“Contos da Emigração” já vai na segunda edição

Há um ano, a Oxalá Editora fez chegar às livrarias portuguesas “Contos da Emigração – Homens que sofrem de sonhos” e, dado o sucesso da coletânea, a editora sediada na Alemanha decidiu então avançar para a 2ª edição da obra prefaciada por Paulo Pisco, Deputado eleito pelo Partido Socialista.

Uma coletânea que junta dez escritores, entre os quais se encontram Eça de Queirós e José Rodrigues Miguéis, dois clássicos da Literatura portuguesa, que o editor Mário dos Santos escolheu para “mostrar que os problemas da emigração são muito parecidos independentemente da época. O que eu espero é que as pessoas que leiam este livro se apercebam que mesmo os autores que ficaram na História da Literatura viveram as situações que os emigrantes de hoje vivem”.

Os outros oitos autores contemporâneos, seis mulheres e dois homens – que exploram os caminhos da emigração, tanto os da década de 1960 como os mais recentes que datam do período da crise pós-2008 – têm em comum o facto de viverem entre duas culturas, a de acolhimento (França, Reino Unido ou Alemanha) e a portuguesa, pois escrevem em português e publicam em Portugal. A única escritora a viver efetivamente em Portugal é a premiada Ana Cristina Silva, que nos apresenta o conto “A salto”.

Uma obra rica, que se alicerça na variedade de registo de cada autor – alguns deles já consagrados e premiados -, indo desde a ruralidade do interior português à urbanidade londrina ou alemã; do drama à sátira, explorando o momento do “salto”, a dolorosa adaptação a diferentes culturas e idiomas, passando pela discriminação e a segregação sofridas na terra de acolhimento ou, o reverso da medalha, pelos surtos xenófobos e racistas contra outras comunidades, preconceitos extremistas que alguns emigrantes portugueses também partilham.

O editor Mário dos Santos disse ao LusoJornal que a sua “preocupação foi juntar autores que vivem e sentem a Diáspora, olhando para quem pudesse representar, digamos assim, o espírito do livro”. Acrescentando que convidou “a Gabriela Ruivo Trindade, vendedora do prémio Leya e que vive em Londres”, autora do conto “Cab Driver” (taxista), “além do Nuno Gomes Garcia, também com obra publicada e reconhecida que vive em Paris” autor que contribui com a sátira “O Sobrinho”.

Mário dos Santos salientou ainda Cristina Torrão (“Vidas Adiadas”), que vive em Hamburgo e Miguel Szymanski (“A minha bicicleta verde”) “um autor que tem a particularidade de se sentir emigrante alemão em Portugal e emigrante português na Alemanha”. Além dos autores citados, contribuíram para a coletânea as autoras Isabel Mateus (“O Apelo do Vale”), Luísa Coelho (“Uma História Verdadeira”) e Rita Sousa Uva (“Partida largada fugida”).

“Mas o livro vale por todas as histórias lavradas pela caneta e no sentir do que é estar distante de Portugal”, concluiu Mário dos Santos.