LusoJornal | António Borga

Dia Mundial da Língua Portuguesa foi ontem celebrado em festa na Unesco de Paris

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A sala principal da Unesco, em Paris, completamente cheia, acolheu as comemorações do Dia Mundial da Língua Portuguesa nesta quinta-feira, dia 5 de maio, numa organização das delegações dos países de língua oficial portuguesa com representação naquela organização das Nações Unidas.

A coordenação das delegações lusófonas muda todos os anos, e em 2022 coube à Embaixadora Ana Maria de Oliveira, em representação de Angola e deslocou-se a Paris o Ministro angolano da Cultura, Turismo e Ambiente, Filipe Zau. Angola detém atualmente a presidência rotativa da CPLP e também integra o Conselho Executivo da Unesco.

“Este evento representa acima de tudo a paz num tempo conturbado como aquele que vivemos. Num conjunto formado pelos 193 países do mundo da Unesco, estes países lusófonos vão mostrar o seu potencial e a sua mensagem de paz, cultura e congregação. Assim como a importância que o multilateralismo tem no mundo diplomático”, afirmou Ana Maria de Oliveira, em declarações à Lusa.

“É uma ocasião para celebrar o facto de ser bom estarmos juntos, de nos entendermos na mesma língua e mostrarmos o que é o nosso potencial cultural e interesses económicos, assim como as nossas potencialidades turísticas e tudo que envolve os interesses desta comunidade presente nos cinco continentes”, indicou.

Este é também um momento para continuar a fazer pressão nas instituições internacionais para adotarem a língua portuguesa como língua de trabalho, uma batalha há muito travada pelos diplomatas lusófonos no seio da Organização das Nações Unidas. “Penso que o poder instalado nos diferentes países lusófonos está com atenção a esta questão que é o português como língua de trabalho, não só na Unesco, mas a nível dos organismos internacionais no mundo onde estes países se fazem representar”, declarou.

Para além do discurso da Representante permanente de Angola junto da Unesco, Ana Maria Oliveira, e do Ministro da Cultura de Angola, Filipe Zau, discursaram ainda o Embaixador brasileiro, Santiago Mourão, atual Presidente da Conferência Geral da Unesco e a Sub-Diretora Geral para a Educação Stefania Giannini. Foi lida também, pela Embaixadora Portuguesa Rosa Batoréu, uma mensagem enviada para a sessão pelo Secretário Geral da ONU António Guterres e foi difundida uma mensagem vídeo do Secretário Executivo da CPLP, Zacarias da Costa.

Estas comemorações foram também um momento de homenagem a quatro escritores, por ocasião do seu centenário: o centenário do nascimento dos escritores Agostinho Neto de Angola, José Craveirinha de Moçambique e José Saramago de Portugal, assim como o centenário da morte do escritor brasileiro Barreto Lima.

Neste quadro, vários alunos do Liceu internacional de Saint-Geramin-en-Laye e do Collège Emile Verhaeren de Saint-Cloud, leram textos dos quatro autores.

Filipe Araújo leu um extrato de “Criar” de Agostinho Neto, Carolina Araújo leu “Havemos de voltar” de Agostinho Neto, Jorge Lucas Ribeiro leu “Conto da ilha desconhecida” de José Saramago, Yara Guignet Moreira leu “Brazundangas” de Lima Barreto, Tânia Barros e Inês Guilherme leram “Poema do futuro cidadão” de José Craveirinha e Erica Tavares leu “Quero ser tambor” também de Lima Barreto.

E como não há promoção da língua sem promoção cultural, a sede da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) serviu também de palco para diferentes manifestações culturais dos nove membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Primeiro subiu ao palco o Quarteto da Cidade de São Paulo criado por Mário de Andrade aquando do bicentenário da Independência do Brasil, seguido da cantora moçambicana Assa Matusse, de Maputo, mas em Paris para terminar a gravação do álbum Muxagona.

Um segundo momento musical começou com o cantor da Guiné-Bissau Zalyka, que foi acompanhado pelo músico (e também cantor e ator) guineense radicado em Paris, Ramiro Naka. Seguiu-se a cantora lírica angolana Tê Macedo, que soube adaptar o estilo lírico às canções tradicionais.

A “festa” terminou com um concerto da Orquestra Filarmónica Portuguesa e com a Tocatina de Cabo Verde.

“A língua é um instrumento dinâmico e que está ligado a todos os elementos que se congregam para o desenvolvimento. O desenvolvimento está subjacente a todo o tipo de trocas, movimentos de pessoas e realização dos interesses económicos. A CPLP carece de fazer desenvolver esta dimensão. Penso que estamos num momento dinâmico em que os países da CPLP podem e devem fazer acontecer programas e políticas no âmbito da economia”, concluiu a Embaixadora Ana Maria de Oliveira.

 

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