salientou o empenho da Embaixada de Portugal em França, mas admitiu que “queremos trabalhar mais com o Governo francês”. E prometeu que “vamos trabalhar para melhorar todos os aspetos de comunicação para que os pais não se sintam abandonados, que não baixam os braços, que não desistam, porque nós não cremos que isso aconteça”.

 

Veja a entrevista AQUI

 

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