Jorge Torres Pereira
LusoJornal / Carlos Pereira

Embaixador Torres Pereira gostava de sair de Paris «com uma relação mais complexa» entre a França e Portugal

Jorge Torres Pereira, o Embaixador de Portugal em França, apresentou Cartas Credenciais ao Presidente francês Emmanuel Macron em dezembro de 2017 e deu agora a primeira grande entrevista ao LusoJornal, depois de ter primeiro contactado as várias vertentes da Comunidade portuguesa de França.

Jorge Torres Pereira tem 61 anos, foi Embaixador de Portugal na República Popular da China (2013-2017), antes de vir para Paris, em Banguecoque (2010-2013), foi Representante Permanente na Comissão Económica e Social para a Ásia e Pacífico e na Comissão Económica e Social das Nações Unidas para a Ásia e o Pacífico e Embaixador não-residente no Vietname, Cambodja, Laos, Myanmar (antiga Birmânia) e Malásia.

Jorge Torres Pereira desempenhou, também, os cargos de Representante de Portugal junto da Autoridade Palestiniana, em Ramallah (2007-2010), Cônsul-geral em Madrid (2004-2007), Ministro-Conselheiro e Chefe de Missão Adjunto na Embaixada de Portugal em Moscovo (2001-2004) e Conselheiro e Chefe de Missão Adjunto na Embaixada de Portugal em Telavive (1995-1997), entre outras funções diplomáticas.

 

Em França reside uma forte Comunidade portuguesa. Como entende levar a cabo a sua missão? Tenciona integrar esta dimensão da Comunidade nas relações bilaterais?

Eu acho que a Comunidade portuguesa é um fator de aceleração, de facilitação, de muitas coisas que implica a relação bilateral. Por exemplo, nós queremos investimento ou queremos uma maior dinamização das relações económicas, e é evidente que o empresariado português na diáspora é um fator positivo e é um ativo, é um trunfo que é preciso ter em conta. Nós falamos da importância da diplomacia das cidades e de como as geminações são importantes, e é evidente que as geminação têm sempre que ter em linha de conta essa dimensão. É natural que algumas das cidades ou terras que estejam mais interessadas em terem contactos com Portugal, sejam aquelas onde já há uma semente da presença da Comunidade portuguesa. Eu acho que o importante é introduzir o elemento Comunidade portuguesa em tudo o que nós fazemos. Não quer dizer que todos os processos tenham de ter uma componente ou um ‘input’ que tem a ver com a presença da Comunidade portuguesa, mas tê-lo sempre presente no nosso espírito.

 

Como estão então as relações entre a França e Portugal?

Eu penso que é importante sublinhar que estamos num momento particularmente feliz do nosso relacionamento bilateral. Como sabe, em França existe um dinamismo relativamente ao projeto europeu que é protagonizado pelo Presidente Macron. Por ser uma pessoa nova e cheia de força anímica, trouxe ao debate europeu uma espécie de doping. E como sabe, o Governo português é, no panorama europeu, um dos que tem também uma ambição para a integração europeia. Juntando isso ao facto de, como sabe, os fluxos de turistas franceses e de investimento francês em Portugal terem aumentado muito significativamente nos últimos anos, nós estamos atualmente numa perfeita tempestade mas benéfica, isto é, todos os elementos estão a contribuir de uma forma vigorosa e positiva para a densificação das nossas relações. Eu acho que o panorama geral é claramente de grande potencial, de grande dinamismo, de céu com muitas poucas nuvens.

 

 

E que nuvens são essas?

Não são propriamente problemas, mas há questões que são importantes para nós, como é o caso das conexões energéticas entre a península ibérica e a França que será um dos aspetos, digamos estruturais, que terão um impacto muito positivo no futuro. Temos a questão de ainda não termos conseguido verdadeiramente alterar o paradigma relativo à língua portuguesa, à forma como em França se encara a língua portuguesa. Estamos ainda a viver os anos finais da ideia da língua portuguesa como língua de uma comunidade migrante, quando o peso e a força da lusofonia, a importância da língua portuguesa como veículo de economia, de negócios, é bem mais importante. Ainda não conseguimos verdadeiramente ter o sucesso que é necessário. Não escoramos o facto de nós termos de aumentar muito significativamente a aprendizagem do português nos filhos dos lusodescendentes. Os números que nós temos são muito pequenos em relação à dimensão da população em causa, embora se possa dizer que a aprendizagem do português também é feita em casa, sem recorrer à escolaridade, mas em todo o caso, o grande intervalo que existe entre o universo potencial dos jovens portugueses e lusodescendentes e os números dos que estão a frequentar escolas, há um diferencial muito grande, mas esse é um problema que, digamos, nos diz respeito a nós enquanto portugueses e aos nossos compatriotas que aqui estão. É necessário que eles não percam o reflexo de falarem português e de conhecerem a cultura portuguesa. Mas um problema distinto é conseguir ter o português como língua internacional ou como terceira língua. Os jovens franceses vão sistematicamente para o espanhol, por ser mais fácil para eles, ou para o alemão porque acham que tem uma importância particular no atual quadro europeu, ou para o italiano por outras razões, mas nós temos ficado um bocadinho para trás nessa escolha porque ainda não conseguimos transmitir a importância daquilo que vai ser a língua portuguesa no futuro, o trunfo que pode ser em relação a ingressar no mercado de trabalho quando se tem essa competência do português. Isso ainda não conseguimos. É uma questão de promoção sistemática, constante.

 

Estamos presos a um acordo bilateral em matéria de ensino, que data de antes do 25 de Abril, que diz que Portugal paga o ensino de português no primário e a França no secundário. Como Portugal tem vindo a reduzir o número de professores em França, a França também não vai aumentar, não é? Não é necessário fazer um novo acordo bilateral?

Neste momento, eu acho que não é o quadro jurídico ou de relacionamento entre os dois Estados sobre esta questão que esteja em falta, até porque houve uma alteração significativa com um protocolo recente e a grande transformação – que é quase um tsunami – que é deixarmos de olhar para a aprendizagem do português como sendo uma aprendizagem no gueto e passar a ser dentro do quadro do sistema de ensino francês,…

 

Na prática não tem mudado praticamente nada nas escolas…

Mas é diferente, porque onde nós temos de ter uma visão de futuro é que a língua portuguesa interesse aos jovens franceses, não porque são descendentes de portugueses, mas porque na competição saudável entre as línguas, na diversidade linguística que todos nós defendemos, no plurilinguismo que é uma das marcas da União Europeia, o português tenha o papel que nós achamos que deve ter. No final do século, quase meio bilião de pessoas falarão português graças à demografia em África e no Brasil.

 

Precisamente o Brasil… Não era importante ter os outros países lusófonos como parceiros nesta luta pela afirmação da língua portuguesa em França?

Nós consideramos como parceiros os diferentes países lusófonos. Aliás fazemos este esforço de comemoração do 5 de maio, do dia da língua portuguesa. Nós sentimos que estamos todos verdadeiramente a remar para o mesmo lado. Acho que já passou o tempo, aqui há umas décadas atrás, em que havia umas espécies de incompreensões e umas perspetivas excusivistas, mas eu acho que é evidente que nós só temos é que saudar o papel que todos os países lusófonos possam dar para o sublinhar da importância deste bem comum.

 

 

Bem, mas na prática, o Brasil não tem contribuído, por exemplo, para as Secções internacionais de português, mas recentemente abriu uma Secção «brasileira» nos arredores de Paris. Faz bando à parte…

Apesar de tudo, a conclusão que é preciso ter presente, é que todos os esforços que se façam no sentido de aprender português, sejam lá de onde eles venham, até das associações – a sociedade civil pode organizar-se para ter aulas – são positivos. Independentemente de Portugal estar a fazer o seu trabalho em articulação com o sistema francês, e a tentar fazer progredir os números em relação à oferta de ensino de português. Todos os esforços vão no sentido daquilo que eu estou a dizer, haver uma maior tomada de consciência na população em França da importância da língua portuguesa.

 

Voltando à primeira pergunta. Sendo que os Ministros dos dois países se reúnem regularmente em Bruxelas, considera que se justifica ainda haver Embaixadas no seio da União Europeia?

Esta discussão intensificou-se agora que as comunicações se tornaram mais fáceis. Eu diria que é como a história dos livros. O anuncio da morte próxima do livro físico tem sempre vindo a ser contrariada pela realidade. A notícia da morte eminente da diplomacia ou das Embaixadas clássicas também tem vindo a ser contrariada. Há décadas que é anunciada mas eu notaria uma opinião exatamente oposta. Quando a multiplicação e a facilitação do acesso à informação dispara exponencialmente, o que é importante é que alguém consiga, no meio desse caudal de informação, tratar essa informação, digeri-la na perspetiva da diplomacia. O que interessa aqui na Embaixada é chamar a atenção do que é verdadeiramente importante, aos leitores em Portugal: o Governo e a maquinaria do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Esse tratamento, feito por quem está no terreno, permite separar no meio de uma quantidade que já é, como calcula, enorme – todos os think tanks, todos os media, todos os relatórios, todas as instituições que produzem informação, e ela circula, como sabe, de forma rapidíssima – mas cada vez é mais importante ser capaz de identificar o que é verdadeiramente importante para ser útil ao funcionamento do Estado.

 

Não me referia, claro, ao fim da diplomacia! Mas, por exemplo, foi Embaixador na China. Considera ainda importante haver uma Embaixada portuguesa, uma Embaixada espanhola, uma francesa, uma alemã,… em Pequim? Quando poderia haver uma Embaixada comum a todos os países da UE. Ainda há muito a fazer na diplomacia europeia?

Sim. O substituir-se as expressões nacionais e as Embaixadas bilaterais, por uma Embaixada que nos representasse a todos, não está na ordem do dia nos próximos tempos. A minha experiência de Pequim é que há uma necessidade de todos terem uma melhor de coordenação, isto é, o papel da Delegação da UE é extremamente importante para fazer a coordenação entre nós todos, os Chefes de missão, os Conselheiros de saúde, da agricultura, da inovação e ciência,… mas em cada um desses quadros de coordenação é necessário um ‘imput’ nacional. O serviço europeu de ação externa tem vocação para ser o produto final para o exterior, para terceiros, em relação à política externa, mas, apesar de tudo, continua a haver os produtores de política externa, em cada um dos países, com os seus interesses próprios, com as suas ideias. A ideia do projeto europeu é o de uma concertação e de uma harmonização crescentes, mas ainda não nos definimos em relação ao que se vai passar quando já tivermos atingido níveis de harmonização e de concertação muito estreitos.

 

A diplomacia europeia necessita de alguns anos mais…

Eu diria décadas.

 

Em França há cerca de 4.500 autarcas de origem portuguesa. Esta Embaixada já organizou, pelo passado, encontros nacionais de autarcas de origem portuguesa. Tem algum plano de diálogo com esta gente?

Sim. Em relação à Comunidade portuguesa, há três aspetos que tenho pensado mais atentamente. Um é claramente o da língua, o outro é o da Comunidade empresarial portuguesa e o seu relacionamento entre Portugal e a França como facilitação de investimentos. Ainda há poucos dias estive no Salão do imobiliário e do turismo português em Paris, que é um bom exemplo do esforço que partiu da Comunidade portuguesa de empresas de cá e que agora representa uma plataforma em que interesses de investir em Portugal se cruzam com interesses de empresas portuguesas do setor. Este é o segundo aspeto da dimensão ou a utilidade da comunidade portuguesa como trunfo económico. O terceiro aspeto tem a ver com a intervenção cívica dos Portugueses e a presença de lusodescendentes nas instituições, nomeadamente na administração geral da polis. Isso é um dado que também tenho falado. Digamos que há a habitual descrição da Comunidade portuguesa, que nos tempos iniciais não queria que se falasse muito dela. Ser discreto era uma espécie de vontade estrutural. Eu acho que nós já conseguimos claramente estabelecer a nossa reputação de que não somos uma comunidade que vai criar problemas ou criar anticorpos por ser demasiado problemática. Uma vez que já temos a reputação de que tratamos as coisas de uma forma sem conflitualidade, agora temos de passar à fase de estarmos mais presentes no processo de decisão. Sempre que nós tenhamos a oportunidade de participar, nas eleições locais ou nas eleições europeias, aquilo que nós temos tentado dizer é que é preciso ser-se o mais presente possível. Agora talvez seja a altura de abandonar alguma timidez e ter a noção do peso que nós podemos representar. Claro que eu tenho intenção de encontrar-me com representantes eleitos, mas sinceramente ainda não pensei qual é a modalidade digamos mais adaptada.

 

Há pelo menos quatro Deputados no Parlamento francês, com origens portuguesas. Já se encontrou com eles?

Não. Ainda não e ainda estou a tentar perceber… O ponto aqui é que o desejo de ser identificado como português ou lusodescendente, tem de partir dos próprios. Não somos nós que o vamos fazer…

 

Não quer forçar essa relação, é isso?

Eu não diria isso em relação aos Deputados, mas às centenas de pessoas que já estão integrados na sociedade francesa e que eu acho que temos de ser subtis e gentis em trazê-los para uma relação reforçada entre Portugal e a sua diáspora, mas não podemos fazê-lo no sentido de considerar que fazem parte desse universo todas as pessoas que têm o nome português e que estão a viver em França. Temos de respeitar também que há pessoas que ainda possam estar a fazer a viagem de se afastarem de Portugal. Queremos evidentemente que as pessoas nunca percam os laços com as suas origens, mas isto tem de ser feito de forma gentil e discreta.

 

O Senhor Embaixador também costuma dizer que os Portugueses participam pouco na vida cívica da França?

É o que acabei de dizer, um dos combates em que temos de nos empenhar. Considero que os números que nós temos, estão muito longe do que poderia ser… Se fizermos uma extrapolação, devemos chegar a 1,5 milhões de Portugueses em França. Este seria o universo de onde poderiam sair indivíduos eleitos. Ora, está de acordo comigo que o número final está muito à quem do que poderia ser…

 

Nós não sabemos exatamente quantos Portugueses estão inscritos nas listas eleitorais. Sabemos que os mono nacionais são poucos, mas e os binacionais? E repare que os binacionais já são em maior número do que os mono nacionais.

O que eu digo é que o número de eleitos está muito à quem do que deveria ser. Os interlocutores franceses que eu tive até agora queixam-se que há pouca participação. Considera que 4.500 autarcas de origem portuguesa chega? Eu acho que ainda é pouco. Não é um número que me deixa confortado. Não me chega. Para mim, a participação cívica na vida da Comunidade, numa cidade, na sociedade civil local, é mais importante do que o ato de votar. Estamos a confundir o facto de uma pessoa ir uma vez de x em x anos votar, mas isso não chega. O importante é influenciar decisões no dia a dia e eu acho que os Portugueses, por razões que nós conhecemos, não levantam problemas. Já fizemos um enorme progresso, já há a consciência em alguns de participar em eleições, em votar para as municipais e de estar presente nas campanhas, mas a participação cívica é mais do que isso. Quando me dizem que os Portugueses participam pouco é porque não aparecem neste processo de lobby nas decisões. Eu creio que nós estamos um bocadinho retraídos.

 

 

Logo que chegou a Paris, organizou um encontro com os Cônsules de Portugal em França. É uma forma nova de encarar a relação da Embaixada com os postos consulares?

Eu considero que os Cônsules fazem parte de uma só equipa que corresponde à rede diplomática e consular que cobre todo o território francês. Os Cônsules classicamente tinham um papel – e por isso é que os Consulados estavam nos portos – de ajudar os barcos da sua bandeira e os nacionais que residissem naquela zona. E isto tem evoluído no sentido de serem polos em que se descentralizou algumas das ações que o Estado faz, num país terceiro, na promoção económica, na divulgação cultural, sendo que apesar de tudo, o objetivo prioritário continua a ser de proteger os interesses dos seus cidadãos nacionais e portanto, quando eu cheguei aqui, sabia que contava nestas cidades mais importantes francesas, com membros da minha equipa, num objetivo que é partilhado, fazer ouvir mais sobre Portugal, participar nas atividades culturais sempre que tal seja possível, ter relações com as autoridades locais o melhor possível. No fundo, cada um na sua unidade, faz ações semelhantes. Compete ao Embaixador fazer uma coordenação, tecer um quadro geral, saber o que se vai passar no ano seguinte. Eu tinha acabado de chegar e queria dizer que quero deslocar-me a todas as concentrações mais populacionais em França, ter contactos com a Comunidade portuguesa, com as universidades e em particular quando houver aprendizagem do português, ter contacto com empresas locais que tenham contactos com Portugal, idealmente, nas circunstâncias em que haja algum evento cultural que diga respeito a Portugal. Todos nós ficamos satisfeitos quando há uma espécie de um programa e uma intenção. Continuo em rede a contactar os meus colegas.

 

O Governo organizou recentemente um Encontro de Cônsules Honorários e pediu-lhe uma maior contribuição, nomeadamente na promoção económica e na cultural. Também está a pensar reunir aqui os Cônsules Honorários de França?

Sim.

 

Qual é o balanço que faz destes primeiros 5 meses em França?

O posto é muito diferente de Pequim. Porque há realmente uma densidade de relações entre a França e Portugal que é difícil de comparar com outros países. Eu pergunto sempre aos meus interlocutores quantos voos há, por semana, entre a França e Portugal. E eu digo que já ultrapassámos os 600 voos semanais. Isso mostra que aquilo que nos escapa à nossa avaliação extintiva é impressionante. E como em França se está a viver um momento do protagonismo da França no contexto internacional, já reparou que estão a acontecer cada vez mais reuniões internacionais em Paris ou noutras cidades franceses. Há um acréscimo de iniciativas ou projetos informais que os Franceses convocam para aqui e isso significa que dizem-me que tem havido um incremento muito significativo de delegações que têm vindo de Portugal até Paris. Eu devo dizer que tenho tentado não perder a ideia de que é importante continuar a pensar a médio prazo os objetivos da Embaixada, mas ao mesmo tempo tenho que lidar com o dia a dia que é verdadeiramente avassalador. Nós temos acolhido delegações do Governo ou de instituições nacionais às duas e três por semana o que nos abriga a todos a ter uma capacidade de reação muito significativa.

 

Quantos diplomatas tem na sua equipa?

Mais 3. Mas a equipa no sentido genérico que trabalha – Aicep, Turismo, Cultura, Língua – é uma equipa maior, mas tínhamos de ter o dobro da dimensão para me contentar com aquilo que eu queria fazer aqui. Mas é evidente que também sei das limitações que existem nas finanças públicas e por isso temos de fazer o melhor que pudermos com os meios de que dispomos. Mas esta densidade de relações, o facto de Lisboa e Portugal estarem na moda para o turista francês, esta consolidação da ideia que Portugal embora seja um país pequeno, é um país global, com os sucessos que tem tido em afirmar-se globalmente, claro que nós tínhamos aqui pano para mangas se pudéssemos ter uma outra dimensão nesta pequena máquina aqui na Embaixada.

 

Qual a marca que gostava de deixar em Paris?

Essa ideia de marca ou de legado, não pode ser uma obsessão do último ano, nem tem de ser fixada ao princípio. Deve servir de inspiração. Para lhe dizer a verdade, o que eu verdadeiramente gostaria era que a relação entre Portugal e a França fosse cada vez mais complexa, que expandissem cada vez mais os campos do nosso relacionamento, que a dimensão científica e tecnológica tivesse uma outra dimensão, que a dimensão da cooperação, da economia azul tivesse uma outra dimensão e que o quadro que agora descreve a nossa relação, que tem uma dimensão assim, que quando eu sair daqui, tenha uma dimensão ainda maior. Eu acredito que as condições estão reunidas para ter uma expansão em todos os setores. Eu gostava de sair daqui com uma relação entre Portugal e a França o mais complexa e o mais densa possível.