Emigrantes lesados do BES voltam a manifestar-se em Paris a 17 de março

Os emigrantes lesados do ex-Banco Espírito Santo (BES) vão manifestar-se, no dia 17 de março, em frente à Embaixada de Portugal em Paris, às 11h00, e prometem recomeçar um ciclo de protestos na capital francesa.

A manifestação é organizada pelo grupo Emigrantes Lesados Unidos e visa «fazer pressão sobre o Banco de Portugal» e denunciar a falta de solução para os clientes que subscreveram os produtos financeiros EG Premium e Euroaforro 10, de acordo com Carlos Manuel Costa, um dos organizadores.

«A manifestação, em primeiro lugar, é contra o Banco de Portugal porque é responsável pelo que está a acontecer no sistema financeiro português já que houve vários bancos que foram à falência e até hoje nada foi controlado. Infelizmente, todos vamos pagar por isto», afirmou o português que vive há 40 anos em França.

O membro dos Emigrantes Lesados Unidos disse que «o mais grave nisto tudo são as pessoas que ainda não tiveram qualquer proposta», em referência aos clientes que subscreveram os produtos financeiros EG Premium e Euroaforro 10, para os quais o Novo Banco não apresentou proposta comercial.

«Há muitos lesados que têm produtos sem solução. Por causa disso, vamos para as ruas e chamamos essas pessoas para combater a ver se se consegue ter uma proposta decente», continuou.

Depois do acordo assinado, em agosto, para recuperar 75% do dinheiro investido e perdido no colapso do BES, Carlos Costa disse, também, que os manifestantes vão continuar a reclamar mais 31,7% do capital investido, a ser pago pelo Fundo de Resolução, caso sejam considerados credores comuns do BES.

«O banco fez uma nova proposta aos lesados, em 2017, de 75%, mas está em curso uma reclamação sobre os créditos do BES. Estamos à espera desses famosos 31,7% que esperamos recuperar um dia, mas, quando, a gente não sabe porque primeiro estão os grandes credores e nós vamos ser os últimos», explicou.

Em agosto de 2017, foi acordada uma proposta entre os emigrantes, o Novo Banco e o Governo para os 1.440 clientes que não aceitaram a primeira solução de 2015, com vista a recuperarem 75% do investimento ao longo de três anos.

Carlos Manuel Costa explicou que, até agora, os clientes receberam 60% do capital numa conta a prazo a cinco anos, «mas, no dia de hoje, ninguém pode mexer nesse dinheiro», o que criou desilusão em «muitas pessoas», mas «a luta vai continuar».

«Há muitas pessoas que estão desiludidas, mas dizem que é melhor que nada. As pessoas que assinaram em 2015 vão ter 90% e a gente andou a lutar três anos nas manifestações em França e Portugal e temos uma proposta a 75%. Há pessoas que estão desiludidas e há outras que não. Mesmo que não sejamos muitos na manifestação, as vidas das pessoas presentes estão destruídas e não temos nada a perder», sublinhou.

O emigrante de 50 anos, cuja mãe teve um AVC que atribui à perda das «poupanças de 40 anos em França», afirmou que são «centenas e centenas de pessoas com a vida destruída», por isso, «pessoalmente» não vai desistir e o grupo deverá organizar novos protestos em Paris: «Com certeza que vamos continuar, com certeza».