Empresas portuguesas ganham novos contratos com o Grand Paris e os JO de 2024

O projeto do Grand Paris e os próximos Jogos Olímpicos de 2024 vieram dar um impulso grande às obras públicas em Paris e na região parisiense. A Centralpose, uma empresa familiar da holding Machado & Filhos confirma que o volume de negócios tem “consideravelmente crescido desde 2014/2015” e que “os pedidos de orçamentos não param de chegar”, afirma Pascal dos Santos, Diretor da empresa.

A Centralpose nasceu em 1990 e é uma empresa especializada na aplicação de revestimentos superficiais. “Trabalhamos unicamente em obras públicas, não fazemos particulares” afirma Pascal dos Santos. Dos cerca de 130 trabalhadores da empresa, mais de 70% são lusodescendentes. O volume de negócios atinge os 15 milhões de euros e esta é a empresa líder do mercado no setor da pavimentação.

A Centralpose tem cerca de 25 obras de referência em matéria de transporte e mobilidade, tendo feito a pavimentação de uma grande parte dos tramways de França. “Temos outras obras de referência como é a Place de la République, em Paris, e acabámos recentemente a obra de La Halle Freyssinet [ndlr: Tolbiac], uma obra de 10 mil metros quadrados, com revestimentos que vinham aliás de pedreiras portuguesas” explica Pascal dos Santos ao LusoJornal.

Há três anos para cá, para além da aplicação, a Centralpose faz também o fornecimento de materiais. “Compramos a pedra em vários países do mundo, nomeadamente fazemos vir pedra da India. Também temos muitos fornecedores franceses, sobretudo se for imposto no caderno de encargos, e cada vez mais trabalhamos com pedreiras portuguesas”. O granito vem essencialmente do norte do país, “muito de Alpendurada e também de Évora”, mas o calcário vem essencialmente do centro do país. “Temos muitas pedreiras em Portugal que permitem abastecer o mercado francês e o setor está em plena expansão”.

Carlos dos Santos é Encarregado geral de obra. Chegou à Centralpose há cerca de 20 anos, começou como mão-de-obra, foi calceteiro, capataz, até chegar a Encarregado geral. Dirige atualmente a pavimentação do Quai Javel, em Paris, aos pés da Tour Eiffel. “Muita da pedra que aplicamos vem da China, mas a nossa pedra em Portugal é muito bonita, é a minha preferência” confessa ao LusoJornal.

Carlos dos Santos diz que “nós, os Portugueses, temos a arte na pedra no sangue” e já trabalhou em obras importantes noutras regiões de França, como por exemplo em Aix-en-Provence ou em Verdun. “Foram obras de dois anos de trabalho, com a aplicação de 20 mil metros quadrados de pedra no chão”.

Contudo, cerca de 80% das obras da Centralpose realizam-se na região parisiense, a partir de dois centros de produção, um em Brie-Comte-Robert (77) e outro em Epône (78), dirigido por Joaquim Machado.

Artur Machado, Joaquim Machado, Pascal dos Santos, Carlos do Santos,… a marca da casa é essencialmente portuguesa. “Somos líderes no mercado francês de revestimentos de pedra natural” explica Pascal dos Santos, “e a nossa reputação está nas competências das nossas equipas portuguesas” confessa o Diretor da empresa. “Os nossos trabalhadores dão uma imagem de Portugal e do saber lidar com a pedra natural que é muito importante e eles reconhecem-nos isso. O facto de termos equipas de aplicação portuguesas é uma marca de qualidade que é reconhecido pelos donos da obra. Ficam mais tranquilos em saber que têm uma maioria de pessoal português, é gente que conhece a pedra, que sabe trabalhar com ela e sabe resolver os problemas que possam vir a surgir e encontrar soluções adequadas à obra”.

Mas Pascal dos Santos refere outros pontos fortes da Centralpose. “Cada vez mais, os nossos clientes procuram empresas que possam desenhar, fornecer material, lançar os fabricos e aplicar com uma experiência e competência que possa trazer mais valia aos arquitetos”. Os clientes são autarquias francesas, mas são também empresas multinacionais como a Bouygues, a Eiffage e a Vinci. “Eles reconhecem a mais valia em lidar com empresas como nós, que temos algum enquadramento capaz de desenhar, assistir às reuniões e dar uma mais valia com o conhecimento que nós temos obtido ao longo destes anos. E sabemos ir buscar matéria prima ao estrangeiro”.

Carlos dos Santos também considera que “os Portugueses têm boa reputação neste setor” mas refere ainda que “somos nós que terminamos a obra”. “Nós somos respeitados porque somos nós que acabamos a obra, o que se vê é o nosso trabalho. Todos aqueles que passam antes de nós, podem fazer um bom trabalho, mas não se vê. Por isso é que o nosso trabalho é respeitado. Tem de ficar bonito” diz a sorrir.

A Centralpose só trabalha com trabalhadores instalados em França e só muito pontualmente recorre à subcontratação de empresas portuguesas com trabalhadores destacados. “Isso agora está muito bem regulamentado”. O Diretor da empresa refere contudo que “a lógica da Centralpose é trabalhar a 100% com pessoal que mora em França”.

Os Jogos Olímpicos estão a abrir muito mercado. “Vai haver muitas obras de beneficiação dos centros urbanos e estamos já com orçamentos em crescimento” garante Pascal dos Santos.

Mesmo se a empresa já é líder do mercado, os seus dirigentes querem que continue a crescer.

 

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