Fundação Gulbenkian lamenta morte de Coimbra Martins, antigo Diretor da Delegação em Paris

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A Fundação Calouste Gulbenkian lamenta a morte de António Coimbra Martins, escritor e diplomata que foi Diretor da delegação da instituição em França, entre 1997 e 1998, estando associado ao Centro Cultural Português, desde a sua criação em 1965.

António Coimbra Martins, antigo Ministro da Cultura, ex-Embaixador de Portugal em Paris, morreu na capital francesa, aos 94 anos.

Na nota de pesar enviada à Lusa, o Conselho de administração da Gulbenkian recorda que Coimbra Martins colaborou com a fundação desde 1962, data em que o seu Presidente José de Azeredo Perdigão o convidou para, com o professor catedrático Luís de Matos, “refletir sobre o conteúdo de uma biblioteca de referência de língua e cultura portuguesas para o Centro Cultural Português”, em Paris.

A Gulbenkian lembra ainda, que depois de inaugurado o centro, em 1965, foi António Coimbra Martins que organizou e enriqueceu a Biblioteca, tornando-se seu Diretor, que acumulou com as funções de Subdiretor.

“A riqueza da Biblioteca da delegação em França, hoje em dia uma das principais coleções de língua portuguesa fora de Portugal, na Europa, muito lhe deve. Coimbra Martins deixa uma obra escrita de referência sobre literatura portuguesa”, salienta ainda o Conselho de administração da Fundação Calouste Gulbenkian.

Formado em Filologia Românica pela Faculdade de Letras Universidade de Lisboa, especialista em literatura portuguesa e francesa, tradutor de Jean-Paul Sartre, foi professor e leitor de português em várias universidades francesas como as de Montpellier, Aix-Marseille e Paris. Por ocasião do 25 de Abril era encarregado de conferências da École Pratique des Hautes Études de Paris, e Mestre-assistente associado da Sorbonne.

Em Portugal, foi lecionou na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde regeu a cadeira de Literatura Francesa.

Entre os seus trabalhos destacam-se os “Ensaios Queirosianos” (1967) e “De Castilho a Pessoa: Achegas para Uma Poética Histórica Portuguesa” (1969), a par de investigações de caráter histórico como as reunidas em “Correia, Castanheda e as Diferenças da Índia” (1983) e “Em Torno de Diogo do Couto” (1985).

Na década de 1980, reuniu ainda “críticas, sátiras, discursos e depoimentos”, em “Esperanças de Abril”.

É o tradutor das obras de Jean-Paul Sartre ainda publicadas em Portugal na década de 1960 (“A Náusea”, “As Mãos Sujas”, “Os Sequestrados de Altona”) e de outros títulos que a censura proibiu, como “Sem Saída”, do pioneiro do Existencialismo, e “Jean de la lune”, do dramaturgo francês Marcel Achard.

Depois de aposentado, continuou o seu trabalho de investigação, frequentando regularmente a Biblioteca e participando nas atividades da Delegação da Fundação, em França, sublinha também a nota de pesar da Gulbenkian.

 

Ministra Graça Fonseca também evocou Coimbra Martins

Também a Ministra da Cultura, Graça Fonseca, lamentou a morte de António Coimbra Martins, “reconhecido intelectual, escritor, diplomata e político”, defensor dos “valores mais nobres da liberdade”, que considera “um dos grandes responsáveis pela projeção da cultura portuguesa”.

Graça Fonseca recorda o percurso de António Coimbra Martins, desde o nascimento, em Lisboa, no primeiro mês de 1927, ao seu afastamento da vida pública, já na viragem para os anos 2000.

“Foi um ilustre humanista e sonhador, um cidadão convicto e implicado com o seu tempo, que fez da cultura, do ensino e da política o seu modo de estar no mundo, num exemplar trajeto de vida sempre ancorado nos valores mais nobres da liberdade e do respeito pelo outro”, escreve a Ministra.

Em Paris criou o Centro Cultural Português, em 1965, através da Fundação Calouste Gulbenkian, recorda ainda Graça Fonseca. “Dividiria a sua vida entre Portugal e França, espraiando o seu talento e sabedoria, e revelando-se um dos grandes responsáveis pela projeção da cultura portuguesa além-fronteiras”, escreve a Ministra da Cultura.

Membro da Ação Socialista desde 1964, esteve na criação do Partido Socialista, em 1973. “Perante este reconhecido percurso, não lhe faltariam vários agraciamentos oficiais dos governos português e francês”, conclui a Ministra da Cultura.

 

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